Sete planetazinhos aconchegantes
A revista "Nature", conhecida por sua alta credibilidade, revelou uma magnífica descoberta dos cientistas: sete pequenos planetas, em torno de uma estrela pequena, tudo minúsculo em cotejo com a terra. Períodos orbitais de dias, não de danos, nesse reino liliputiano. O jornal O Estado de S. Paulo deu destaque especial ao fato nesta quinta-feira. Talvez estejamos a nos aproximar mais de nossos sonhos.
O gigantismo pode impressionar as vistas, mas o micro é preferível. Nada de enormes desertos, oceanos que por vezes se revoltam e causam tsunamis, homens que desenvolvem culturas diferentes, estranham-se e matam-se, tudo isso pode não ocorrer numa vida encerrada num pequeno círculo, tanto mais valioso quanto menor.
Guerras mundiais seriam impossíveis ou "fatais". As falas dos habitantes mais amenas, correspondentes ao espaço que possuem. O tempo é outro. Talvez não haja estações naturais, mas a existência sob condições ideais não precisam ser alteradas. Claro que temos outros costumes e estranhamos.
Mais. Nossos vizinhos. Não queiramos passar fins de semana neles. É hora de meditar sobre nós, o homem, o cosmo, e, sobretudo, sobre os outros. Quanto mais amplo o espaço em que devemos atuar, mais difícil a compreensão. Quanto mais o tempo flui, menos entendemos esse monarca do universo, amigo e inimigo, conforme circunstâncias nossas.
Além deles, haverá outros, nessa imensidão universal. O importante é nos preparamos para a convivência. Tenho pena dos beligerantes de carteirinhas que consideram todos os alienígenas nossos inimigos, manuseando conceitos deploráveis de nossa civilização terráquea. Basta não querermos ser os reis da cocada preta e estabelecer as bases de um diálogo criativo. Linguagem?
Também não a tínhamos. Creio que começaremos por contatos musicais e por explorações poéticas, pelo menos de nossa parte. Símbolos e manifestações corporais formam consciências e espíritos comuns, que se agregam ao longo de milhões ou bilhões de anos, tempo que devemos considerar nessas análises cósmicas.
Os cientistas e seus mantenedores sabem com certeza da existência de irmãos do espaço sideral. O motivo dos segredos talvez sejam os próprios homens, considerados ainda despreparados para manter contatos de primeiro e de outros graus, já que nossa filosofia é patrimonialista, da propriedade e da posse, não da vida interconectada sem esses limites de um universo primitivo.
Esqueçamos nossas bandeiras nacionais, expressões de nossas propriedades. Nossa intimidade, corpo e elétrons juntos, vale muito mais que tais manifestações. Nossos corpos não devem ser estendidos para coisas materiais que os ampliam num sistema solar que permitiu à Terra chafurdar-se em dois conflitos mundiais, enriquecer urânio, tirar óleo das entranhas do planeta e esboçar um estilo de vida massacrante e embrutecedor; que o digam os viciados em psicotrópicos e que só conseguem suportar-se com o auxílio de venenos.
Nesses planetazinhos, se ainda estiverem nas calendas gregas, poderemos contribuir para corrigir nossas filosofias, usar da experiência dolorosa para viver em paz e conforto espiritual como se vive, ainda, em pequenos e adoráveis povoados terrestres. E desenvolver civilizações menores - mais inteligentes e realizadas nesse novo sistema solar - nos astros a que logo daremos nomes - nós, pretensos senhores plenipotenciários do universo.
Amadeu Roberto Garrido de Paula, é Advogado e membro da Academia Latino-Americana de Ciências Humanas.
O gigantismo pode impressionar as vistas, mas o micro é preferível. Nada de enormes desertos, oceanos que por vezes se revoltam e causam tsunamis, homens que desenvolvem culturas diferentes, estranham-se e matam-se, tudo isso pode não ocorrer numa vida encerrada num pequeno círculo, tanto mais valioso quanto menor.
Guerras mundiais seriam impossíveis ou "fatais". As falas dos habitantes mais amenas, correspondentes ao espaço que possuem. O tempo é outro. Talvez não haja estações naturais, mas a existência sob condições ideais não precisam ser alteradas. Claro que temos outros costumes e estranhamos.
Mais. Nossos vizinhos. Não queiramos passar fins de semana neles. É hora de meditar sobre nós, o homem, o cosmo, e, sobretudo, sobre os outros. Quanto mais amplo o espaço em que devemos atuar, mais difícil a compreensão. Quanto mais o tempo flui, menos entendemos esse monarca do universo, amigo e inimigo, conforme circunstâncias nossas.
Além deles, haverá outros, nessa imensidão universal. O importante é nos preparamos para a convivência. Tenho pena dos beligerantes de carteirinhas que consideram todos os alienígenas nossos inimigos, manuseando conceitos deploráveis de nossa civilização terráquea. Basta não querermos ser os reis da cocada preta e estabelecer as bases de um diálogo criativo. Linguagem?
Também não a tínhamos. Creio que começaremos por contatos musicais e por explorações poéticas, pelo menos de nossa parte. Símbolos e manifestações corporais formam consciências e espíritos comuns, que se agregam ao longo de milhões ou bilhões de anos, tempo que devemos considerar nessas análises cósmicas.
Os cientistas e seus mantenedores sabem com certeza da existência de irmãos do espaço sideral. O motivo dos segredos talvez sejam os próprios homens, considerados ainda despreparados para manter contatos de primeiro e de outros graus, já que nossa filosofia é patrimonialista, da propriedade e da posse, não da vida interconectada sem esses limites de um universo primitivo.
Esqueçamos nossas bandeiras nacionais, expressões de nossas propriedades. Nossa intimidade, corpo e elétrons juntos, vale muito mais que tais manifestações. Nossos corpos não devem ser estendidos para coisas materiais que os ampliam num sistema solar que permitiu à Terra chafurdar-se em dois conflitos mundiais, enriquecer urânio, tirar óleo das entranhas do planeta e esboçar um estilo de vida massacrante e embrutecedor; que o digam os viciados em psicotrópicos e que só conseguem suportar-se com o auxílio de venenos.
Nesses planetazinhos, se ainda estiverem nas calendas gregas, poderemos contribuir para corrigir nossas filosofias, usar da experiência dolorosa para viver em paz e conforto espiritual como se vive, ainda, em pequenos e adoráveis povoados terrestres. E desenvolver civilizações menores - mais inteligentes e realizadas nesse novo sistema solar - nos astros a que logo daremos nomes - nós, pretensos senhores plenipotenciários do universo.
Amadeu Roberto Garrido de Paula, é Advogado e membro da Academia Latino-Americana de Ciências Humanas.
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