Pode ser estresse...
O estresse, que subjetivamente seria a angústia, é uma reação do organismo para se livrar de algo que excede emocionalmente e que não pôde ser elaborado mentalmente. A forma de se livrar neste caso é através de sintomas. A criança possui um aparelho psíquico em desenvolvimento. O estresse infantil pode ser notado através de alguns sinais como o terror noturno, pesadelos, irritabilidade, choro excessivo sem motivo aparente, insegurança, medo, dificuldade nas relações interpessoais, dificuldade de concentração, insônia, agressividade. Os sintomas também podem ser físicos como a fadiga, tique nervoso, bruxismo, falta de apetite, apetite excessivo, dores de cabeça frequentes, gagueira, xixi na cama, entre outros.
Desde muito cedo, esse estresse pode ser notado. Os bebês já podem apresentar sinais de que algo não vai bem através do choro excessivo, da dificuldade de alimentação, evacuação e sono. Podemos perguntar o porque das crianças sofrerem de estresse. A criança possui um aparelho psíquico incipiente, portanto, sem competência emocional para lidar com determinadas situações, e por isto precisa do apoio de um adulto que se disponibilize afetivamente para acompanhá-la. É importante tentar compreender o que está acontecendo com a criança; estar atento 'as suas brincadeiras, seus desenhos, dar apoio emocional, conversar, ficar atento aos sinais de estresse e buscar tratamento psicológico.
As crianças estão mais vulneráveis ao estresse pela precariedade de seu aparelho psíquico. Além dos sintomas que podem surgir repetidamente - dores de garganta- insônia - dores de cabeça, entre outros; a criança pode desenvolver doenças dermatológicas e doenças alérgicas. É necessário que os pais acompanhem de perto os filhos através da conversa e do brincar e estejam atentos às oscilações emocionais, às mudanças bruscas de atitudes, aos sintomas físicos e psicológicos e a qualquer sinal que demonstre a interrupção da continuidade de seu desenvolvimento emocional. Caso a criança apresente sinais de sofrimento psíquico devem procurar um especialista.
Um ponto extremamente importante é a presença da tecnologia, excessiva, na vida da criança, podendo sim, contribuir para o estresse infantil, afinal, tudo em excesso não deve ser considerado como saudável.
A tecnologia pode ser util se utilizada com limites, respeitando a faixa etária da criança e não substituindo o contato físico. É através do relacionamento interpessoal, dos vínculos, das experiências emocionais vivenciadas com o outro, e das atividades lúdicas que podem ser desenvolvidos os laços afetivos. A criança precisa interagir com o ambiente e não só ficar conectada a tecnologia.
A rotina excessiva de atividades, sem que haja tempo livre para a criança brincar; ambiente disfuncional onde haja conflito dos pais; ausência de limite – o limite ajuda a criança a se sentir protegida e segura; podem ser alguns motivos para o desenvolvimento do estresse infantil.
RENATA BENTO - Psicóloga, especialista em criança, adulto, adolescente e famÍlia. Psicanalista, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro. Perita em Vara de Família e assistente técnica em processos judiciais. Filiada a IPA - Internacional Psychoanalytical Association, a FEPAL - Federación Psicoanalítica de América Latina e a FEBRAPSI - Federação Brasileira de Psicanálise
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