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Apesar de Brasil ainda produzir muito lixo e reciclar pouco, boas práticas fazem a diferença

 Das quase 80 milhões de toneladas de resíduos sólidos gerados no País, só no ano de 2018, 30% tinha grande potencial de reciclagem, mas apenas 3% foi efetivamente aproveitado, conforme relatório da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe)

Divulgação

Reciclar, reciclar e reciclar, mais do que uma ideia politicamente correta, isso precisa ser um mantra para as gerações de hoje e de amanhã, se quisermos preservar os já escassos recursos naturais. De acordo com dados mais atuais da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o Brasil gerou, em 2018, 79 milhões de toneladas de lixo. Deste total de resíduos produzidos, 30% tinha grande potencial de reciclagem, porém somente 3% foi de fato reciclado. 

Esses baixos percentuais em relação à reciclagem no País, podem ser explicados, em grande parte, pela falta de conscientização da própria população ao descartar inadequadamente seu lixo e também pelas escassas ações públicas e privadas voltadas para o devido tratamento dos resíduos sólidos, mas iniciativas, ainda que pontuais, fazem a diferença. 

Uma dessas poucas e louváveis iniciativas privadas ocorre no município de Hidrolândia, a 36 quilômetros de Goiânia e é desenvolvida pela Marajoara Laticínios em parceria com a Copel Recicláveis. Há dez anos as duas empresas mantêm uma central de reciclagem exclusiva para coleta e pré-tratamento de resíduos sólidos secos, que incluem papel, papelão, plásticos e embalagens longa vida. 

Ao todo são dez toneladas mensais de material reciclável que é coletado, armazenado e transformado em mercadoria para as indústrias de reciclagem. “Funcionamos como um atacadista reverso dos resíduos sólidos e secos produzidos pela indústria da Marajoara. Essa parceria alimenta várias indústrias da reciclagem, que em sua grande maioria, ficam nos Estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraná”, explica Roberto Domingos Junior, diretor da Copel.

Ele acrescenta que dentro desse setor produtivo da reciclagem há indústrias específicas para cada tipo de material. Então há empresas que reciclam só papelão, outras que trabalham apenas com plásticos, as que reciclam as embalagens longa vida, e outras que reciclam alumínio e vidro. Esses materiais, segundo esclarece Roberto Júnior, são reciclados e transformam-se em diversos tipos de matéria prima, que são usadas para fabricar uma infinidade de produtos.

O papel, papelão e o plástico, por exemplo, são processados e transformam-se em novos itens feitos do mesmo material. Já as embalagens longa vida, que são compostas essencialmente por celulose, plástico e alumínio, recebem um tratamento diferente, conforme explica o sócio da Copel. “A celulose, que é tirada dessa embalagem durante a reciclagem, vira um novo papel. Já o plástico e o alumínio são usados para a composição de vários produtos, como por exemplo, capas de livros, de cadernos e revestimentos para pisos e paredes. Mas uma destinação que tem sido bem  usual no Brasil é para a fabricação de telhas ecológicas, feitas com o plástico e o alumínio retirados das caixinhas. Elas têm ganhado um grande espaço no mercado de materiais de construção, pois além de mais baratas do que as telhas convencionais de argila, têm uma grande propriedade de isolamento térmico”, explica o executivo da área ambiental.

Ganho ambiental

De acordo com administrador de empresas e especialista em Gestão Ambiental, Fabricio de Freitas Domingos, que também é diretor da Copel, os ganhos ambientais gerados pela reciclagem são enormes. “Ao reciclar seus resíduos gerados, o Marajoara colabora com a diminuição na extração de recursos naturais, com aumento da vida útil dos aterros, e contribui com uma menor poluição, evitando assim a emissão de gases causadores do efeito estufa”, pontua o executivo.

Para demonstrar esse ganho ambiental, Fabrício toma como exemplo o papelão, que é o material com o qual a Central de Reciclagem da Marajoara mais trabalha. “Levando em consideração que para fabricar uma tonelada de papelão é necessário ao menos 11 árvores de grande porte, com as sete toneladas por mês que coletamos e reciclamos é possível estimar que quase 80 árvores  deixam de ser derrubadas por mês graças a essa ação. Por ano então são, em média, quase mil árvores poupadas, fora outros resíduos que, ao serem reciclados, deixam de contaminar o meio ambiente”, descreve Fabrício.

O executivo avalia que os números de reciclagem no Brasil poderiam ser bem maiores, se houvesse mais campanhas de conscientização para engajar a população. “A estimativa é que cada brasileiro gera, em média, 387 quilos de lixo por ano, mas apenas 3 % é de fato reciclado”, afirma.

Mais ações sustentáveis

De acordo com o gerente industrial da Marajoara, Antônio Júnior Vilela, a central de reciclagem mantida no parque industrial da empresa é apenas uma das várias ações de sustentabilidade desenvolvidas pela marca. “Temos, como uma de nossas missões, ser uma empresa ambientalmente sustentável. Buscamos diariamente cumprir esse compromisso de ter zero de resíduos descartados na natureza de forma inadequada”, destaca o gerente.

Ele lembra que, além da central de reciclagem, a Marajoara possui sua própria ETE (Estação de Tratamento de Efluentes), que trata toda a água residual gerada pela indústria. “Esses efluentes tratados em nossa ETE geram uma biomassa que é fornecida como adubo para alguns pequenos produtores rurais, que temos cadastrados aqui em Hidrolândia. E recentemente, inauguramos um sistema de fertirrigação que usa essa água tratada pela ETE no cultivo de pasto e para a manutenção do lençol freático. Com isso,temos um aproveitamento de 100% dessa água residual, que após tratada tem um índice de pureza superior a 90%, o que é bem mais do que os 70% exigido em lei”, revela Antônio Júnior.

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