O ESG sendo acelerado pela tecnologia
*Marcus Nakagawa
Nestas últimas semanas
de junho, o mês do Meio Ambiente, participei de vários debates e lives com empresas,
acadêmicos e governos, ou seja, para os mais variados públicos. Fico muito
feliz pela oportunidade e pela temática do ESG (Ambiental, Social e Governança,
acrônimo ASG em inglês) estar cada dia mais em alta.
Foram diálogos muito
produtivos, entretanto, ainda precisam ser inseridos no dia a dia das
organizações, escolas, governos, casa das pessoas etc. É necessário avançar
nesse processo, pois estamos na década da ação da Agenda 2030 da ONU, com os
nossos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Um dos pontos que muito
se questiona é o quanto a tecnologia pode acelerar o método de utilização nos
processos e projetos, nas empresas e no governo. Neste caso, o livro “Como
Evitar um Desastre Climático”, de Bill Gates, fundador da Microsoft, traz cinco
perguntas para falar do clima: Como ligamos as coisas na tomada? Como
fabricamos as coisas? Como cultivamos as coisas? Como transportamos as coisas?
Como esfriamos e aquecemos as coisas?
Fantástico uma das
pessoas mais ricas do planeta, que teve toda a sua trajetória mudando o mundo
por meio da tecnologia, transformando o modus
operandi da forma de trabalhar, criando um império em cima de bits e bytes, ter passado
mais de dez anos estudando as causas e os efeitos das mudanças climáticas. E o
bacana é que ele teve acesso aos principais especialistas mundiais para debater
e ainda se preocupou em colocar de uma forma bem fácil de entender as repostas
dessas perguntas.
Será que pessoas como
ele, envolvidas nessa temática, podem abrir “janelas” (trocadilho para Windows)
para que possamos nos desenvolver de forma inclusiva, acessível e justa,
preservando e regenerando o planeta?
Essas cinco perguntas
acima servem para nos questionarmos pessoalmente e perguntarmos para todas as
empresas e governos. Mais do que isso, ir atrás dessa temática como uma
oportunidade de negócios e melhorias dentro das companhias, não esquecendo que
os grandes investidores estão de olho em perfis organizacionais que aprimoram
sempre os seus indicadores de ESG.
Pensando nesses
desafios como oportunidades, o Distrito Dataminer ratifica esse raciocínio na
pesquisa com o título Inside ESG Tech, de 2021, explicando as questões atuais e
entrevistando vários profissionais da área. Além disso, o relatório do estudo
mostra um mapeamento totalizando 740 startups que estão trabalhando e tendo
impacto diretamente em algumas das áreas do ESG.
Em 2000, eram somente
23 startups. Atualmente, no tema Social são 36% de startups, no Ambiental 35% e
29% na Governança, sendo que na última década as 260 startups sociais receberam
aproximadamente 1 bilhão de dólares.
Ainda nesta pesquisa,
aparecem muitas dessas startups trabalhando para resolver problemas sociais,
ambientais e de governança das empresas, ou seja, no B2B. Sendo que 17,4% delas
são para as questões de água e energia e 14,52% para Martech, diversas soluções
para o relacionamento, comunicação e transparência com os consumidores,
indicador importante relacionado ao social no ESG.
E, finalizando, o
estudo apresenta empresas na área ambiental, como a Moss.Earth, fintech em
crédito de carbono tokenizado; a Trashin, uma cleantech focada na gestão de
resíduos 360 graus.
No social, apresenta a
Zenklub, plataforma on-line que presta serviços de bem-estar e saúde emocional
dentro das empresas; Opinion Box, startup de pesquisa digital dedicada às
soluções de pesquisa de mercado; Incentiv.me, que atua na área de inovação
tributária, criada para incentivar projetos de impacto social por meio da
transformação dos impostos, em investimentos que gerem benefícios para a
sociedade.
E na área de governança
está descrito a Egalitê, que auxilia as pessoas com deficiência a entrarem no
mercado de trabalho, além de as empresas a cumprirem a lei de cotas com um
recrutamento assertivo; a Datarisk, que oferece uma plataforma de modelagem
preditiva focada na concessão de créditos e análises de dados para gestão de
riscos dos investimentos das empresas; a Ecotrace, que foca na rastreabilidade
de alimentos ao longo da cadeia produtiva no Agronegócio; Eureciclo, que fica
como o braço de compliance
de logística reversa da New Hope Ecotech; e a Plataforma Verde, especializada
no gerenciamento de resíduos por meio de blockchain.
Ótimos exemplos para
respondermos às perguntas do Bill Gates e termos esperança de que conseguiremos
sim, aliar a tecnologia ao ESG. Porém, precisamos acelerar e investir mais em
empresas como essas. Mais do que isso, educar e informar uma quantidade maior
de pessoas, sobre o movimento do desenvolvimento sustentável e a importância da
tecnologia.
E você e a sua empresa,
o que estão fazendo?
* Marcus Nakagawa é
professor da ESPM; coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental
(CEDS); idealizador e conselheiro da Abraps; idealizador da Plataforma Dias
Mais Sustentáveis; e palestrante sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo
de vida. Autor dos livros: Marketing para Ambientes Disruptivos, Administração
por Competências e 101 Dias com Ações Mais Sustentáveis para Mudar o Mundo
(Prêmio Jabuti 2019).
www.marcusnakagawa.com, www.blogmarcusnakagawa.com;
@ProfNaka
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