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Dia do Patrimônio Cultural: relembre grandes casos de incêndio e como proteger obras históricas

No dia 17 de agosto é comemorado no Brasil o Dia Nacional do Patrimônio Cultural. A data marca o nascimento de Rodrigo Melo Franco de Andrade, o primeiro presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), grande defensor da memória brasileira.

O Iphan tem importante papel na preservação e valorização dos bens móveis e imóveis da cultura brasileira. No entanto, há diversas variáveis e cuidados com monumentos e obras, imprescindíveis para que se mantenham preservados ao longo do tempo. 

Nos últimos anos temos exemplos de casos de fogo em importantes construções históricas do Brasil, como:

2013 - Memorial da América Latina

Destruiu em 29 de novembro de 2013 os interiores do auditório Simón Bolívar, parte integrante do complexo do Memorial da América Latina, deixando 11 bombeiros feridos. Além do prédio, a principal obra atingida foi uma tapeçaria da artista Tomie Ohtake, que recobria inteiramente uma de suas paredes.

2015 - Museu da Língua Portuguesa

Em 21 de dezembro de 2015, atingiu principalmente a torre do museu, instalado no prédio da Estação da Luz. Deixou uma vítima e, além de destruir parcialmente o imóvel, consumiu todo seu acervo, em sua maioria, digital.

2016 - Cinemateca Brasileira

No dia 3 de fevereiro de 2016, um incêndio – o quarto na história da cinemateca – atingiu um dos galpões do conjunto e parte do acervo foi atingida. Segundo nota do Ministério da Cultura (MinC), mil rolos de filme foram destruídos, dos quais 17 eram curtas-metragens, e o restante de cinejornais, totalizando 731 títulos de obras cinematográficas. 

2018 - Museu Nacional

Em 2 de setembro de 2018, o Museu foi destruído por um incêndio de grandes proporções, consumindo 90% do acervo do Museu Nacional, no que já é considerado a maior tragédia museológica do Brasil.

2020 - Museu de História Natural da UFMG

Em 15 de junho de 2020, um incêndio atingiu parte da reserva técnica do acervo do museu. Duas das salas afetadas foram gravemente danificadas por fumaça e fuligem, enquanto outras “suportaram” o peso das chamas. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o fogo se alastrou para o telhado do Museu, mas foi controlado. Embora não tenha registro de vítimas, parte do material fóssil foi atingido. As paredes da edificação também ficaram comprometidas.

Além dos diversos erros apontados pelos especialistas que avaliaram esses casos de incêndio, como precariedade das instalações elétricas e fiações expostas, um ponto em comum é que esses museus muitas vezes não contavam com uma rede de sprinklers, um dos principais e mais confiáveis sistemas de combate a incêndio disponíveis. Este equipamento é considerado um dos mais eficientes no controle de incêndios, pois de forma automática combate as chamas ainda no início, evitando que o fogo se alastre na edificação. Existe um mito "hollywoodiano" que todos os sprinklers irão abrir e molhar tudo, e que serão perdas terríveis provocadas pela água, no entanto isso acontece somente nas telinhas do cinema. Os registros indicam que em um sistema de sprinkler convencional, irá operar de 1 a 3 sprinklers no combate do incêndio.

“Junto à outras medidas, como saídas de emergências amplamente sinalizadas, extintores portáteis e hidrantes, por exemplo, o sistema de chuveiros automáticos - conhecido popularmente pelos engenheiros como ‘sprinklers’ - ajuda a evitar a perda do patrimônio e, principalmente, a salvar vidas. É um dos componentes de maior importância de uma rede de combate a incêndio, pois tem a capacidade de inibir a propagação das chamas e, consequentemente, tragédias com incêndios de grandes proporções”, explica Felipe Melo, presidente da Associação Brasileira de Sprinklers.

Os sprinklers são fabricados com compostos metálicos resistentes à altas temperaturas, e em alguns casos revestidos de uma cobertura resistente à corrosão, e possui uma espécie de “gatilho”, um elemento termo sensível, conhecido como bulbo ou link fusível. O bico do sprinkler é rosqueado a uma tubulação pressurizada e permanece fechado por uma tampa travada pelo elemento termo sensível. Quando o modelo é de bulbo, um líquido interno se expande a uma determinada temperatura, de maneira que a cápsula seja rompida quando um incêndio for percebido,  liberando o fluxo de água pontualmente no foco do incêndio. O mesmo ocorre com o modelo com link fusível, sua operação ocorre pelo derretimento de uma liga de solda que trava a tampa do sprinkler. É importante ressaltar que os sprinklers são um dos componentes principais do sistema e que passam por processos rigorosos de certificação para garantir sua performance de funcionamento.  

De acordo com Felipe Melo, se instalado de maneira correta e com manutenção em dia, o sprinkler entra em operação automaticamente, liberando água de forma rápida e de maneira uniforme, atingindo uma área aproximada de 16m², propiciando tempo de fuga para os ocupantes do local. Além de evitar do alastramento do fogo, consequentemente, o sprinkler também ajuda a evitar a propagação de fumaça tóxica e falta de visibilidade. E é primordial que profissionais competentes e empresas especializadas estejam envolvidas do início ao fim do projeto.

Segundo Marcelo Lima, engenheiro e associado da ABSpk que esteve à frente do projeto de combate a incêndio na reforma do Museu da Língua Portuguesa, há uma ideia errônea de que os sprinklers possam danificar o acervo de obras-de-arte, no entanto, incêndios causam danos ainda maiores e muitas vezes irreversíveis. 

"Temos no Brasil um triste histórico de incêndios em patrimônios históricos. Como exemplo, temos os casos de fogo no Museu Nacional, no Liceu de Artes e Ofícios, no Memorial da América Latina e o próprio Museu da Língua Portuguesa, todos estes locais foram catastroficamente afetados e destruídos. Podemos até reconstruir o prédio, mas ainda assim continua sendo uma perda para a humanidade", completa Marcelo.

Sobre a ABSpk

A Associação Brasileira de Sprinklers, fundada no início de 2011, nasceu com o objetivo básico de fomentar o uso de sprinklers no mercado nacional. Sua função é promover a discussão, bem como implementar ações, no intuito de que todo sistema de sprinkler, projetado, instalado e mantido, no Brasil, seja tratado de maneira técnica, profissional e ética.

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