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O que será da educação quando a AI se fundir com a inteligência biológica?

Engenheira de software, Erika Twani se dedica à aplicação da tecnologia na educação e possui projetos implantados em escolas de vários países

Divulgação
Quem chama atenção à pergunta do título é a autora do livro Becoming Einstein's Teacher” (Tornando-se Professor de Einstein), a engenheira de software Erika Twani, que trilha o caminho da educação. Nessa área busca promover inovações dentro e fora do país, o que lhe rendeu vasta experiência em sistematização de metodologias de aprendizagem e projetos em escolas de vários países, inclusive públicas. O livro, escrito em inglês, está disponível nas livrarias do país.

Com uma carreira dedicada à aplicação da tecnologia na educação, passou por players do mercado como Microsoft e Oracle. Na empresa de Bill Gates, foi diretora da indústria de educação, cargo no qual capitaneou um programa responsável pela capacitação de 90 mil professores no uso da tecnologia em diversas partes do mundo.

Parte do seu trabalho se divide entre o Brasil, onde é sócia da rede Escola da Serra (BH), e os Estados Unidos, país em que lidera a Learning One to One Foundation, organização que atua no desenvolvimento humano combinando, além da tecnologia, neurociência, filosofia, psicologia e pedagogia.

Ao indagar sobre a junção entre a inteligência biológica e inteligência artificial (AI) no contexto da educação, Erika frisa a necessidade de uma mudança urgente no modelo de ensino brasileiro, cujo padrão de aprendizagem está ultrapassado e desconectado com os desafios do século 21.

Na inteligência biológica, explica ela, temos os neurotransmissores como a dopamina, responsável por regular a sensação de bem-estar e prazer, podendo desencadear a repetição de determinados tipos de comportamento. Isso porque, à medida que cresce o nível de satisfação mais dopamina é liberada pelo organismo.

O mesmo acontece no caso da inteligência artificial, que desempenha um papel importante no avanço da tecnologia. Presente em quase tudo que fazemos no dia a dia, ela ajuda o cérebro a estimular os neurotransmissores. Mas por trás dos benefícios gerados ao organismo, a AI objetiva induzir o indivíduo a novos comportamentos, criando um ciclo de retroalimentação. As redes sociais são um bom exemplo desse mecanismo sutil.

“Trata-se de um processo que torna os indivíduos vulneráveis, pois a atenção é sequestrada, por exemplo. Durante uma reunião, a pessoa se preocupa mais com o telefone que vibrou do que com o encontro”, afirma Erika. 

Ela defende que, para aprender a lidar com esse tipo de mecanismo, que vai minando a capacidade de decisão, os indivíduos precisam desenvolver o chamado controle cognitivo, processo no qual, embora o cérebro seja recompensado com a dopamina estimulada pela AI, a pessoa desenvolve a autonomia para promover suas escolhas.

E como alcançar o controle cognitivo? Segundo Erika, trabalhando a aprendizagem autônoma de crianças e jovens, de modo que se tornem capazes de construir o próprio conhecimento e estabelecer propósitos. “Quando o aluno conecta os sentimentos ao cérebro surge a motivação intrínseca. Ou seja, o que o move não é a nota nem o vestibular, mas seus objetivos de vida”, diz.

Como a tecnologia é um caminho sem volta e vivemos atualmente um cenário que até pouco tempo atrás nos remetia à ficção científica, Erika reforça a importância de a educação básica preparar indivíduos para que possam enfrentar as demandas dos novos tempos. 

“Como profissionais da educação, é nossa responsabilidade desenvolver a autonomia e o controle cognitivo dos alunos de hoje, pois eles terão que tomar decisões em um mundo que está se desenvolvendo muito mais rápido do que imaginávamos. A inteligência artificial vai nos ajudar, mas temos que ser inteligentes para saber usá-la nesse novo mundo”, complementa. Para conhecer mais sobre o trabalho de Erika acesse: www.erikatwani.com e www.escoladaserra.com.br.

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