Sem tecnologia inclusiva não existe inovação
Mais do que inovar em produtos, é preciso repensar a forma de saber fazer e, desta forma, contribuir para percepções e construção de novas realidades
Há anos que a tecnologia vem pautando o ritmo da sociedade. A todo o momento novas ferramentas e aplicativos surgem com a proposta de facilitar o dia a dia, conectar pessoas e transformar cenários.
A pandemia, sem dúvida, acelerou o processo de digitalização da sociedade, mudou comportamentos e ressignificou, em especial, a relação de consumo dos brasileiros. Muitos se viram obrigados a confiar no processo e “se arriscar” nas compras on-line. Para parte da população, que já estava acostumada com esse universo, foi apenas mais uma imposição da pandemia. Porém, para aqueles que tiveram a experiência pela primeira vez, a transição pode ter sido dolorida e, a longo prazo, gerará impactos que iremos descobrir e trabalhá-los ao longo dos próximos anos.
A tecnologia é um caminho sem volta. E como ser inclusivo em um mundo tão ágil e digital? Engana-se aquele que atribui a inclusão digital apenas a um segmento de público, por exemplo, aos mais seniores. Em um país com tantas nuances, cultura e pluralidade, há milhões de pessoas que ainda estão em uma realidade analógica, ou que, por diversos motivos, não tiveram acesso às novas tecnologias.
Dados da PNAD Contínua do IBGE mostram que 81% da população com mais de 10 anos têm celular para uso pessoal. Contudo, o mesmo estudo ainda revela uma grande parcela de pessoas, cerca de 25% dos brasileiros, sem acesso à internet. Uma balança curiosa e que nos convida a refletir sobre como as marcas e a sociedade em si estão trabalhando para equilibrá-la.
Incluir digitalmente passa pelo acesso irrestrito. Não é apenas ter o equipamento de última geração. É dar educação e treinamento para as pessoas desenvolverem habilidades e criarem condições para facilitar o processo de aprendizagem - de forma respeitosa e atenciosa -, com uma comunicação clara e dirigida ao “fazer parte”.
Mais do que inovar em produtos, é preciso repensar a forma de saber fazer e, desta forma, contribuir para percepções e construção de novas realidades. Não há espaço para a falta de inclusão, é urgente rediscutir, aprimorar e encontrar formas de ter a inovação aliada à inclusão, tendo a tecnologia como meio e não como fim de processos. Nos dispomos diariamente a esse desafio.
*Carlos Soares é CEO e cofundador da Obabox, uma das principais marcas do comércio eletrônico brasileiro para a comercialização de produtos inovadores e soluções criativas para o dia a dia.
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