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SKILLING: Variante Delta e impacto na economia, demanda de petróleo menor; previsão frustrada do PIB brasileiro; alta do dólar contra moedas homólogas

*Por José Giraz, analista de mercado financeiro e diretor da Skilling para LATAM

A última sexta-feira encerrou com Wall Street fechando a semana em positivo, com destaque para a recuperação de 200 pontos do índice Dow Jones Industrial, após um fraco desempenho semanal e após os anúncios do Federal Reserve dos Estados Unidos (Fed) sobre um possível corte do estímulo planejado antes do final de 2021. Enquanto o DJI encerrou com queda semanal de 1,1%, o S&P 500 e a tecnologia Nasdaq perderam 0,6% e 0,7%, respectivamente.

No mercado financeiro, a incerteza persiste entre os investidores após os anúncios do Fed, considerando que pode ser uma decisão muito precoce tendo em vista que o avanço da cepa Delta continua nos Estados Unidos. Estima-se que mais de 85% das infecções provêm da variante e, portanto, discute-se se uma terceira dose de vacinação será necessária para interromper o aumento das infecções. Segundo especialistas, como o banco americano Goldman Sachs, o avanço da pandemia está impactando o consumo e a produção, tirando as possibilidades de crescimento sustentado da economia americana.

Nesta semana, todos os olhos estarão voltados para o simpósio econômico anual de Jackson Hole, onde o presidente do Fed, Jerome Powell, falará na sexta-feira, 27 de agosto. Espera-se que a autoridade máxima da entidade monetária forneça mais pistas sobre quais serão os próximos passos que o banco central irá tomar.

Em nível macroeconômico, destacam-se os seguintes eventos:

Os números do PMI de manufatura e serviços da Alemanha, do Reino Unido e da Zona do Euro, o PIB anual do segundo trimestre da Alemanha, o índice IFO de confiança empresarial de agosto da Alemanha e as Ordens de Bens Duráveis dos EUA. São também consideradas muito importantes a Ata da última reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) e os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre dos Estados Unidos.

Dólar: O dólar alcançou altas de 9 meses e meio contra suas principais moedas homólogas na última sexta-feira, após um aumento dos temores sobre a Covid-19 e como isso pode afetar a economia mundial. O Dollar Index (DXY), índice que mede a força do dólar em relação às moedas do G7, alcançou 93.597 pontos pela primeira vez desde novembro de 2020. Na semana, fechou com alta de 1%, um pico de dois meses.

Petróleo: o petróleo enfraqueceu por conta da aversão ao risco, registrando a maior queda semanal dos últimos 9 meses. O temor de que o avanço da cepa Delta reduza a demanda por hidrocarbonetos gerou fortes correções no futuro do ouro negro. Em alguns países, eles reforçaram as medidas de contenção do vírus, como é o caso da China, principal consumidor mundial de petróleo bruto, que impôs medidas rígidas de desinfecção nos portos, causando congestionamento na entrada e no abastecimento de mercadorias. Outro fator gerado pelo endurecimento das medidas é o fechamento de fronteiras que ocasionou a redução da demanda de combustível pelas empresas aeronáuticas. Para esta semana, o ouro negro pode dar continuidade ao declínio tanto do West Texas quanto do Brent. Em ambos os casos, os pisos a considerar são de US$60 e US$64 para WTI e Brent. Se o rebote for confirmado, as resistências estão em $65- $66 para Brent, e $63,3- $64,00 para o WTI.

Ouro: o metal precioso fechou a semana sem grandes variações de preço, apesar da valorização do dólar norte-americano. Por um lado, o dólar parece ter impulso devido às perspectivas de que o Fed reduza os planos de estímulo, enquanto o ouro também encontra apoio após o avanço da variante Delta que impulsiona uma maior demanda por ativos portos-seguros. Para esta semana, o dólar pode vencer a queda de braço e exercer maior pressão sobre o ouro para desistir de posições. Se o enfraquecimento do metal amarelo se confirmar, teremos respaldo em 1778, patamar que, se perdido, levaria a commodity à faixa de 1771-1770 dólares por onça.

Real: o dólar caiu na última sexta-feira, embora tenha atingido o pico na marca dos 5,47, o que provocou reação no mercado. Finalmente, fechou em 5.385, o que representa uma queda de 0,70% após um dia de mercado de alta volatilidade. A semana foi particularmente forte para a moeda americana, uma vez que as preocupações com a situação fiscal estão em destaque, juntamente com o cenário político. A expectativa de redução dos estímulos financeiros nos EUA também afetou a moeda brasileira. Além disso, as commodities têm sido um fator crucial para o real brasileiro. Algumas dessas matérias-primas atingiram preços altíssimos recentemente, como o ferro no mercado, por exemplo. Outra influência tem sido a frustrada previsão do PIB de 5,3%, no país, enquanto a economia global caminha para uma média de 7%.

Peso mexicano: foi uma semana muito difícil para o peso por causa do fortalecimento do dólar. A moeda mexicana caiu 2,5% na semana, caindo mais de 1%, para 20,42 pesos por dólar. Além do fortalecimento do dólar, a queda dos preços internacionais do petróleo desempenhou um papel importante na queda do peso. Nos próximos dias, a taxa de câmbio pode continuar em queda, não descartando correção até 20,00-19,90. No aspecto macroeconômico, destacam-se as publicações das Vendas no Varejo de junho, do IPC de agosto e do PIB anualizado do segundo trimestre.

Peso colombiano: o enfraquecimento dos preços internacionais do petróleo e o fortalecimento do dólar enfraqueceram o peso colombiano, que fechou a semana anterior cotado a $3.876 em média. Estamos em um nível de consolidação; essa área deve ser listada para que a taxa de câmbio continue com tendência de alta. A meta de alta está em 3.902 e 3.928. Se estes níveis forem atingidos, o peso colombiano atingirá o máximo registrado em julho. No caso de uma alta do peso, o suporte está em 3.837. No nível macro, nenhum dado relevante será publicado, o que significa que a evolução do peso dependerá principalmente de fatores internacionais.

Negociar produtos financeiros com margem acarreta um alto grau de risco e não é adequado para todos os investidores. Certifique-se de compreender totalmente os riscos e de tomar os devidos cuidados para gerenciá-los.

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