28 de setembro - Dia do Vaqueiro: um profissional que faz a diferença no campo
Vaqueiro responde diretamente pelos cuidados com o rebanho bovino. No dia de celebrar esta importante profissão, que também é um símbolo da cultura sertaneja no Brasil, veja como uma de suas funções, a ordenha, evoluiu ao longo dos anos
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Profissional de
extrema importância no campo, especialmente no que diz respeito à lida com o
gado, podemos dizer que o vaqueiro é a nossa versão nacional do cowboy
americano. Dependendo da região do País, ele também pode ser chamado de
boiadeiro, gaúcho ou simplesmente peão.
A ocupação de vaqueiro surgiu ainda nos tempos do Brasil Colônia, quando as
primeiras cabeças de gado bovino foram introduzidas pelos colonizadores
portugueses nos sertões nordestinos, fato que explica a origem do nome
vaqueiro. Mas apesar de antiga, foi somente em 2013 que a profissão foi enfim
regulamentada no País.
Mais do que uma simples profissão, o vaqueiro é também um dos principais
elementos da cultura sertaneja do Brasil, por isso quem se dedica à tal
ocupação aprende o ofício por meio das tradições orais, passadas de geração em
geração. “Eu e meus irmãos, desde pequenos, sempre acompanhamos o nosso
pai, que sempre trabalhou com a lida no campo. E assim fomos aprendendo e quando
pegamos uma responsabilidade, começamos a trabalhar em outras fazendas e sempre
tinha uns serviços para levar ‘um gado’”, relata Craudomiro Messias Silva, que
há 25 anos trabalha como vaqueiro em Goiás.
O vaqueiro, numa fazenda, responde diretamente pelos cuidados com a alimentação
e conservação do rebanho, por isso o seu trabalho tem um grande impacto na
qualidade do que se produz no campo. A extração do leite, por exemplo, está
entre as importantes atribuições desse profissional. “Essa é uma tarefa que ficou
mais fácil hoje em dia com os equipamentos de ordenha, mas ainda assim precisa
do nosso acompanhamento, para ver, por exemplo, a limpeza dos copos de ordenha,
das teteiras e também acompanhar o funcionamento da máquina, que às vezes pode
dar algum problema”, relata Craudomiro.
Com as facilidades que a tecnologia levou ao campo, o experiente vaqueiro diz
que não sente saudade do tempo em que o leite era tirado na mão. “Antigamente,
para você tirar algo em torno de 200 litros você precisava de um dia inteiro e
ainda não conseguia. Hoje, com 40 minutos você tira essa quantidade de leite ou
até mais. Isso não só facilitou o nosso trabalho, mas também trouxe muito mais
produtividade, higiene e ajudou muito na distribuição do produto”, avalia
Craudomiro.
Impacto na qualidade
Para destacar o quanto é importante o trabalho desses profissionais na
ponta inicial da cadeia econômica leiteira, o veterinário Gustavo de Sá
Ferreira, supervisor de qualidade de leite cru da Marajoara, uma das maiores
marcas de laticínio no País, explica que as condutas higiênico-sanitárias
realizadas na propriedade rural têm grande impacto na qualidade do leite.
“Esses procedimentos, quando não seguidos, podem prejudicar a eficiência dos
tratamentos térmicos efetuados sobre o leite que chega à indústria”, pontua.
O veterinário também reconhece as vantagens que se tem hoje com a automatização
da extração do leite, porém ele lembra que ainda assim outros procedimentos
higiênicos-sanitários se fazem necessários. “Com a ordenha mecanizada o contato
manual com o leite é o mínimo possível, o que influencia bastante na redução da
contagem padrão em placas (CPP), que basicamente é a quantidade de bactérias
encontradas no leite. Porém, a ordenha mecanizada também exige uma série de
cuidados em relação a sua limpeza e sanitização, mantendo assim a integridade e
qualidade do leite”, explica Gustavo.
Saúde do gado
Com a devida orientação do médico veterinário, o vaqueiro também tem um
papel fundamental na manutenção da saúde do rebanho. “Nossa principal função é
zelar pelo gado, então somos nós que estamos na lida diária que percebemos
primeiro quando há algo de errado, como uma 'bicheira' ou alguma outra doença”,
diz Craudomiro, ao acrescentar que também faz parte das atribuições de um
vaqueiro a aplicação de muitos medicamentos veterinários.
Conforme o veterinário Gustavo de Sá, a infecção da glândula mamária, conhecida
como mastite, compõem uma das principais causas que desempenham influência
negativa sobre a qualidade e produção do leite. “A mastite hoje, se não
devidamente tratada, traz uma série de impactos econômicos associados aos
gastos com tratamento, à queda na qualidade do leite, ao aumento do descarte e
aos efeitos da enfermidade que pode levar a perda dos quartos mamários e afetar
para sempre o rendimento do animal. Nesse sentido, o principal responsável para
a prevenção e combate a esta enfermidade é o ordenhador e/ou vaqueiro que está
a frente da produção dia a dia”, esclarece o veterinário.
Gustavo acrescenta ainda que, para garantir ainda mais qualidade e integridade
ao leite que recebe de seus produtores parceiros, a Marajoara conta com um
extenso cronograma de assistência e visitas técnicas. “Fazemos um trabalho, que
não só visa levar mais qualidade ao leite dos nossos fornecedores, mas que
também leva assistência técnica no âmbito gerencial. Contamos também com uma
empresa terceirizada que nos auxilia nas visitas técnicas realizadas nas
propriedades. E tudo homologado pela SIPOA [Serviço de Inspeção de Produtos de
Origem Animal]”, informa o médico veterinário.
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