Revisão de preço de medicamentos em valores superiores a 12% é pauta de Projeto de Lei
Proposto pelo Deputado Federal Celso Sabino (PSDB/PA), o projeto de lei revogará automaticamente a atual redução de impostos sobre medicamentos e IFAs
O
PL3887/2020, primeira parte da Reforma Tributária, sob relatoria do Deputado
Federal Celso Sabino
(PSDB/PA), ocasionará uma revisão automática e imediata dos preços de milhares
de medicamentos atualmente desonerados do PIS e da COFINS.
O Projeto de Lei revogará
automaticamente a Lei
Federal 10.147/00 que isenta medicamentos, insumos
farmacêuticos-IFAs e suas matérias-primas de PIS/COFINS e levará a CMED
(Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) rever, de imediato, os
preços dos medicamentos com reflexos em toda a cadeia de consumo com aumentos
expressivos nos mesmos, seja pela redução de descontos ou majoração dos preços
nas farmácias, drogarias, farmácias de manipulação, hospitais, Santas Casas e
nos mais diversos estabelecimentos que adquirem e dispensam medicamentos
por todo o país.
Na contramão da pandemia o Governo,
respaldado pelo relatório do deputado relator Celso Sabino, na ânsia de equalizar as
receitas do Governo para fazer frente a outras despesas orçamentárias, retira
um benefício que foi elaborado há muitos anos para reduzir os preços que os
cidadãos – especialmente os de menor ou nenhuma renda, pequenas prefeituras e
entidades filantrópicas – pagavam pelos medicamentos.
“Não se tratou de dar incentivos às
empresas. O Incentivo foi para que o cidadão brasileiro tivesse a oportunidade
de melhorar sua assistência farmacêutica – como aliás se pratica em muitos
países ao redor do planeta. NUNCA a indústria se beneficiou deste incentivo” - declara José Correia, Presidente do Conselho de
Administração da ABIQUIFI – Associação
Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos.
Muito além do impacto no consumidor
final, o projeto de lei afetará ainda a fabricação de IFAs nacionais, seja para
medicamentos de uso comum ou para aqueles utilizados na fabricação de vacinas
contra a Covid-19 em território nacional, uma vez que a oneração de insumos
nacionais tornará ainda mais vantajosa a importação destes:
“Não fosse a loucura de agravar ainda
mais os preços de medicamentos, esta pretendida alteração pelo PL,
relatado pelo Deputado Celso Sabino (PSDB/PA) e patrocinado pelo
Ministério da Economia , além de acentuar o momento aflitivo dos cidadãos
afetados pelo quadro de calamidade pública que sofrerão, sem qualquer
possibilidade de reação, mais uma pancada em seus orçamentos, irá impactar
diretamente na compra de insumos farmacêuticos produzidos pela indústria
brasileira, tornando mais vantajosa a importação e agravando ainda mais o
quadro de sucateamento dessa indústria.”
“O fim da política vigente de redução de
custos aquisitivos será mais um choque na produção nacional de IFAs. A política
de redução de impostos da cadeia foi feita em benefício da coletividade que
teve seus preços controlados reduzidos na ponta de consumo. A retomada dos
impostos propostos pelo PL em tramitação vai majorar os custos e,
consequentemente, os preços dos medicamentos que atualmente são controlados
causando um movimento em cascata extremamente complicado para o País, que passa
por uma recessão econômica e em meio a uma pandemia” – continua o executivo.
No último dia 06 de maio foi aprovado,
por unanimidade, o Projeto
de Lei 4209, que dá, para fins de registro, prioridade aos
medicamentos que contenham IFAs produzidos no Brasil. Um mecanismo importante
que visa recuperar a autonomia do parque farmoquímico brasileiro, mas que pode
se tornar ineficiente caso o projeto de lei seja aprovado. Hoje, o Brasil
fabrica apenas 5% de todos os insumos necessários para a produção de seus
medicamentos, importando a maior parte da China e da Índia, responsáveis pela
fabricação de 40% dos insumos utilizados no mundo inteiro.
“Importante salientar que o Brasil
produz apenas 5% dos IFAs consumidos na fabricação de medicamentos em
território nacional e a calamitosa situação de verdadeiro pedinte em que ficou
o país, justamente pela falta de inúmeros IFAs durante a pandemia. O fim dos
incentivos que – repetimos – visou unicamente a redução do preço de
medicamentos ao consumidor – será repassado de pronto para os fabricantes de
medicamentos que, por sua vez, irão repassar tais valores aos distribuidores e
ao restante da cadeia farmacêutica até atingir o consumidor final” – esclarece Correia.
Como, ao contrário do Brasil, a
indústria de IFAs estrangeira é altamente subsidiada pelos seus governos, o
aumento local de impostos, proposto pelo PL, será totalmente absorvido, o que
acaba por se tornar uma janela para eliminar a concorrência dos produtores
locais.
“O Deputado relator e os que o
assessoram, talvez – na melhor hipótese – não tenham se atentado que o tal
incentivo que apregoam como subsidio a ser cortado jamais foi aproveitado pela
cadeia farmacêutica de medicamentos. E, mais impressionante, é a talvez – na
melhor hipótese – ignorância de que o setor de medicamentos tem seus preços
CONTROLADOS e, portanto, com comercialização totalmente monitorada pelo
Governo. Têm a doce ilusão que o incremento dos impostos não levará a um
aumento dos preços no balcão da farmácia. Isto é fugir totalmente da realidade
do dia-a-dia de quantos recebem uma receita médica e não têm a menor
possibilidade de “escolher” um medicamento diferente do que foi prescrito pelo
médico” – finaliza
José Correia.
Sobre a ABIQUIFI
A ABIQUIFI – Associação Brasileira da Indústria de Insumos
Farmacêuticos foi fundada em 1983. A associação congrega
empresas dos setores farmoquímico e de insumos farmacêuticos, produtoras de
matérias-primas para medicamentos e seu objetivo maior é o estímulo à produção
de farmoquímicos e insumos farmacêuticos no país, visando o atendimento da
indústria farmacêutica brasileira e participando do esforço exportador
nacional.
Site www.abiquifi.org.br
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