FerroFrente solicita audiências públicas para ajustar marco das ferrovias
Aprovado recentemente pelo Senado, o projeto agora vai à Câmara dos Deputados com críticas a pontos polêmicos, como a reserva de capacidade em projetos ferroviários e o direito de passagem
José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente da
FerroFrente
A FerroFrente (Frente
Nacional Pela Volta das Ferrovias) encaminhou, no dia 14 de outubro
de 2021, aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, da Câmara de
Deputados, Arthur Lira, e do Tribunal de Contas da União (TCU), Ana Arraes,
ofícios solicitando audiências públicas para discutir o novo Marco
Legal das Ferrovias Brasileiras (PLS 261/2018).
Para José Manoel
Ferreira Gonçalves, presidente da FerroFrente, entidade sem fins
lucrativos que luta pela volta da malha ferroviária no Brasil, “é
necessário que os presidentes da Câmara, do Senado e do TCU organizem
audiências públicas para discutir os pontos de divergência e chegar a um consenso
antes da aprovação do PL de autorizações ferroviárias”.
O substitutivo ao
projeto que cria o novo marco das ferrovias foi aprovado pelo Plenário do
Senado, no dia 5 de outubro de 2021, com alterações.
O texto trata
dos novos instrumentos de outorga para ferrovias em regime privado, com
participação mínima do Estado, tanto em nível federal, quanto estadual e
municipal, e contém ainda definições técnicas para harmonizar a legislação do
setor.
Elaborado pelo senador
licenciado José Serra (PSDB-SP) e relatado pelo senador Jean Paul Prates
(PT-RN), o projeto de lei segue agora para a análise da Câmara dos
Deputados.
Apesar dos elogios de
muitos senadores, o texto também recebeu críticas. A senadora Kátia Abreu
(PP-TO) criticou o prazo dado para “reequilíbrio econômico para quem teve
lucro” e o direito de preferência para novas autorizações por cinco anos para
os atuais concessionários ferroviários. Outro ponto que mereceu ressalva da
senadora foi a possibilidade de autorregulação para o setor. Ela defendeu o
regime de autorizações, mas disse que o substitutivo não “tem mais nada a ver
com o original de José Serra”.
Uma das grandes
polêmicas relacionadas ao tema envolveu a discussão sobre a reserva
de capacidade em projetos ferroviários e o direito de passagem.
Em contrapartida,
fontes que acompanham as discussões esperam que a emenda permita
a garantia de acesso para terceiros em ferrovias mediante direito de
passagem, aplicando a regra somente para as concessões.
Ministério da
Infraestrutura enfrenta turbulência
De acordo com Jean Paul
Prates, o texto final foi escrito “por várias mãos”, incluindo representantes
do governo e da iniciativa privada. Ele elogiou a participação do ministro da
Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, na construção do relatório. O Ministério
da Infraestrutura, porém, tem amargado uma sequência de reveses no
Tribunal de Contas da União (TCU) que ameaçam ou atrasam projetos considerados
prioritários para a pasta. No âmbito das ferrovias, passarão pelo TCU
as renovações antecipadas dos contratos de concessão da MRS Logística e da
FCA, por meio das quais o ministério pretende alavancar investimentos
privados.
E está no tribunal o
projeto da Ferrogrão, entre Sinop (MT) e Itaituba (PA), considerado “a
menina dos olhos” de Tarcísio Freitas. A análise do
empreendimento, no entanto, foi interrompida, já que liminar do
Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a redução de área do Parque
Nacional do Jamanxim (PA), por onde a Ferrogrão passaria.
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