Desalojados, livro de Elisa Bracher, inaugura a série Cadernos Acaia
Comemorando 20 anos de sua fundação, o Instituto Acaia lança livro que relata o trajeto percorrido no trabalho educativo com crianças das favelas da Vila Leopoldina
Desalojados, livro de Elisa Bracher, parate da série
Cadernos Acaia
Divulgação
O desejo da artista Elisa Bracher de
trabalhar e conviver com meninos e meninas moradores das favelas próximas de
seu ateliê, na Vila Leopodina, foi a pedra fundamental para a construção, nos
vinte anos seguintes, da metodologia praticada hoje pelo ateliescola, que
oferece Educação Infantil e Ensino Fundamental gratuitos a 200 crianças
moradoras de favelas do bairro, além de bolsas parciais àqueles em melhor
situação financeira. No primeiro livro da série Cadernos Acaia, Desalojados, a artista relata a lenta
construção desse modelo, que agrega ensino formal, prática de ateliê, escuta
psicanalítica adaptada a situações do dia a dia, atenção à saúde dos alunos e
apoio jurídico às famílias, entre outras formas de interação permanente com as
comunidades atendidas.
Escrito como um relato fluido e pessoal,
Desalojados é uma
história de transformação possível, tanto da própria autora como das diversas
pessoas que se juntaram ao projeto e foram adicionando e ele ferramentas e
formas de abordagem. Entremeados à narrativa principal, relatos escritos pela
ex-diretora Olga Maria Aralhe e casos emblemáticos envolvendo alunos e
frequentadores, ilustrados por fotos que contam a história do Acaia e por obras
de Elisa e de alunos dos ateliês de xilogravura, completam o painel dessa
experiência educativa, feita de entrega e acolhimento.
O ambiente social da favela é altamente desorganizador, sobretudo para crianças
pequenas. Elas vivem em barracos sem ventilação, separados por uma viela
estreita e cheia do esgoto das casas. Com o barulho das festas – os pancadões –
e dividindo a cama com adultos e outras crianças, não dormem direito. Nós nos
perguntávamos como uma criança criada em um ambiente assim pode se concentrar e
ficar quieta em uma sala de leitura.
(Elisa Bracher, Desalojados)
Desalojados mostra o enfrentamento cotidiano das
marcas de abandono, exclusão social, racismo, violência policial e moradia
precária plasmadas nas vivências e nos corpos das muitas crianças e
adolescentes que passaram pelo Acaia nessas duas décadas. Num contexto de
intensa favelização do país, que só fez acelerar na última década, o livro
compartilha o conhecimento acumulado no trabalho sobre a realidade dos
moradores de favelas da maior cidade brasileira, além de estratégias para
enfrentar, com eles, as limitações impostas pela invisibilidade.
As
crianças que acolhemos vivem o fracasso e a violência em tudo. Quando elas têm
à disposição um lugar aonde podem escolher ir, repleto de ferramentas, tintas,
madeira e outros materiais, e podem inventar o que fazer, com ajuda de um
profissional afetuoso e cuidadoso – cuja primeira função é acolher –, passam a
viver uma experiência de prazer, sucesso e continuidade.
(Elisa
Bracher, Desalojados)
Celebrando os vinte anos de atividade do
Instituto Acaia, o lançamento de Desalojados
põe em movimento a série Cadernos Acaia, que apresentará os fundamentos de um
modelo socioeducativo único, e de escala limitada, com o objetivo declarado de
inspirar e oferecer parâmetros a outras iniciativas do gênero. O lançamento
acontece em 27 de novembro, às 11h, na sede do Instituto Çarê, na Vila
Leopoldina, São Paulo.
Sobre os Cadernos Acaia
A série Cadernos Acaia apresenta os fundamentos da metodologia desenvolvida no Instituto Acaia para oferecer uma perspectiva real de desenvolvimento às crianças e aos jovens atendidos. Reunindo reflexões e relatos de educadores, diretores e alunos, cada Caderno detalha um pilar desse trabalho, da atenção à saúde aos ateliês de arte, oferecendo ferramentas e reflexões aplicáveis a trabalhos semelhantes. Para 2022 estão previstos novos lançamentos com os temas da Pandemia, do barraco e da saúde e artes.
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Elisa Bracher, diretora dos institutos Acaia e Çarê e autora de Desalojados Paulo Pompéia |
Sobre a autora
Elisa Bracher (São Paulo, 1965) dirige
os institutos Acaia, de ação socioeducativa, e Çarê, que identifica e promove
produções culturais brasileiras, além de dedicar-se à própria trajetória
artística, iniciada nos anos 1980. É conhecida sobretudo pelas gravuras em
metal e esculturas monumentais de madeira, vistas em exposições e espaços
públicos no Brasil e no exterior. Entre suas obras mais recentes, estão a série
fotográfica A cidade e suas
margens (2008), nascida do trabalho da artista com as comunidades
das favelas da região da Ceagesp, em São Paulo; o labirinto de taipa de pilão
que construiu no jardim do Museu da Casa Brasileira (2015); e as gravuras e
esculturas reunidas na exposição Terra
de ninguém (São Paulo, 2021), entre outras produções.
Seus trabalhos foram objeto de ensaios
dos críticos Rodrigo Naves, Lorenzo Mammì, Sônia Salzstein, Fábio Valentim,
Elisa Byington, Luiz Camilo Osório e Eric Alliez, publicados nos livros Madeira sobre Madeira (Cosac
& Naify, 1998), Maneira
Branca (Cosac & Naify, 2007), A cidade e suas margens (Editora 34, 2008) e Encarnadas (Bei, 2018), no
catálogo da exposição Ponto
final sem pausas (MAM-RJ, 2012) e na revista francesa de arte Multitudes (2008).
Elisa vive e trabalha em São Paulo.
Sobre o Instituto Acaia
Fundado em 2001, o Instituto Acaia –
palavra tupi que significa útero, remetendo às ideias de gestação, nidação,
segurança, proteção e fortalecimento – tem como norte o fomento à educação e à
cultura para a redução da desigualdade social. Seus três braços principais são
o ateliescola acaia, escola
experimental de educação integral voltada às crianças de duas favelas e um
conjunto habitacional na zona oeste de São Paulo, com bolsas integrais, e ainda
oferece bolsas parciais aos alunos com melhores condições financeiras; o Centro
de Estudar Acaia Sagarana, que
prepara alunos de destaque da rede pública para o vestibular de faculdades de
excelência; e o Acaia Pantanal,
projeto socioambiental e educativo que mantém uma escola de Ensino Fundamental
para crianças de famílias ribeirinhas na região da Serra do Amolar (MS).
Ficha Técnica:
Título: Cadernos Acaia – Desalojados
Autora: Elisa Bracher
Textos adicionais: Olga Maria Aralhe
Editora: Letra da Cidade
Projeto gráfico e design: Luciana
Facchini
Ilustrações: Elisa Bracher
Coordenação editorial e edição: Teté
Martinho
Revisão: Regina Stocklen
Produção gráfica: Marcia Signorini
Páginas: 128
Tiragem: 4 mil exemplares
Valor de capa: R$ 65,00
Disponível na Casinha Amarela – pelo
Instagram https://www.instagram.com/casinhaamarela.acaia/
ou na loja física: Rua Dr. Avelino Chaves, 138 - Vila Leopoldina,
SP (https://maps.app.goo.gl/Hoyu1pagpf6AKtWi8) – e na Amazon
ISBN 978-85-469-0340-5
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