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Com aumento da chegadas de Venezuelanos, ACNUR intensifica resposta no norte do Chile

Os venezuelanos cruzam o altiplano andino a pé para chegar ao Chile da Bolívia em novembro de 2021. A uma altitude de 3.690 metros, as temperaturas podem cair para -20°C./© ACNUR /Jose Manuel Caceres

A Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR), está intensificando sua presença e prestação de assistência na fronteira norte do Chile, para atender as necessidades críticas de um número crescente de venezuelanos que chegam a pé.

Desde novembro de 2021, de acordo com as autoridades locais, entre 400 e 500 refugiados e migrantes da Venezuela cruzam a fronteira da Bolívia com o Chile diariamente. Eles são movidos pela intenção de se reunirem com seus familiares, bem como pelo impacto econômico da pandemia, que deixou muitos desamparados.

A maioria dos venezuelanos usa rotas irregulares, enfrentando as condições difíceis do deserto do Atacama, onde os perigos incluem o risco de exploração sexual e abuso por grupos criminosos. O trajeto é feito a pé, sem roupas adequadas para as condições climáticas extremas do deserto, onde os dias são muito quentes e as temperaturas noturnas podem cair até -20° C.

Muitos chegam com fome e com problemas de saúde, sofrendo de desnutrição, desidratação, hipotermia e enjoo de altitude. Cerca de 21 pessoas perderam a vida na fronteira norte do Chile desde o início do ano.

Os recém-chegados geralmente não têm abrigo adequado e são forçados a dormir ao ar livre. Por não terem a documentação necessária, não conseguem encontrar empregos regulares e, sem recursos, enfrentam dificuldades para continuar seu trajeto das áreas de fronteira para outras cidades.

“Crianças, adolescentes, mulheres grávidas e idosos muitas vezes precisam de suporte médico urgente depois de vários dias de viagem a pé. Todos eles esperam encontrar segurança e estabilidade no país”, disse Rebeca Cenalmor-Rejas, Chefe do Escritório do ACNUR no Chile. “O ACNUR está fortalecendo sua resposta na fronteira norte, para apoiar as autoridades nacionais, regionais e locais na garantia de acesso seguro e na melhoria das condições de recepção.”

Em coordenação com as autoridades e com o apoio de parceiros, o ACNUR fornece informações e aconselhamento jurídico aos venezuelanos recém-chegados. A Agência oferece ainda alimentação, auxílio monetário, vale-combustível, assistência médica, abrigo de emergência, creche, além de itens de primeira necessidade, como cobertores e agasalhos. Desde o início do ano, com os recursos disponíveis, o ACNUR atendeu 20.000 refugiados e migrantes da Venezuela nas regiões do norte do Chile.

O ACNUR está aumentando seu quadro de funcionários e parceiros na fronteira norte, com o objetivo de alcançar os venezuelanos mais vulneráveis. Para auxiliar no controle da COVID-19, o ACNUR também trabalha com as autoridades locais e nacionais para estabelecer um centro na cidade de Iquique, onde os recém-chegados serão submetidos à quarentena exigida em condições seguras e dignas.

Paralelamente, prevendo que os venezuelanos comecem a buscar oportunidades em outras partes do país, durante o ano de 2021, o ACNUR fortaleceu sua colaboração com cinco parceiros para distribuir assistência em cidades do sul do Chile.

“O ACNUR, como parte da resposta interagencial, está empenhado em oferecer socorro aos necessitados e às comunidades que os acolhem. No entanto, o apoio oportuno da comunidade internacional é fundamental para continuarmos expandindo nossos programas”, acrescentou Cenalmor-Rejas.

Em 2022, o ACNUR precisará de um total de $20,3 milhões de dólares para garantir a assistência humanitária adequada e apoiar as comunidades venezuelanas a se tornarem autossuficientes em todo o país. No total, o Chile abriga cerca de 448.100 refugiados e migrantes da Venezuela. Este número não inclui milhares de pessoas que entraram no país por meio de travessias irregulares de fronteira.

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