Open Finance: o novo petróleo da indústria da informação! E o que minha empresa faz com isso?
Bruno Moura, diretor de negócios da Klavi.
O brasileirotradicionalmente é um povo
que aceita com facilidade novas tecnologias, principalmente quando se
trata de inovações voltadas ao setor financeiro. Exemplos disso não nos faltam!
O PIX, por exemplo, revolucionou o
comportamento das pessoas no que diz respeito a transações bancárias e esse é
um movimento irreversível, afinal, quem nunca ouviu: é só fazer um PIX! Como se
esse fosse um termo utilizado há décadas e hoje, não conseguimos imaginar como
vivíamos sem esse método de pagamento.
Com o Open Finance não será diferente!
Obviamente como o Open Finance ainda não traz resultados imediatos para o
consumidor comparado a uma transação instantânea, a catequização para
compartilhamento de dados é uma das missões do ecossistema, com objetivo de
popularizar o serviço, fazer com que as pessoas reconheçam o termo, consigam se
adaptar e entender principalmente entender bem conceitos como:
1 – Meus dados são apenas meus, são
minha propriedade e não das empresas! Então forneço eles para quem eu
quiser!
2 – Sei quem tem acesso aos meus dados,
dei meu consentimento e a qualquer momento posso não autorizar com que eles
sejam compartilhados.
Visto todo esse engajamento e aceitação
desse novo modelo de compartilhamento de dados, o que as empresas poderão fazer
com o “Novo Petróleo” que até então era explorado apenas pelos grandes bancos e
financeiras? Como fazer com que toda a experiência de usuário e de consentimento
além da coleta de dados traga retornos financeiros para as empresas e melhores
ofertas e serviços para os usuários?
De fato, o processo de ciência de dados
aplicado às coletas feitas através do Open Finance é fator preponderante para o
sucesso do ecossistema, isso porque apesar de ser “open” e do Open Banking
propor a padronização de APIs, os dados advindos das transações financeira não
são e não serão padronizados. Isso fará com que cada instituição compartilhe as
transações com nomenclaturas específicas, sem padrão e com particularidades que
são tidas como “segredo de negócios”, ou você nunca reparou que a descrição de
um débito de seu extrato bancário ou de cartão de crédito dos bancos são
descritas de maneiras diferentes em cada um dos bancos?
Acredito que o desafio do Open Finance
não será a “catequização” do consumidor para coleta do consentimento para
utilização de suas informações, ou a disponibilização de APIs reguladas no
mercado, mas sim, como fazer o “petróleo” de dados virar “gasolina” para mover
toda a engrenagem do sistema financeiro.
Para isso, as instituições financeiras,
bancos e fintechs precisarão investir em soluções de inteligência analítica que
acelerem o processo de transformação dos dados brutos em informações relevantes,
dessa forma, será possível ter subsídios para melhorarem suas decisões,
produtos e serviços.
Ressalto que tal investimento só irá
gerar resultados de curto e médio prazo, se for feito com soluções e
empresas de inteligência que já aprenderam a ler transações financeiras, mesmo
antes do Open Banking ganhar espaço no mercado. Entendo que as empresas que se
adiantaram e já coletaram dados financeiros com tecnologia proprietária e
ferramentas de gestão financeira (famosos PFMs), estão à frente no processo e
podem colaborar para que as instituições financeiras e bancos consigam gerir
melhor seus processos e tomar decisões mais assertivas.
Digo isso pois, para todo o processo de
inteligência atrelado a transações bancárias é necessário aprender com os dados
das diversas instituições e com diversas conexões e usuários diferentes e isso
leva tempo e como sabemos, as empresas não estão dispostas a esperar para criar
processos de diferenciação e obter resultados relevantes..
Depender apenas do processo de coleta recente
de dados para gerar inteligência, poderá fazer com que todo o “petróleo”
extraído nesse momento seja inútil para aplicação no curto e médio prazo e só
fará com que as empresas se decepcionem com os resultados obtidos, sendo
cobaias de uma operação de aprendizado onde tempo e investimento são
escassos.
Lembro aqui que qualquer inteligência aplicada deverá seguir a linha estratégica das empresas, porém entendo que o foco deve ser sempre impactar positivamente o relacionamento da instituição com o consumidor final, desenvolvendo assim um ecossistema financeiro cada vez mais consciente, competitivo e saudável.
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