Painel debate o reforço da união de lideranças científicas com sociedade, empreendedores e produtores na região Amazônica
Discussão enfatizou a importância a
sistematização do conhecimento e do trabalho em rede
Com a moderação do
presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPQ), Evaldo Vilela, o segundo painel da manhã do dia 01 de dezembro do
evento “Wake Up Call Amazônia, Já!”, debateu a importância da união da rede de
pesquisa e lideranças científicas com a sociedade, empreendedores e produtores
locais na região amazônica, a partir da temática “Superação do vale da morte
tropical”.
Nas palavras de Vilela
é esta parceria que pode efetivar a sistematização do conhecimento disponível
para ações práticas, lembrando que a ideia é continuar o legado do engenheiro
agrônomo e ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, que foi indicado ao
Nobel da Paz de 2021 pelas contribuições à agricultura sustentável.
“É preciso trabalhar em
rede. Na verdade, o que estamos fazendo aqui é o que o Paolinelli fez na década
de 70. Em uma época em que não se falava em rede de pesquisa, ele criou esse
conceito que resultou na criação da Embrapa. E essa rede de pesquisa tem um
poder maior hoje, porque os desafios são muito grandes. Por isso, é preciso
buscar atualização e entendermos as novas demandas”, afirma Vilela.
O pró-reitor de
Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação do Instituto Federal de Rondônia (IFRO),
Gilmar Alves de Lima Júnior, reforça o entendimento de Vilela ao reafirmar que
reconhecer os problemas é uma forma de combatê-los. “Desta forma, entendemos
que as instituições têm conhecimento e tecnologia para mudar algumas situações
da Amazônia, gerando riquezas para o Estado, melhorando o Produto Interno Bruto
(PIB) sem derrubar floresta”, acredita.
Neste sentido, a
pesquisa científica pode contribuir para esse avanço prático, na avaliação do
chefe-geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de
Rondônia, Alaerto Marcolan. “Acreditamos no caminhar do ensino para a pesquisa
aplicada e a transferência de tecnologia. O conhecimento científico pode se
transformar em produtos, soluções e empreendedorismo”, afirma Marcolan.
Em ações práticas, o
diretor-geral da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq),
Durval Dourado, explicou que estudos resultaram no Plano Nacional de Irrigação,
que adiciona área irrigada em terras utilizadas com agricultura de centeio e
pastagem com o objetivo de aumentar a produtividade, usando a mesma área. “É
uma solução otimizada. Vamos buscar a troca dos sistemas de produção atuais por
integração lavoura-pecuária-floresta para analisar o efeito desta troca na
produtividade do tripé terra-capital-trabalho e isso, claro, tem que ser construído
em conjunto para o benefício de toda a sociedade do Estado de Rondônia”,
esclarece.
Em sua participação, o
ex-ministro da Fazenda e do Planejamento e conselheiro do Fórum do Futuro,
Paulo Haddad, pontuou a importância de se pensar também, para a região
amazônica, no déficit de capital social. “Os Estados que crescem com base em
recursos naturais, normalmente, não desenvolvem os indicadores sociais. Desta
maneira, é preciso também ampliar o desenvolvimento do Estado a partir dos
capitais intangíveis”, opina.
Para o ex-reitor e representante da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Antônio Nazareno, a transferência de tecnologia passa pelo tripé: ensino, pesquisa e extensão, chamando a atenção em relação à pouca valorização da extensão. “Neste sentido, temos feito ações que partem das universidades para criar oportunidades de recursos para a popularização da ciência, incentivando pesquisadores e professores”, explica.
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