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Selic a 10,75% é sinônimo de prejuízo para o Brasil em 2022?

Aumento da taxa básica de juros pode ser benéfico para que investidores estrangeiros aproveitem a B3, diz especialista de investimentos

Daniel Funabashi é sócio e assessor de investimentos da iHUB Investimentos
Divulgação

As atenções do mercado financeiro estão voltadas para o rápido crescimento da taxa Selic. Na última quarta-feira (08/12), o COPOM anunciou a 7ª elevação consecutiva em 2021, de 7,75% para 9,25% ao ano, representando um aumento de 1,50%. Porém, a “preocupação” com a taxa básica de juros não se encerra em 2021, visto que o COPOM pode realizar um novo aumento de 1,5 ponto percentual em fevereiro de 2022, que se confirmada a Selic pode bater na casa dos 10,75% a.a - maior patamar desde 2017. 

O especialista em investimentos da iHUB Investimentos, Daniel Funabashi, destaca que caso a dose de reforço se mostre realmente eficaz contra a nova variante da covid-19, a Ômicron, a tendência é que a economia continue se aquecendo, pressionando a inflação e forçando o Comitê de Política Monetária a escalar mais os juros. 

Como o mercado já está se preparando com a Selic a 10,75% a.a para o ano que vem, esse pode ser o principal motivo para a “fama” das opções de renda fixa voltarem à tona. “O brasileiro não tem uma cultura de investimento de risco. O crescimento do número de investidores na bolsa, por exemplo, foi devido à queda da na Selic, que chegou a atingir 2% ao ano, a mínima histórica. Com a volta dos juros de dois dígitos, é natural que as pessoas voltem a fugir do risco, buscando a renda fixa”, explica Funabashi. 

A escolha dos investidores brasileiros em ampliar o % de investimentos de renda fixa nos portfólios pode causar alguns impactos nos investidores estrangeiros, como: o aumento do fluxo em ativos de renda fixa, fazendo com que o dinheiro naturalmente saia da bolsa. Além disso, considerando que as empresas têm apresentado bons resultados, essa queda faz com que as ações tenham preços bem convidativos. Por fim, a desvalorização do real pode tornar a bolsa brasileira extremamente atraente aos investidores estrangeiros.

Funabashi explica que o olhar dos investidores estrangeiros para o Brasil está principalmente na questão fiscal e do teto de gastos. “Essas duas principais questões irão dar o tom da economia brasileira nos próximos anos. Caso o Brasil não seja responsável com as contas públicas, a inflação continuará alta, o dólar tende a valorizar mais e os juros, consequentemente, terão que continuar altos por mais algum tempo, impactando a economia. Esse é um cenário em que os investidores estrangeiros não gostam de investir, pois o prêmio do risco geralmente não compensa.” 

O ano de 2022 terá um ambiente volátil, por conta de uma eleição altamente polarizada, repleta de notícias polêmicas, que vão testar a resistência do investidor. Somado a isso, o aumento da Selic e a consequente desaceleração da economia, fará com que a bolsa tenha um ano desafiador pela frente, com impacto direto no lucro das empresas, principalmente às mais sensíveis aos juros, como as varejistas. 

 

Sobre iHUB Investimentos

A iHUB Investimentos é uma empresa especializada em assessoria de investimentos credenciada pela XP Investimentos. Possui mais de 2,5 mil clientes, somando mais de R$1 bilhão em valores investidos sob custódia.

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