Mostra Negra de Arte Surda LGBTQIA+ discute diversidade e acessibilidade com diferentes públicos
Elinilson Soares (Foto:
Divulgação)
O coletivo Surdarte lança a
primeira edição da Mostra Negra de Arte Surda LGBTQIA+ (Monas+), que ocorre
entre os meses de fevereiro e março, com o intuito de estabelecer conexões
entre públicos surdos e ouvintes para debater a cultura surda, diversidade e acessibilidade,
por meio da arte, com oficinas de dança, poesia e outras ações em Libras
(Língua Brasileira de Sinais).
A Monas+ abordará acessibilidade e religiosidade afro-brasileira para tratar da
comunidade surda e como ela acessa e exerce a sua ancestralidade em terreiros
de candomblé, espaços que ainda encontram dificuldades na comunicação em
Libras. As ações da mostra fortalecem a arte e a autonomia de pessoas surdas
interseccionando com as questões raciais, de gêneros e sexualidade além de
oferecer visibilidade ao protagonismo e discutir o lugar de fala de cada um ao
debater conquistas e reivindicações de direitos e pautas na esfera pública e
privada.
“Quando vejo a oportunidade de desenvolver esse projeto, lembro da minha
trajetória no Teatroescola, onde tive acesso à arte e a possibilidade de
discutir acessibilidade como professor de Libras. Nessa época, eu tive contato
com a proposta de poesia surda no formato de Slam, por meio do artista
paulistano Edinho Poesia. De lá pra cá, fundei o projeto “Mãos Axé”, que
incentiva a poesia em nossa comunidade surda, e agora em parceria com outros
artistas surdes e ouvintes, criamos o projeto Monas+ com o objetivo de propagar
para o maior número de pessoas que tem interesse em um mundo mais acessível e
com autonomia para todes”, conta Elinilson Soares, um dos idealizadores do
projeto.
Diversas oficinas, entre elas: “Libras Básica”, para pessoas ouvintes de
religião de matriz africana; “Poesia Surda”, com foco em surdos e ouvintes
fluentes em Libras, e “Vibra Dança”, que propõe ao público surdo uma nova
experiência de percepção e entendimento do som por meio da vibração utilizando
a dança dos orixás, além de debates sobre estudos em torno da terminologia
afro-brasileira e os processos de tradução do Iorubá para a Libras culminarão o
mês de fevereiro por meio das plataformas digitais do projeto.
O professor e coordenador do projeto multicampi: Centro de Aprendizagem em
Língua Brasileira de Sinais (Calibras), Wermerson Silva, irá ministrar no dia
15 de fevereiro uma palestra aula sobre o “Axé Libras”, projeto de pesquisa
coordenado por ele, que estuda as terminologias afro-brasileiras.
“Esta mostra é fruto do compromisso social que o nosso coletivo possui com a
comunidade surda, uma parcela significativa da população que
tem suas potencialidades desprezadas por uma sociedade capacitista. Daí a
importância de reunir diversos públicos para debater a cultura surda,
utilizando a arte e a Libras como ferramentas principais”, ressalta Alex
Gurunga, um dos idealizadores do projeto.
As produções em vídeo das performances dos participantes, resultantes das
oficinas, integrarão a mostra que será apresentada no dia 4 de março, e serão
divulgadas no canal do Coletivo Surdarte no YouTube.
Para maiores informações é possível entrar em contato por meio do perfil do
coletivo no Instagram (@surdarte). As inscrições podem ser realizadas
gratuitamente até o dia 5 de fevereiro por meio do formulário on-line acessível
em libras (https://bit.ly/3KMFJd4) e o resultado das inscrições ocorre no dia 6
de fevereiro. Os inscritos terão direito a certificado emitido pelo
Teatroescola.
O projeto tem apoio do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura
(Prêmio Cultura na Palma da Mão) via Lei Aldir Blanc, redirecionada pela
Secretaria Especial da Cultura do Turismo, Governo Federal.
Sobre o Coletivo Sudarte
O Sudarte é um grupo de ativistas de diferentes linguagens, intérpretes,
produtores, surdos e ouvintes, que tem como objetivo promover acessibilidade,
principalmente da comunidade surda, utilizando as artes e a Libras como
ferramenta principal na luta por direitos e por uma sociedade mais igualitária.
O coletivo é formado por Elinilson Soares, Alex Gurunga, Herbert Gomes, Lucas
Sol, Jamile Keller, Beatriz Lopes, Rose Lopes e Evandro Bispo.
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