Torre das guerreiras: um conto real sobre o feminino na ditadura
Com prefácio de Dilma Rousseff, obra apresenta
memórias de Ana Maria Ramos Estevão, militante estudantil que sobreviveu às
torturas e ao exílio impostos por um dos períodos mais sombrios da história do
Brasil
“Você se
lembra das histórias das princesas que ficam presas nas torres? Eu fiquei presa
numa torre, eu e outras mulheres. Justo quando acabávamos de sair da
adolescência e deixávamos de acreditar em histórias de princesas em torres,
fomos presas em uma. Mas aquela não era a torre de um castelo de mentirinha;
era a torre de um presídio real. Estive presa lá durante longos e intensos nove
meses. O tempo de uma gestação inteira. Nove meses que mudaram os rumos da
minha vida”. Ana
Maria Ramos Estevão, Torre
das Guerreiras e outras memórias
Em 1970, o Presídio Tiradentes, em São
Paulo, possuía uma ala conhecida como Torre das Donzelas, na qual ficavam encarceradas
apenas mulheres militantes. Mas, em Torre
das Guerreiras e outras memórias, relato publicado pela Editora 106 em
colaboração com a Fundação
Rosa Luxemburgo, e escrito por Ana Maria Ramos Estevão, estudante de
Serviço Social envolvida com o movimento estudantil e a organização Ação
Libertadora Nacional (ALN), o prédio alto ganha outra conotação. Subvertendo a
ideia de fragilidade contida na palavra “donzela”, a autora e suas companheiras
de cela renomearam o local como Torre das Guerreiras.
Capturada pelos órgãos de repressão da
ditadura brasileira, Ana foi torturada e interrogada por sua trajetória como
militante. Em sua saga, conheceu tanto os agentes do regime, como o
delegado Sérgio Paranhos Fleury e o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra,
quanto figuras que fizeram história na resistência, como Paulo Freire, que se
tornaria referência mundial em educação, e Dilma Rousseff, que assina o
prefácio do livro. Segundo a ex-presidenta, ainda que tenha sofrido torturas,
violência e perdas, Ana é de um “lirismo improvável”.
Misturando memória a belas ilustrações,
fotografias pessoais, documentos da repressão e imagens de jornais da época, a
autora destaca e valoriza episódios de que só a grandeza humana é capaz, como
quando todas as militantes ficavam em silêncio para Tânia, uma das
prisioneiras, cantar perto de uma pequena janela para ser ouvida por seu
companheiro, Gabriel, que, com câncer, estava preso no mesmo local, em uma cela
distante.
Ana Maria também observa o papel dos
fascistas voluntários, que, mesmo sendo civis, participaram das sessões de
sevícias, oferecendo apoio aos torturadores fardados, enquanto riam cinicamente
do sofrimento e da esperança daqueles que tiveram a coragem de sonhar com outro
país e lutaram por ele.
Torre das Guerreiras e outras memórias é uma obra para que as atuais gerações
jamais permitam que tragédias como a da ditadura se repitam.
” A torre foi demolida, mas não
desapareceu com o simples desempilhamento de pedras. Ainda hoje, muitos anos
depois, a torre que ninguém habita continua habitando em mim.” Ana Maria Ramos Estevão, Torre das Guerreiras e outras memórias
Ficha técnica: Torre das Guerreiras
e outras memórias
Ana Maria Ramos Estevão
Prefácio de Dilma Rousseff
Selo: 106 Memórias
Páginas: 192
Formato: brochura, 14x21x1,1cm
Peso: 275g
Preços: R$ 52,90 (versão impressa); R$ 37,00 (ebook)
ISBN versão impressa: 978-65-88342-05-3
ISBN versão ebook: 978-65-88342-06-0
Gênero: Memórias, História, Política, Ditadura
Sobre a autora: Ana Maria Ramos Estevão nasceu em Maceió
(AL) em 1948. Mudou-se para a cidade de São Paulo em 1953. Quando iniciou o
curso de Serviço Social, em 1969, aproximou-se da Ação Libertadora Nacional
(ALN), organização de esquerda que enfrentou a ditadura civil-militar
brasileira. Durante o regime, Ramos foi presa três vezes e, em 1974, ficou
exilada em Paris. É professora livre-docente aposentada da Universidade
Estadual Paulista (Unesp) e professora adjunta da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp). É membra do Sindicato dos Docentes das Instituições de Ensino
Superior (Andes).
Sobre a editora: A Editora 106 nasceu do encontro entre Omar Souza, editor com mais de 22 anos de experiência em diversas casas editoriais de renome, e a psicanalista Fernanda Zacharewicz, proprietária da Aller Editora, especializada em livros voltados para o universo psicanalítico. Com um escopo editorial que se reflete nos vários selos sob os quais publica suas obras, como: 106 Biografias, 106 Ideias (ensaios, Filosofia, História etc.), 106 Pessoas (desenvolvimento pessoal, espiritualidade, negócios etc.), 106 Histórias (ficção histórica e contemporânea), 106 Clássicos (obras e autores consagrados), 106 Crônicas (textos produzidos por alguns dos melhores cronistas nacionais e internacionais), entre outros, a editora prioriza representar os mais diversos públicos.
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