Programa voltado à rede pública ajuda a solucionar alfabetização tardia no Sudeste do país
Número de crianças que não aprenderam a ler e
escrever na idade correta explodiu durante pandemia
Créditos: divulgação/Aprende Brasil
Letras que formam sílabas que, repetidas
à exaustão, por sua vez, formam palavras. Muitas delas. Segundo o dicionário
Houaiss, a língua portuguesa tem, atualmente, algo em torno de 400 mil
palavras. É um universo disponível a todos os falantes do idioma, mas que exige
duas habilidades fundamentais daqueles que desejam se comunicar também por meio
de livros, documentos e outros registros: as habilidades da leitura e da
escrita. O ideal, segundo a lei, é que as crianças aprendam a ler e escrever
até os seis ou sete anos de idade.
A realidade, porém, nem sempre está de
acordo com o ideal. É na região Sudeste que estão, hoje, 21% dos analfabetos do
Brasil, segundo o IBGE. Ainda de acordo com o órgão, 41% das crianças de até
sete anos no país não estão alfabetizadas, o que representa 2,4 milhões de
crianças. A taxa é a mais alta desde 2012, quando 28% das crianças nessa faixa
etária não sabiam ler e escrever. Em comparação com 2019, o aumento foi de
65,6%. Mesmo as crianças que estão matriculadas e frequentando as aulas podem
ter sofrido esse atraso, boa parte causado pela pandemia. Para a especialista
em pareceres pedagógicos do Sistema de Ensino Aprende Brasil, Rita Schane, a
alfabetização nesse período é importante porque “essas são habilidades de que a
criança vai precisar nos anos iniciais do Ensino Fundamental, que serão
consolidadas a seguir”.
Não se trata apenas de crianças que não
sabem ler nem escrever, mas de uma série de níveis diferentes de aprendizagem.
Algumas delas lêem, mas não escrevem. Outras são capazes de ler e escrever, mas
não conseguem interpretar o que estão lendo. Em outros casos, ainda, a criança
é capaz de ler e escrever, mas os erros ortográficos são mais comuns do que
deveriam. Equalizar o aprendizado dessas duas competências é um desafio
complexo.
Solução que vem da escola pública
Uma das maiores dificuldades para
alfabetizar crianças mais velhas é o fato de que os métodos são sempre pensados
para os mais novos. Há muitos desenhos, atividades e propostas desenhados para
os pequenos que têm até sete anos. Então, quando uma criança de nove, dez ou 11
anos se depara com esse material, imediatamente há um problema de interesse e
identificação. “Crianças um pouco mais velhas não gostam e não se interessam
pelas mesmas coisas que chamam a atenção das crianças mais novas. É preciso
pensar uma solução especial para contornar esse problema”, destaca Rita.
A melhor alternativa para mitigar o
problema é adotar ferramentas especificamente pensadas para a alfabetização
tardia. Presentes na rede pública municipal de mais de 290 cidades brasileiras,
os profissionais do Aprende Brasil adquiriram uma experiência que permitiu a
criação do programa Letrix, desenhado especialmente para crianças que não adquiriram
essas duas habilidades no tempo correto. Impulsionado também pela pandemia, o
programa deu um salto no número de usuários. Enquanto, em 2021, pouco mais de 4
mil crianças usavam o Letrix, a prévia até março de 2022 já é de mais de 10,8
mil.
“O Letrix é um programa educacional que
auxilia as crianças que não tiveram a oportunidade de se alfabetizar na idade
indicada pela legislação. Essas crianças que chegam ao Ensino Fundamental -
Anos Finais sem ter desenvolvido a aquisição de leitura e escrita não podem ser
ignoradas ou tratadas como as de seis e sete anos”, pontua a especialista. Por
isso, a abordagem do programa respeita a fase da vida em que a criança está,
com atividades direcionadas para esse público. Fazem parte do Letrix
ferramentas como livros didáticos para alunos e professores, avaliações,
leitura guiada, orientações em vídeo e manual digital do professor.
Embora tenha nascido na escola pública,
o Letrix também pode ser adotado com sucesso pela rede privada. “A ideia é
democratizar o acesso às boas soluções educacionais e permitir que um número
cada vez maior de crianças saia do Ensino Fundamental com uma base sólida para
continuar aprendendo ao longo de sua vida estudantil”, finaliza Rita.
Sobre o Aprende Brasil
O Sistema de Ensino Aprende Brasil oferece às redes municipais de Educação uma série de recursos, entre eles: avaliações, sistema de monitoramento, ambiente virtual de aprendizagem, consultoria pedagógica e formação continuada aos professores, além de material didático integrado e diferenciado, que contribuem para potencializar o aprendizado dos alunos da Educação Infantil aos anos finais do Ensino Fundamental. Atualmente, o Aprende Brasil atende 385 mil alunos em mais de 290 municípios brasileiros. Saiba mais em http://sistemaaprendebrasil.com.br/.
Nenhum comentário