A suplementação correta, na gestação, pode salvar a vida de muitos bebês
Cerca de 35% da população mundial não
metaboliza ácido fólico em metilfolato e ingerir a substância nestas condições,
especialmente na gestação, não garante os benefícios dela ao bebê. Além disso,
o excesso de ácido fólico não metabolizado no organismo pode causar malformação
e autismo
Dra. Mariana Rosario, ginecologista e mastologista
São Paulo, 6 de maio de
2022 –
A Medicina avança a passos largos e já se sabe que a suplementação de
nutrientes faz parte de uma gestação saudável. A OMS – Organização Mundial da
Saúde recomenda, por exemplo, a suplementação de Ferro e Ácido Fólico a toda a
população de grávidas “a fim de evitar anemia das mães, infecção puerperal,
baixo peso à nascença e parto prematuro”.
Porém, essa
recomendação é bastante controversa. “É um erro prescrever ácido fólico às
tentantes e gestantes e aos seus parceiros. O correto é indicar a versão já metabolizada
do nutriente, o metilfolato”, alerta a ginecologista e obstetra Dra. Mariana
Rosario, do corpo clínico do hospital Albert Einstein.
Mas, por
que é errado indicar o ácido fólico?
O ácido fólico precisa
se transformar em metilfolato para ser absorvido pelo organismo. Essa
metabolização acontece a partir de uma enzima naturalmente produzida pelo corpo
humano, chamada metiltetrahidrofolato redutase (MTHFR). “O que acontece, porém,
é que 35% da população mundial, segundo um estudo de Guéant-Rodriguez e
colaboradores, realizado em 2006, não produzem essa enzima. Sendo assim, os
corpos dessas pessoas não transformam o ácido fólico em metilfolato e o
nutriente não é aproveitado pelas células, ele fica apenas circulando na
corrente sanguínea”, explica a Dra. Mariana.
Se a função do
metilfolato é a de produzir novas células, atuar no fechamento do tubo neural
do bebê e participar ativamente na formação do cérebro e da medula espinhal do
feto, a mulher precisa ingeri-lo já nessa versão, metabolizada, pelo menos três
meses antes de engravidar e manter o nutriente suplementado durante toda a
gestação. “E não é só isso: o metilfolato atua em outras funções do organismo,
também ajudando a evitar anemias e colaborando no transporte de nutrientes para
o bebê. É um nutriente fundamental na gestação”, diz a médica.
O que o
excesso de ácido fólico pode causar?
O excesso de ácido
fólico não metabolizado no organismo pode causar problemas de saúde. Essa
substância, quando em excesso, pode mascarar a falta de vitamina B12 – o que é
um problema grave de saúde.
Além disso, um estudo
da Escola de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins indicou que o excesso
da substância na gestação pode levar a casos de autismo nos bebês. Segundo
pesquisadores, grandes quantidades de ácido fólico podem prejudicar os genes
que maturam o encéfalo, causando alguma malformação que proporcione o autismo.
Portanto, conforme a
Dra. Mariana Rosario orienta, é importante que cada tentante e gestante seja
orientada a ingerir o metilfolato em doses individualizadas, conforme as
necessidades apresentadas a partir de exames bioquímicos, com a dosagem
ajustada da pré-concepção à gestação. “A dose não é a mesma para todas as
mulheres e nem utilizada durante toda a gestação no mesmo volume. O obstetra a
ajusta conforme a necessidade de cada paciente”, explica.
A médica também alerta
para os perigos da automedicação. “Por tudo o que foi exposto, é imprescindível
que medicamentos e suplementos sejam ingeridos apenas sob restrita orientação
médica”, conclui.
Sobre a
Dra. Mariana Rosario
Formada pela Faculdade
de Medicina do ABC, em Santo André (SP), em 2006, a Dra. Mariana Rosario possui
os títulos de especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia pela AMB –
Associação Médica Brasileira, e estágio em Mastologia pelo IEO – Instituto
Europeu de Oncologia, de Milão, Itália, um dos mais renomados do mundo. É
membro da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e da Associação de
Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP) e especialista em Longevidade
pela ABMAE – Associação Brasileira de Medicina Antienvelhecimento. É médica
cadastrada para trabalhar com implantes hormonais pela ELMECO, do professor
Elcimar Coutinho, um dos maiores especialistas no assunto. É membro do corpo
clínico do Hospital Albert Einstein.
Possui vasta
experiência em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia, tanto em Clínica Médica
como em Cirurgia Oncoplástica. Realiza cursos e workshops de Saúde da Mulher,
bem como trabalhos voluntários de preparação de gestantes, orientação de
adolescentes e prevenção de DST´s. Participou de inúmeros trabalhos ligados à
saúde feminina nas mais variadas fases da vida e atua ativamente em programas
que visam ao aprimoramento científico. Atualiza-se por meio da participação em
cursos, seminários e congressos nacionais e internacionais e produz conteúdo
científico para produções acadêmicas.
Dra. Mariana Rosario – Ginecologista, Obstetra e Mastologista. CRM- SP: 127087. RQE Masto: 42874. RQE GO: 71979.
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