Acolhimento no atendimento ao público LGBTQIA+ faz toda a diferença
No Dia do Combate à LGBTfobia, o CROSP reforça
a importância de cada vez mais os cirurgiões-dentistas prestarem um atendimento
humanizado!
Dra. Ava Simões - "A maior contribuição que
os profissionais de saúde podem fazer pelos pacientes LGBTQIA+ é humanizar o
atendimento"
Cirurgiã-dentista - Dra. Ava Simões
O acolhimento nos atendimentos
odontológicos é fundamental para que os pacientes LGBTQIA+ sintam-se
confortáveis na hora de realizar uma consulta ou procedimento com o
cirurgião-dentista. No Dia do Combate à LGBTfobia, lembrado em 17 de maio, o
Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) reforça a importância de
estarmos atentos às necessidades e especificidades do atendimento à comunidade
LGBTQIA+.
Para uma mulher transexual, uma travesti
ou homem trans, o desbravamento social começa ao sair de casa. Com isso, ao
chegar a uma consulta com o cirurgião-dentista, depois de ter passado por todas
as outras barreiras, o mínimo esperado é que essa pessoa seja acolhida pelo
profissional, que seja tratada pelo nome social, pelo pronome correto, e que
tenha atendimento digno.
Pensando nisso, a Prefeitura de São
Paulo lançou, em 2020, o protocolo de atendimento a pessoas transexuais e
travestis, com um capítulo exclusivo para saúde bucal, em que é possível
encontrar informações que auxiliam e incentivam o tratamento humanizado para a
população trans e travestis. (Clique
e veja o documento na íntegra)
Mulher trans, a cirurgiã-dentista Dra.
Ava Simões aborda a importância do carinho e respeito no atendimento. “O
atendimento é o mesmo. Precisamos estar atentos às particularidades de cada
paciente, como já fazemos em nosso dia a dia clínico. Hoje, buscamos humanizar
ao máximo nosso atendimento e olhar com carinho e respeito. Muito diferente do
que se parece, as pessoas trans estão dispostas a esclarecer e ajudar em suas
particularidades, mas sempre dentro de um limite”.
Sem julgamentos
A cirurgiã-dentista Dra. Bruna Luiza
Roim Varotto, assistente da Equipe Odontológica do Instituto de Psiquiatria –
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(HCFMUSP), reforça que não fazer julgamentos e ter um interesse real em
melhorar a saúde das pessoas é fundamental. “A parte técnica, conhecimentos
sobre medicações, isso também é importante, mas o acolhimento e uma postura que
respeite o paciente fazem a diferença”.
Outro diferencial, segundo ela, é manter
contato próximo com a equipe que acompanha o paciente. “Verificar se existe
acompanhamento psicológico, com psiquiatra ou até mesmo com endocrinologista,
no caso dos pacientes transexuais, é importante. Tanto pacientes quanto
profissionais se beneficiam dessa abordagem interdisciplinar”.
Anamnese é fundamental
É preciso, também, além do acolhimento
na consulta odontológica, que a anamnese - histórico médico do paciente – seja
minunciosamente revisada, para que quem faz tratamentos hormonais não precise
interromper o processo clínico odontológico, evitando, assim, possíveis doenças
bucais como aumento do risco de inflamações gengivais e as desmineralizações
ósseas.
O acompanhamento do profissional é
fundamental, como explica a Dra. Bruna. “Existem diferentes abordagens
endocrinológicas no âmbito de acompanhamento dos pacientes trans. Temos o
bloqueio hormonal, usado em adolescentes entrando na puberdade para evitar o
desenvolvimento de caracteres sexuais secundários, que não coincidem com sua
identidade de gênero. Nesta modalidade, o principal cuidado refere-se ao risco
de desmineralização óssea, algo que é acompanhado de perto pela equipe médica
do paciente. Já na reposição hormonal (com hormônios masculinos e femininos)
existe o risco de sangramento e trombose, mais relacionados ao estrógeno e
dependentes da dose. Ambas as modalidades são seguras e usadas por
endocrinologistas”.
Para manter a saúde bucal adequada, é
essencial que o paciente que faz uso de hormônios, principalmente, realize
checapes odontológicos prévios ao início das medicações hormonais. Essa medida favorece
diagnósticos precoces de condições periodontais e outras doenças da boca e,
também, gera uma oportunidade para reforçar as orientações de higiene bucal,
evitando intercorrências com o uso desta terapia.
Abordagem humanizada
“Consultas preventivas no âmbito da
Odontologia favorecem uma interação saudável entre o cirurgião - dentista e os
pacientes, promovendo uma abordagem mais humanizada. Na verdade, segue-se a
mesma recomendação de prevenção realizada para pacientes em geral”, complementa
Dra. Bruna, que também integra a equipe do Instituto de Psiquiatria do Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
O instituto conta com o Ambulatório
Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual (AMTIGOS), que
acompanha crianças e adultos que apresentam incompatibilidade de gênero. (Conheça)
Nele, o atendimento aos pacientes
LGBTQIA+ proporciona uma experiência abrangente, em que simplesmente questionar
o sexo dos pacientes com uma pergunta fechada e opções de resposta
"feminino" e "masculino" não faz mais sentido. Portanto, os
profissionais mantêm um campo aberto para o paciente se expressar da forma mais
adequada para ele e, assim, se sentir à vontade. A mesma situação ocorre em
relação ao nome de batismo e nome social.
Dra. Ava complementa e reforça que a
maior contribuição que os profissionais de saúde podem fazer pelos pacientes
LGBTQIA+ é humanizar o atendimento. “Mostrar que é gente igual a gente, mostrar
que não tem problema nenhum, que é normal, que é natural, que os problemas são
os mesmos”.
Ava Simões foi a primeira mulher trans,
negra, a vencer um concurso internacional de beleza em 2019, o Miss Trans Star
Internacional.
Sobre o CROSP
O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) é uma autarquia federal dotada de personalidade jurídica e de direito público com a finalidade de fiscalizar e supervisionar a ética profissional em todo o Estado de São Paulo, cabendo-lhe zelar pelo perfeito desempenho ético da Odontologia e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exercem legalmente. Hoje, o CROSP conta com mais de 140 mil profissionais inscritos. Além dos cirurgiões-dentistas, o CROSP detém competência também para fiscalizar o exercício profissional e a conduta ética dos Técnicos em Prótese Dentária, Técnicos em Saúde Bucal, Auxiliares em Saúde Bucal e Auxiliares em Prótese Dentária.
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