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Assédio sonoro: como as caixinhas de som na praia podem prejudicar a audição?

Prática foi proibida nas praias do Rio de Janeiro e especialista em sound branding classifica essa importante questão como saúde pública

Divulgação

Neste exato momento, em algum lugar, existe uma pessoa conectando seu celular a uma caixinha de som para propagar a sua playlist pessoal, sem perceber o que está acontecendo por perto. Mas, esse gesto aparentemente “normal” pode ir além de um momento de descontração ou lazer e gerar consequências mais graves para as pessoas que estão ao redor. Situações como essas podem ser classificadas como “assédio sonoro”, de acordo com a especialista em Sound Branding, Zanna.

Um bom exemplo dessa prática está no uso de aparelhos em volume alto nas praias. Segundo Zanna, essa questão já é classificada como saúde pública já que a poluição sonora provoca estresse e altera os batimentos cardíacos. “O abuso acontece na medida em que nosso espaço sonoro é ocupado por outros, sem que a gente permita. O volume desmedido acima dos limites saudáveis para o corpo, a repetição excessiva de melodias insistentes e informações nas quais não estamos interessados é também uma forma de abuso”, explica a também cantora e CEO da agência Zanna.

Há um mês, a prefeitura do Rio Janeiro emitiu um decreto proibindo a poluição sonora com caixinhas de som nas praias cariocas. A determinação prevê multa de 500 reais e o recolhimento do equipamento, que dividiu opiniões nas redes sociais. A polêmica que explodiu em torno mostra o quanto o assunto é importante. “Algumas vozes se levantaram em protesto, argumentando sobre questões culturais, dizendo que o pessoal dos subúrbios tem hábito de ouvir música alta nas suas caixas e não seria democrático proibir”, avalia Zanna. “Primeiro, não é só o pessoal do subúrbio que usa caixinhas. São todos. E isso cria um caos, uma guerra de frequências, de timbres e ritmos, cujo efeito é saturação, irritação, estresse”, completa a especialista.

Zanna ainda avalia que o reflexo desses sons altos impacta na vida das pessoas que vão à praia para ouvir o barulho do mar, por exemplo. Mas apesar disso, o som também pode acalmar, conforme determinadas situações. “Tudo isso é muito individual. Portanto, sejamos razoáveis, vamos usar fones de ouvido, para não obrigar as pessoas a ouvirem o que queremos”, pontua a cantora.

Na publicidade, Zanna também comenta que o assédio sonoro e o visual, podem acontecer. Exemplo disso, são os jingles repetitivos e até anúncios excessivos pelo Instagram. Muitas marcas, segundo a cantora, abordam sem o consentimento e acabam invadindo o espaço do consumidor. “É muito importante a marca saber bem quem ela é para atrair seu público pela ressonância, pela compatibilidade de interesses e coisas do tipo. Estabelecer relação é sobre comunicar”, aconselha Zanna.

Fundadora da agência que leva o seu nome, Zanna desde cedo canta, toca violão e compõe. Seu primeiro disco solo teve três indicações ao Grammy Latino 2017, incluindo Melhor Álbum de MPB. Entre as faixas mais populares no Spotify estão Vento de Praia Nordeste e Menina de Vento, que fez parte da trilha sonora da novela Orgulho e Paixão (TV Globo). Ela é conhecida por fazer a voz nas linhas do MetrôRio e compôs seu tema musical, presença constante nas playlists das festas de formatura na cidade. A artista também publicou o livro Sound Branding, a Vida Sonora das Marcas onde também apresenta dados científicos sobre o impacto do som.

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