O bullying retorna a sala de aula
*Por Marcos Spagnoli
Os últimos anos trouxeram intensa
mudança para o universo escolar. Salas de aulas híbridas, uso de tecnologias
para facilitar o aprendizado e cuidados com a saúde emocional e psicológica dos
alunos são alguns dos elementos comuns à realidade da maioria das instituições
de ensino em 2022. Entretanto, há temas que continuam a ocupar espaço na agenda
dos educadores. Um deles, é o bullying.
Diversos autores já estão estudando os
impactos da pandemia no comportamento e no desempenho dos alunos. Mas, não é
preciso uma análise muito profunda para perceber que o isolamento afetou, e
muito, crianças e adolescentes de todas as idades, em especial no que tange a
socialização. O apego excessivo aos aparelhos celulares também se mostrou um
agravante após o retorno e a possibilidade de registrar um colega sem
consentimento ou de divulgá-lo sem autorização, tudo com facilidade, tornou-se
uma enorme preocupação da equipe pedagógica. O receio no aumento de casos de
cyberbullying virou uma realidade.
É fácil perceber um aumento em casos de
indisciplina, principalmente no início do ano. Isso já era esperado e o
importante, então, é estar preparado e não negligenciar nenhuma situação do
tipo. Para enfrentarmos alguns destes desafios é preciso muito envolvimento,
trocas com os alunos e ações em conjunto como forma de resolução. O ponto
principal é mostrar que o bullying é algo que afeta o coletivo e, portanto, tem
de ser combatido coletivamente.
Quando é identificado uma situação em
determinada turma ou grupo de estudantes, os encaminhamentos precisam ser
feitos com os envolvidos, mas também com o restante do grupo, mesmo que estes
não estejam relacionados diretamente. Dessa forma, é possível aproveitar
as vivências dos próprios estudantes para elucidar o trabalho de
conscientização que deve ser feito.
Nesse contexto, todos os colaboradores
têm papel importante. O olhar cuidadoso e atento dos docentes continua a ser um
fator diferenciado. Com pequenas intervenções em sala de aula, ou à frente de
projetos interdisciplinares, o vínculo entre professor e aluno continuará a ser
eficaz no combate ao bullying. Se há envolvimento, há, inevitavelmente, maior
respeito entre todos e, com isso, há menos espaço para casos de bullying no dia
a dia.
Outro ponto fundamental no combate a
este tipo de violência é o envolvimento das famílias. Ter um diálogo aberto com
os responsáveis, garantir a transparência das situações que ocorrem e
estabelecer alinhamentos de condutas são primordiais para o sucesso e a
eficácia das ações propostas pela escola.
É possível também combater o bullying de
uma forma mais ampla: criar ambientes acolhedores, nos quais os alunos
sintam-se confortáveis e fomentem uma cultura de respeito à diversidade, ajuda
a construir um senso coletivo de respeito e de não tolerância a este tipo de
violência. Diversas escolas têm incorporado a grade de aulas disciplinas como
Projeto de Vida, que traz em sua proposta ações e reflexões para trabalhar
temas diretamente relacionados ao assunto.
Por esses motivos, se antes da pandemia
o tema já não era fácil de ser vencido, agora, no pós, com as sequelas do
isolamento, pode ser ainda mais difícil. Mas é possível, de fato, minimizar os
episódios e fomentar uma cultura de não tolerância a este tipo de conduta.
Atuar na prevenção e na conscientização, constantemente, é fundamental. Afinal,
educar é sempre o melhor caminho.
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