São Paulo é o estado que mais registrou acidentes elétricos no país
Pernambuco, Rio Grande do Sul e Minas Gerais
foram os estados que ficaram em segundo e terceiro lugar, respectivamente
É no estado de São
Paulo que aconteceu a maior parte dos acidentes envolvendo energia elétrica no
país. Só no ano passado foram 59 casos.
Na sequência, vem
Pernambuco, com 49 ocorrências. E, em terceiro lugar, aparecem Rio Grande do
Sul e Minas Gerais, que empataram com 41 registros. A informação, da Associação
Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), foi
revelada no dia 30 de março durante o lançamento do Anuário Estatístico de
Acidentes de origem elétrica 2022 – ano base 2021, que trouxe dados inéditos de
acidentes envolvendo choque elétrico, incêndios por sobrecarga e descargas
atmosféricas ocorridos no ano passado.
A região Nordeste ficou
no topo da listagem, com 242 acidentes. Pernambuco, em primeiro lugar, com 49
episódios, seguido da Bahia e da Paraíba, com 45 e 31, respectivamente. Por sua
vez, quem ficou em segundo lugar no ranking estadual de acidentes
elétricos foi a região Sudeste, com 129 ocorrências; seguida da Sul, com 110;
Norte, com 107; e Centro-Oeste, com 106.
Na região Norte, o
estado do Pará ficou em primeiro lugar, com 27 acidentes. Na sequência, vem
Amazonas e Rondônia, com 3 e 8, respectivamente.
Os dados de 2021 trazem
uma peculiaridade: os números gerais subiram em relação aos de 2020,
entretanto, os números de fatalidades com choque elétrico, apesar de representarem
a maioria dos acidentes de origem elétrica, diminuíram, “não sendo motivo de
comemoração, mas oferecendo pontos de esperança”, revela Edson Marinho,
presidente da Abracopel, ressaltando a importância do uso de Dispositivo
Diferencial Residual (DR) na instalação – associado à existência de sistema de
aterramento funcional, condutores de proteção elétrica, pontos de tomada que
atendem ao padrão –, que é, em suas palavras, grande aliado na segurança, por
evitar choque elétrico na maioria dos casos. “É fato que a pandemia
intensificou o trabalho em home office e, com isso, a preocupação das pessoas
em adequar a instalação elétrica está se tornando primordial”.
Fábio Amaral, diretor e
engenheiro eletricista da Engerey, alerta que receber uma corrente elétrica no
corpo pode causar sequelas irreversíveis ou até danos fatais em pessoas de
todas as idades. Portanto, segundo ele, quando o assunto é instalação elétrica,
é melhor prevenir do que remediar: “Com a pandemia, e as pessoas ficando mais
tempo em casa, está havendo uma mudança de cultura e a eletricidade não está
sendo um assunto deixado em segundo plano”.
No que diz respeito ao
DR, Amaral explica que se trata de uma solução extremamente útil para
interromper o perigo de choques elétricos, devido à sua capacidade de
identificar e proteger contra fugas de energia em uma instalação elétrica, que
podem provocar acidentes elétricos. “Ao reconhecer qualquer anomalia na rede
elétrica causada por fios desencapados, condutores mal isolados ou quando há
contato com carcaças, o dispositivo desliga o circuito, de forma automática,
evitando, assim, a gravidade do choque elétrico”, garante o especialista.
E a preocupação de
Amaral tem procedência, afinal, depois da rede aérea de distribuição, com 297
casos, a maioria das ocorrências de acidentes elétricos se deu nas residências,
com 190 acontecimentos.
Na prática, esse número
diminuiu quando comparado aos últimos dois anos, mas ainda não há motivo para
comemoração.
De acordo com o estudo,
“as pessoas estão mais conscientes do risco que correm com a eletricidade
dentro de suas residências e, consequentemente, têm melhorado suas instalações.
Por outro lado, com o teletrabalho mais comum, muitos olharam para suas
instalações e, como passariam mais tempo em casa, buscaram a adequação e, com
isso, a renovação de sua instalação, motivada muitas vezes pelo próprio
profissional, que está cada vez mais qualificado”.
Faixa etária
A faixa etária de 31 a
40 anos é a mais propensa a choques elétricos em todos os estados da federação,
independe da profissão, com 215 óbitos de trabalhos não especificados. Chama a
atenção o fato de os estudantes estarem mais sujeitos a acidentes, com 85 casos
e 59 óbitos, se sobressaindo, inclusive, aos operários das fábricas e empresas,
com 77 registros, que resultaram em 52 mortes.
Infelizmente, e
naturalmente, isso se dá porque essa faixa etária é a que mais realiza
manutenções na rede elétrica, bem como nas casas e empresas. O principal motivo
é o desconhecimento e o descaso com o risco que correm, não seguindo normas e
regulamentos. “É muito comum as pessoas acharem que os acidentes nunca vão
acontecer consigo e correm o risco, mas esquecem que, na grande maioria dos
casos, a eletricidade não lhe dá uma segunda chance e, com isso, acabam se
acidentando”, afirma o anuário, aconselhando as pessoas a nunca realizarem
nenhum trabalho envolvendo eletricidade se não tiverem conhecimento sobre o
assunto e, tampouco, sobre os riscos que ela oferece. “Se for um profissional
capacitado e qualificado, é essencial sempre fazer a Análise Preliminar de
Riscos (APR) e elaborar os procedimentos padrão para a realização do serviço de
forma segura”.
Dados gerais
Em todo o ano de 2021,
foram registrados 1.579 acidentes com energia elétrica. Somente os choques
foram responsáveis por 674 óbitos, seguidos pela perda de 46 vidas em incêndios
por sobrecarga de energia (curto-circuito) e 40 mortes por descargas
atmosféricas (raios).
Ao todo, foram 898
acidentes com choque elétrico, uma média de 75 por mês, ou seja: quase três
indivíduos acabam ficando feridos todos os dias, muitos deles em situações
corriqueiras, com baixa tensão.
Eng. mostra DR em quadro elétrico: dispositivo reconhece fuga de energia e desliga o circuito, de forma instantânea, evitando, assim, a gravidade do choque elétrico.
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