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Aumento dos juros: é melhor comprar ou alugar um imóvel?

Especialistas explicam os prós e contras do aluguel e do financiamento de moradias após sucessivas altas da Selic

Aluguel foto criado por yanalya - br.freepik.com

Os aumentos sucessivos das taxas de juros em 2022 têm afetado diretamente quem pensa em financiar um imóvel e conquistar a casa própria.  Isso porque, a alta da Selic exerce direta nas operações de crédito dos bancos, que detêm recursos para o empréstimo às famílias e consequentemente, uma taxa mais alta de juros interfere diretamente no aumento das prestações. Em 15 de junho de 2022, a taxa Selic foi atualizada em 13,25%, a mais alta desde 2017.

Imobiliárias como a SelectImob, em Mauá, região metropolitana de São Paulo, sentem um aumento expressivo na busca por aluguéis desde janeiro de 2022. “As buscas por aluguéis cresceram 50% desde o começo do ano. Para quem tem imóveis para alugar, é um bom momento”, releva Alexandre dos Santos, consultor imobiliário com mais de 12 anos de experiência e sócio da empresa.

Mas, para quem busca um novo lar, qual a melhor opção no momento? Comprar ou financiar um imóvel. Alguns especialistas em economia defendem o aluguel, isso porque se pagaria uma parcela menor, sem acréscimo de juros, e a diferença deve ser investida. “Esse não é o perfil comum das famílias que buscam uma moradia no Brasil. Culturalmente, o brasileiro não foi ensinado a economizar para comprar uma casa própria. Na SelectImob, não é raro receber clientes que chegam para alugar e descobrem que é possível financiar dentro das suas possibilidades financeiras” revela o especialista.

Para quem opta pelo aluguel, enquanto a taxa de juros não melhora, planejamento é a chave. Com a análise das condições, a instrução para quem não tem perfil é evitar dívidas longas, como compra parcelada de automóveis. A renda familiar não pode comprometida em mais 30% em financiamentos imobiliários. A dica é reorganizar a vida financeira, optando pelo aluguel, e se planejar para a aquisição no futuro.

Segundo os especialistas da SelectImob, a decisão de alugar ou comprar deve respeitar sempre as condições dos clientes, identificando seu perfil financeiro e social, com simulações de compra e aluguel. “15% dos clientes descobrem que conseguem financiar, mesmo com a taxa mais alta e preferem. A análise financeira e de vida precisa ser feita antes de tudo”, explica Sabrina Ramos, consultora com mais de 12 anos de experiência e sócia da SelectImob.

Para quem opta pela compra como uma forma de também investir, a análise de perfil indica a melhor instituição financeira para realizar o financiamento. O consultor é o responsável por encontrar a melhor taxa com base na condição financeira do cliente. “A análise verifica o score do cliente que pretende comprar e dependendo da instituição financeira, determina a taxa de juros a ser praticada no contrato. A escolha do melhor banco deve ser feita em conjunto. Bancos estatais costumam ter boas taxas, mas processos mais burocráticos. Instituições privadas tem taxas um pouco maiores, mas aprovações mais rápidas. Tudo vai depender da condição do cliente”, explica Sabrina. Que ressalta: “o contrato só deve ser assinado depois da ciência de todos os trâmites e valores. Indicamos sempre não realizar o negócio se o cliente tiver o mínimo de dúvida. Tudo deve ser muito bem esclarecido, afinal, é um investimento longo e o sonho não pode virar pesadelo”, finaliza.

Queda na avaliação de imóveis

Uma boa novidade para quem opta pelo financiamento é a queda na avaliação de imóveis, tanto em bancos públicos como privados. Uma portaria do Banco Central em junho retirou da Caixa Econômica a tarifa inicial de R$ 750 para a realização das vistorias feitas por engenheiros nas modalidades SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) ou PCVA (Programa Casa Verde e Amarela). “Com essas alterações, o cliente não paga mais a tarifa, e só vai pagar se o imóvel for aceito como garantia na assinatura do contrato”, explica Sabrina.

Olho no planejamento

O planejamento depende muito do perfil do cliente, mas, na maioria das vezes, a instrução é não fazer dívidas longas, financiamentos de automóvel, ou parcelamento longos no cartão de crédito para que a renda não seja comprometida, já que o banco considera que o financiamento não pode ultrapassar 30% da renda do comprador. “Pouca gente sabe, mas estes parcelamentos longos são considerados como parte dos 30%, então o valor da parcela pode diminuir e com isso o financiamento também”, revela Alexandre.

A dica é não deixar de pagar nenhuma conta, e organizar os ganhos sempre pensando no que pode ser pago em dia e no que cabe no bolso, afinal quem tem o nome sujo não financia. “Os bancos consideram muito o Score do cliente, ou seja, seu histórico de compras e pagamentos, por isso é muito importante manter o nome em ordem”, finaliza Sabrina.

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