Como a demanda de microsserviços impacta o mercado e o consumidor
*Por Giovanni Bassi, CSA da Lambda3
Os investimentos em nuvem seguem em crescimento. E este fator pode
trazer oportunidades para negócios em diferentes setores e nichos. Segundo o
Gartner, mais de US$1,3 trilhão em gastos corporativos com TI devem acontecer
em 2022 com a mudança para a nuvem, podendo chegar a US$1,8 trilhão em 2025.
Nesta linha, os microsserviços também ganham espaço para ganhar
mais relevância nas empresas. Este tipo de arquitetura deve se tornar mais
usual nos próximos anos, pois permitirá o aproveitamento de mais recursos da
nuvem, além de uma escalabilidade maior e mais fácil.
Entre os diversos segmentos em que os microsserviços se destacam,
o financeiro pode ser considerado um dos mais comuns. Se forem levados em conta
somente as instituições financeiras tradicionais, aquelas que compõem o bloco
com os cinco maiores bancos do país, o lucro somado no primeiro trimestre foi
de R$27,6 bilhões – com boa parte deste valor adquirido com ofertas e prestação
de serviços.
Imagine, por exemplo, o negócio das
instituições financeiras, que demanda aplicações profundamente integradas entre
si. Faz sentido expor funcionalidades internas como APIs que podem ser chamadas
por outras aplicações, algo que já vemos como tendência desde quando começamos
a falar de SOA (Service Oriented Architecture), há mais de dez anos. A evolução
para microsserviços acontece naturalmente, permitindo que funcionalidades
compartilhadas do negócio evoluam e escalem independentemente, o que é mais
difícil quando temos uma grande aplicação monolítica.
Ao falar sobre as principais vantagens dos microsserviços, é
possível definir que as empresas podem projetar, implementar, controlar e
ajustar cada microsserviço de forma mais conectada ao negócio. Desde a
concepção, onde a funcionalidade é pensada com um fim de negócio em mente, até
na operação final, onde se pode escalar, acompanhar e identificar problemas de
maneira mais granular. Já para o consumidor final, os benefícios se traduzem em
aplicações mais responsivas, rápidas e agradáveis.
É, também, por este motivo que a arquitetura de microsserviços tem
se tornado cada vez mais relevante. Em uma comparação com a aplicação
monolítica, onde todos esses “itens” estariam em um mesmo lugar, a vantagem dos
microsserviços é a possibilidade de fazer com que os containers separem essas
etapas, sem a necessidade de começar um projeto do zero – isso é viável por
conta das funções reutilizáveis.
Modo de operação e impactos
Para utilizar microsserviços é necessário pensar em skill,
disciplina e uma cultura de DevOps. Ao usar o exemplo do e-commerce, é
interessante supor que a plataforma não detecte problemas. Se isso acontecer,
não será necessário parar o sistema inteiro para fazer uma atualização, pois
tudo está descentralizado. Isso reflete não somente nos times que trabalham
para assegurar a qualidade da tecnologia oferecida, mas também no usuário
final, que está prestes a concluir a sua compra. No entanto, o cenário seria
diferente em se tratando de sistemas monolíticos, uma vez que as atualizações e
correções poderiam tirar o sistema do ar. Além disso, sem uma cultura de DevOps
e automatização, realizar esse tipo de procedimento manualmente é praticamente
inviável dentro de um time tradicional de infraestrutura e tecnologia.
Entre os impactos positivos proporcionados pela arquitetura de
microsserviços, estão - além do já citado ganho em escalabilidade -,
performance, modernização, custo, volume e expansão do negócio. Além disso, ela
consegue viabilizar múltiplos times trabalhando no sistema, reduzindo a
dependência de times muito grandes, otimizando as organizações das equipes e do
atendimento do negócio, dando assim, mais liberdade na maneira como as
companhias de tecnologia escalam.
Assim como no mercado financeiro, onde os microsserviços já são realidade,
outros segmentos devem passar a voltar suas atenções a essa arquitetura.
Quando essa realidade se tornar rotina para a competitividade
mercadológica e para a vida do consumidor, é possível que partiremos para um
caminho sem volta nos mais variados setores. Se uma organização visa a atuação
em um universo extremamente competitivo e de crescimento exponencial, é
imprescindível que ela enxergue uma arquitetura de microsserviços como
alternativa viável para o apoio à transformação do seu negócio.
Giovanni Bassi é Chief Software Architect (CSA) da Lambda3
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