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Como o envelhecimento da frota impacta o mercado automotivo brasileiro


Por Marcelo Martini

Nos últimos anos, o Brasil tem registrado constantemente o envelhecimento da frota de veículos. De acordo com o relatório “Frota Circulante”, elaborado pelo Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), a idade média dos automóveis elevou-se em 1 ano e 10 meses, entre 2013 e 2021, alcançando a média de 10 anos e 3 meses. Ainda segundo o estudo, dos 38,2 milhões de automóveis em circulação no Brasil, 23,5% apresentavam idade média de até 5 anos, outros 57,1%, com idade entre 6 e 15 anos e 19,4% apresentaram idade média superior a 16 anos.

De um modo geral, este cenário é um reflexo de uma série de fatores econômicos, como a redução do poder aquisitivo da população e o alto custo de vida no Brasil, cujos impostos e a oneração da cadeia produtiva fazem com que os veículos novos sejam caros e inacessíveis para uma grande parcela da população, aliado a uma alta taxa de juros e restrições de crédito.

O surgimento da pandemia intensificou ainda mais estes obstáculos, com a escassez na cadeia de fornecimento, falta de componentes para a produção de novos veículos, encarecimento de fretes e matérias primas, além da escalada de preços e juros. Tudo isso impacta negativamente na aquisição de veículos zero quilômetro, ou até mesmo, na troca do carro usado por um modelo mais novo. Assim, em cadeia, o envelhecimento da frota se acentua, também, como consequência do contexto pandêmico.

Efeitos do envelhecimento da frota para o segmento de automóveis

Se olharmos para o mercado de reposição de autopeças, podemos dizer que o envelhecimento da frota traz benefícios a curto prazo, uma vez que estes veículos demandam mais cuidados e aumentam a necessidade de manutenção. Entretanto, a longo prazo, faz com que tenhamos os problemas ambientais e de segurança exponenciados.

Isto porque, o envelhecimento da frota tem impacto direto na segurança do consumidor e na preservação do meio ambiente, uma vez que veículos mais antigos, de um modo geral, não contam com o pacote de segurança solicitado pela legislação atual, como airbags, freios ABS, entre outros itens obrigatórios para carros novos. Além disso, carros com idade elevada tendem a apresentar defeitos com maior frequência. Esta é uma situação que pode se agravar ainda mais caso o proprietário não esteja com as revisões e manutenções em dia, o que pode gerar aumento no número de acidentes.

Com relação ao meio ambiente, veículos antigos tendem a consumir mais combustível e, por consequência, aumentam a emissão de poluentes na atmosfera, que se agrava, também, caso a revisão do veículo não esteja em dia, pois faz com que o motor fique desregulado e aumente, ainda mais, esse consumo.

No Brasil temos o Proconve (Programa Nacional de Controle de Emissões Veiculares), que regula somente a emissão de poluentes tóxicos, como monóxido de carbono, material particulado, óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos. No entanto, não há uma regulamentação para o controle de emissões de gases de efeito estufa, como o CO2. Diante disto, este controle só é possível a partir da renovação da frota, visto que automóveis novos emitem menos CO2.

Desta forma, além das questões econômicas necessárias para reduzir a idade da frota de veículos, como as reformas tributária e fiscal, exoneração de alguns impostos, diminuição de taxas de juros e um plano nacional de renovação da frota, é essencial que os proprietários executem a manutenção preventiva dos automóveis dentro dos prazos estipulados para cada modelo e idade, a fim de reduzir os riscos à segurança e ao meio ambiente, e isto inclui a utilização de lubrificantes de qualidade, homologados e aderentes às particularidades de cada veículo.

 

Marcelo Martini é Gerente de Vendas do Aftermarket da FUCHS, maior fabricante independente de lubrificantes e produtos relacionados do mundo.

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