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FAEP incentiva alunos da educação escolar pública e graduação à pesquisa científica

Por meio de parcerias e projetos de capacitação, instituição vem estimulando jovens para a produção e publicação de artigos científicos

 

Em 2021, um levantamento feito pela economista Fernanda De Negri, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revelou dados preocupantes sobre o cenário de pesquisa científica no Brasil: somente em 2020, o país teve o menor investimento em ciência dos últimos 12 anos. Afinal, em tal período, o governo federal investiu R$ 17,2 bilhões ante R$ 19 bilhões em 2009, em valores corrigidos pela inflação.

 

O corte de verbas resultou em problemas como a pane na plataforma Lattes – banco de dados com informações de pesquisadores brasileiros -, que ficou fora do ar por duas semanas em 2021 – além de outras implicações como a perda de competitividade na economia. Outra questão é que, desde 2013, o governo não reajusta os valores da Capes, principal fonte de financiamento de bolsas de pós-graduação no Brasil. Cenário que resulta na fuga de muitos pesquisadores do país. Tudo isso em um momento crucial para a realização de novas pesquisas, em razão do surgimento da pandemia da COVID-19.

 

Todavia, também é preciso nos atentarmos para a importância do processo de formação e preparação de novos pesquisadores, como algo inerente não somente dos cursos de especialização, mestrado e doutorado, como também dos programas de iniciação científica presentes na graduação e, até mesmo, no ensino médio. Ciente disso, Vânia Aparecida da Costa, diretora acadêmica da Faculdade de Educação Paulistana (FAEP), e professora da Escola Técnica Estadual (ETEC) Jaraguá vem incentivando tanto os alunos da escola, quanto da instituição acadêmica em que atua a se aprimorarem no processo de iniciação científica.

 

Um dos exemplos ocorreu com o jovem Ivan Olegário de Matos Júnior, estudante do ensino médio integrado ao técnico em Eletrotécnica da ETEC Jaraguá. Após desenvolver uma apostila autoral sobre as Olimpíadas Científicas no Brasil como parte do seu trabalho de Monitoria, na disciplina de Sociologia da ETEC, Ivan chamou a atenção da professora Vânia, em razão da qualidade do material produzido.

 

A partir de então, a educadora Vânia e o educador Raphael Paulino, professor especialista da ETEC Jaraguá, se dispuseram a orientar Ivan para a construção coletiva de um artigo científico baseado em sua apostila. Com reflexões sobre os sentidos pedagógico e social das olimpíadas científicas brasileiras e sua relevância para o ingresso de alunos no ensino superior, o projeto foi publicado na edição de junho de 2022 da revista acadêmica da FAEP.

 

“Nós nos preocupamos com os alunos da educação básica, oferecendo-lhes  a oportunidade de já se prepararem para a iniciação científica, antes mesmo de entrarem no mundo acadêmico”, afirma Vânia. Ela acrescenta que realizou uma parceria entre a Faculdade e a ETEC Jaraguá a fim de proporcionar aos alunos do ensino médio as experiências teóricas e práticas da pesquisa científica. “Isso é algo crucial, já que muitas pessoas, de modo geral, desconhecem o trabalho do pesquisador, cada vez mais desvalorizado no Brasil”, completa.

 

Além da preocupação com os estudantes da educação básica, a FAEP vem desenvolvendo propostas para incentivar seus próprios alunos à pesquisa. Um exemplo é o lançamento recente do programa de iniciação científica, tecnológica e artística que contempla alunos de todos os períodos dos cursos de graduação da instituição, a fim de proporcionar-lhes a vivência de um ambiente de pesquisa científica e/ou desenvolvimento tecnológico/inovação. “Trata-se de algo importante para capacitar os discentes, a fim de que eles já se preparem para a pesquisa muito antes de realizarem o Trabalho de Conclusão do Curso (TCC)”, diz Vânia.

 

Outra proposta é o projeto voltado para as turmas do módulo de TCC para a publicação de artigos científicos, como ocorreu com alunos dos cursos de Pedagogia. “No decorrer do projeto, nós apresentamos aos educandos os princípios da investigação mais criteriosa da realidade e a relação entre o método científico e as partes desenvolvidas na construção e execução de um projeto de pesquisa”, explica Ana Maria Gentil, professora Mestre da FAEP, que acompanhou e orientou todo o processo, juntamente com a Professora Doutora Rosângela Aparecida dos Reis Machado, coordenadora do curso de Pedagogia da FAEP.

 

Segundo Ana Gentil, o primeiro passo após discussões sobre o trabalho de investigação, com orientações a respeito dos princípios do método científico, foi a construção de um objeto de pesquisa, desencadeado a partir de uma inquietação diante da realidade educacional vivenciada nos estágios ou em experiências diversificadas, ao longo da trajetória escolar pessoal e familiar. O outro desafio dessa trajetória foi o levantamento de hipóteses, que foram traçadas pelos educandos, após conversas e leituras de material escrito.

 

“A reconstrução dessas hipóteses, após o delineamento do problema, foi uma das etapas mais difíceis. As escritas tiveram de ser reformuladas em diferentes momentos da pesquisa. Com as hipóteses provisoriamente organizadas, os alunos traçaram os objetivos e o levantamento da bibliografia. ”Após a realização de entrevistas com fontes que pudessem consolidar ou não suas hipóteses, os participantes iniciaram a estruturação dos artigos, sendo que alguns foram publicados na revista da FAEP.  Todo esse processo também foi descrito em artigo publicado pela professora Ana Maria Gentil na revista da instituição.

 

Tanto o artigo produzido pelo aluno Ivan (Reflexões sobre as olimpíadas científicas no Brasil e o estímulo a aprendizagem dos estudantes) quanto pela professora Ana Maria (Experiência de investigação e registro de pesquisa em Trabalho de Conclusão de Curso) podem ser acompanhados na última edição da revista da FAEP, clicando aqui. Duas produções que refletem a importância do investimento em pesquisa para desenvolvimento do Brasil.

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