França bane palavra “carne” dos produtos plant based. Nelore defende ajustes na lei brasileira para esclarecer os consumidores
O governo da França, um dos maiores mercados de alimentos do mundo, assinou decreto que proíbe o uso de nomes de 'carne' como "bife" e "salsicha" em alimentos proteicos à base de plantas.
A França é o primeiro país da União Europeia a
fazer tal movimento, que se espalha pelo mundo com o objetivo de bem-informar e
não confundir a cabeça dos consumidores.
“Não será possível usar terminologia específica do
setor tradicionalmente associada à carne e peixe para designar produtos que não
pertencem ao mundo animal e que, em essência, não são comparáveis”, diz o
decreto oficial.
A associação francesa da indústria de carnes
(Interbev) divulgou que “este é um primeiro passo em território francês,
pioneira na proteção de seus nomes, que deve ser estendida em nível europeu”.
“Quando esta proibição ocorrerá no Brasil? E até quando os pecuaristas
brasileiros aceitarão passivamente esta propaganda enganosa? Está na hora de
reagirmos. Devemos reivindicar para que seja praticada a verdade. Se plant
based não é carne – aliás, são alimentos super processados, cujos efeitos ainda
não estão claros no organismo –, então não pode ser denominada como carne.
Simples assim”, assinala o cardiologista e pecuarista Nabih Amin El Aouar,
presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), entidade que
reúne os criadores da raça Nelore no país.
Nabih
destaca que o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) realizou, por meio da Portaria nº
327, de 2 de junho de 2021, consulta pública para a tomada de subsídios para a
regulamentação dos produtos processados de origem vegetal. Por iniciativa da
ACNB, a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Carne Bovina, com respaldo do
Prof. Dr. Sérgio Pflanzer (FEA/UNICAMP), elaborou documento, no qual foi
pontuada “a importância da regulamentação do assunto, especialmente visando
impedir a utilização de nomes, definições e argumentações que possam confundir
ou enganar o consumidor”. Destacou ainda a diferença quanto a diversos aspectos
nutricionais dos produtos que se dispõem a ser análogos às proteínas animais,
“além de reafirmar que, por ser produtos muito diferentes, os chamados plant
based não podem receber os mesmos nomes dos produtos de origem animal já
plenamente conhecidos pelos consumidores e regulamentados pelo MAPA”, informa o
presidente da ACNB.
“Assim como o governo da França, está na hora de o governo brasileiro, por meio do MAPA, se posicionar sobre o tema. Nossos objetivos principais são dois: mostrar que plant based não é carne e fornecer a correta informação para os consumidores”, explica Nabih Amin El Aouar.
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