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Prático, durável e saudável, pão industrializado dispara 20% em dois anos

17º Congresso Internacional das Indústrias recebe análises Kantar e Nielsen

08 de julho - O 2º bloco de palestras do 17º Congresso Internacional das Indústrias, que acontece entre os dias 07 e 09 de julho, em Florianópolis (SC), abordou as perspectivas de mercado para o setor de alimentos. O conteúdo foi ministrado por David Fiss, diretor de serviços ao cliente & novos negócios da Kantar WorldPanel e o diretor da Nielsen, Claudio Czarnobai. O evento é promovido pela Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (ABIMAPI) em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e derivados (ABICAB).  

Haja fermento para dar conta de tanto crescimento! Classificado como 'extraordinário' e 'espetacular' por analistas de mercado, a disparada do setor de pães industrializados entre 2019 e 2021 dá todos os sinais de ser um movimento consolidado. A presença do alimento na mesa do brasileiro resistiu à alta da inflação, dos combustíveis, à Guerra na Ucrânia que afetou o trigo e aos impactos no comércio por conta da pandemia. David Fiss, explica que os produtos que atendem a ocasião de consumo mais familiar sofreram menos em 2021, mas especialmente a categoria de pães industrializados foi a que mais cresceu durante a pandemia.

De acordo com Claudio Zanão, presidente-executivo da ABIMAPI, “o pão industrializado é uma opção nutritiva, saborosa e muito prática de alimento, que ocupa um papel cada vez mais importante na vida corrida de hoje. Atentos a isso, os fabricantes estão ampliando sua gama de produtos para focar nas diferentes necessidades das famílias e atender desde os consumidores que buscam saudabilidade até aqueles que se orientam pelo preço e quantidade das porções”, diz.

Em 2019 foram consumidas 541 mil toneladas de pães industrializados no Brasil, no ano seguinte o total subiu para 612 mil toneladas e finalmente em 2021, 648 mil toneladas. Ou seja, uma alta de 19,7% em apenas dois anos. "Se eu comparo os anos, esse salto é bastante coisa. Pouquíssimos mercados na América Latina tiveram esse avanço", conta David.

"Nós seguimos vendo esse movimento, temos um grande destaque na categoria de bisnaguinhas, que atende às famílias com crianças, que cresceu 7% em volume e tem um aumento super expressivo em penetração", diz ele. A presença da categoria se expandiu com a volta às aulas, de 44% dos lares para 48%.

Junto com os pães de forma, a Kantar acompanhou e monitorou o crescimento de outras categorias que subiram na pandemia e estão no mesmo grupo, de café da manhã. É o caso de queijos e presuntos fatiados. Para David, esse momento foi valorizado com as pessoas mais tempo dentro de casa, com crianças ainda fora da escola e a família mais preocupada em ficar junto, além, é claro, do home office. "No Brasil isso não era uma ocasião de consumo tão comum, mas cresceu muito durante a pandemia e permanece", diz.

EFEITO MASTER CHEF

Em setembro de 2014, a TV Bandeirantes inaugurava o reality show que se tornaria o principal programa de culinária do país. Com chefs de cozinha estrelados, o 'Master Chef' reunia aspirantes a cozinhas profissionais com bom humor, suspense e competição. Se apropriando do domínio da cozinha - que pertencia programas femininos das tardes de semana -, o Master Chef levou a culinária ao horário nobre da TV, abrindo as portas para outros do mesmo gênero.

Em 2018, a Netflix faria sucesso com 'The Final Table' e viriam outros como o 'Bolo Perfeito' do Discovery Home & Health, 'Requentados Repaginados', 'Sugar Rush' e 'Campeões do Barbecue'. A própria TV Globo acabou se rendendo e criou o 'Mestre do Sabor', no final de 2019, meses antes da pandemia ser decretada. Bolos, churrasco, pratos quentes e frios, doces e salgados, as competições culinárias ganharam as telas na TV aberta e fechada e acabaram formando uma geração de cozinheiros amadores.

Mas o gosto por cozinhar em casa, num fenômeno que movimentou a indústria de alimentos, encontrou um freio em 2020, quando a pandemia obrigou que cozinhar fosse a regra, como explica o diretor da Nielsen, Claudio Czarnobai: "Quando esse consumidor, na leitura do médio prazo, estava começando a ter esse efeito Master Chef, de querer cozinhar em casa e fazer outras coisas, ele tinha um apelo muito mais de fazer isso quando queria, no jantar legal com os amigos no final de semana. Agora tem um pouco da questão da obrigação, então esse fator específico da pandemia trouxe essa diferença".

David Fiss concorda que ao longo de 2021 e já em 2022, o consumidor acabou buscando soluções mais práticas, como o pão de forma. "O brasileiro, nos primeiros meses de pandemia, cozinhava mais, mas isso não durou muito. Passado esse início, percebeu que a situação era mais crítica, ele voltou a buscar praticidade".

O diretor da Nielsen aponta que a ampliação da variedade de pães industrializados foi decisiva para que a categoria ganhasse espaço no mercado. Outros dois fatores fundamentais foram a disponibilidade dos produtos, com o fechamento das padarias, e o aumento da longevidade, estendendo a data de validade do queridinho das despensas. "Você tem um mix de fatores que fazem com que a categoria seja um destaque tremendo. Se você olhar o pré-pandemia ela já vinha com uma tendência interessante, a pandemia acelerou muito e é um consumo que parece que tem ficado", completa.

Sobre a ABIMAPI:

Uma das maiores associações alimentícias do País, a ABIMAPI representa 114 empresas que detêm cerca de 80% do setor e geram mais de 100 mil empregos diretos. Só no Brasil, responde por um terço do consumo nacional de farinha de trigo. Como interlocutora junto ao governo, à mídia, a pesquisadores e às demais entidades, sua missão é fortalecer e consolidar as categorias de biscoito, macarrão, pão e bolo industrializados nos cenários nacional e internacional. www.abimapi.com.br.

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