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Dia Nacional da Saúde do Adolescente e dos Jovens

CROSP destaca papel dos profissionais da Odontologia na conscientização do público jovem

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Existe um dia especialmente voltado para a saúde dos adolescentes e dos jovens, 22 de setembro. Informações divulgadas recentemente pelo IBGE justificam a ocasião: dados estatísticos apontaram o crescimento do consumo de álcool, da iniciação sexual entre meninas e a diminuição do uso de preservativos.

Tais hábitos são prejudiciais à saúde, inclusive bucal.  Diante disto, o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) destaca o papel da conscientização e prevenção de doenças relacionadas ao público jovem.   


O Cirurgião-Dentista, doutor em Patologia pela Universidade de São Paulo (USP) e especialista em Patologia Bucal pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO), Dr. Fabio Coracin, que também é presidente da Câmara Técnica de Patologia Oral e Maxilofacial do CROSP, destaca que toda ação de conscientização e prevenção de agravos na saúde devem ser feitas pensando em alguns pontos importantes.

Segundo Dr. Coracin, a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que isto seja feito considerando os aspectos de adequação dos serviços de saúde às necessidades específicas de adolescentes e jovens, respeitando as características da atenção local, socioeconômicas e culturais da comunidade, além do perfil epidemiológico da população local. “O mais importante é buscar a participação ativa dos adolescentes e jovens no planejamento, no desenvolvimento, na divulgação e na avaliação das ações”.

O Cirurgião-Dentista explica que as ações voltadas para essa população devem ser pautadas na busca de fatores de resiliência e situações de risco em que a maior dificuldade está em identificar quem são pessoas de referência para eles, quais são os propósitos e sentidos para buscar expectativas a curto, médio e longo prazos. Também vale imaginar que algumas situações, como a falha na identidade de grupo e da comunidade, podem influenciar na dificuldade na adesão dos jovens e adolescentes para os cuidados de saúde. “Vejo como uma grande dificuldade atrair a atenção desse público para um assunto em que seu grupo e sua comunidade de convívio podem ser antagonistas a este propósito”.

 

Adesão dos jovens aos consultórios

Com relação aos tratamentos odontológicos, Dr. Coracin afirma que, assim como em todo o contexto da saúde, tem se observado uma menor procura de cuidados por parte dessa população. “Nos últimos anos, notamos que a maior preocupação do jovem e do adolescente está busca de emprego e colocação profissional, talvez pela necessidade familiar ou pela tendência do círculo de convívio na busca desse propósito. Com relação aos tratamentos odontológicos, temos observado uma dicotomia nessa busca onde, levados pelas famílias (principalmente mães) esta população tem se conscientizado para a realização de exames preventivos”. O especialista ressalta, porém, que existe uma questão de vulnerabilidade na qual, sozinho, este jovem não buscará, ativamente, o cuidado à saúde bucal.

 

Odontologia na prevenção de doenças sexuais

No que diz respeito à redução do uso de preservativos, fato que representa um risco sob diversos aspectos -  gravidez precoce, transmissão de vírus HPV -, Dr. Coracin lembra que os profissionais da Odontologia também podem e devem orientar os jovens. “Como profissionais da saúde, temos a obrigação de conhecer e entender os cenários mundiais do aspecto das doenças e agravos à saúde de toda a população. Atualmente, a população de jovens e adolescentes ocupa um papel importante na sociedade e, com isto, leva consigo os conceitos dos grupos e comunidade. As ações das estratégias da saúde da família e das unidades básicas de saúde buscam ações de adesão dos indivíduos nestas orientações por facilitar o acesso ao cuidado de parceiros sexuais e indicação de tratamento adequado”.

De acordo com o Cirurgião-Dentista, a temática de infecções sexualmente transmissíveis também é uma competência importante para os profissionais da Odontologia, porém, apresenta uma lacuna na formação. “Acredito que os profissionais da Odontologia estão em posição estratégica para discutir sexo oral, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, auxiliar no diagnóstico e no rastreamento juntamente com toda a equipe de saúde”. Dr. Coracin acrescenta que estas posições privilegiadas e oportunas para o aconselhamento, a continuação do treinamento sobre o tema e o desenvolvimento de habilidades de educação em saúde podem ser alternativas para o engajamento dos profissionais de Odontologia na prevenção destes agravos.

 

O papel da conscientização diante dos modismos


Quanto ao álcool, o Cirurgião-Dentista analisa que já é muito conhecido o papel negativo da substância na saúde geral e na saúde bucal, sobretudo do cigarro, que é muito mais conhecido devido às inúmeras campanhas robustas que acontecem pelo Brasil. “Quando falo, no início, das vulnerabilidades e da consciência de grupo, analiso algumas situações vistas como modismos presentes. Atualmente, notamos um grande aumento de práticas ditas recreacionais em que os jovens utilizam cigarro e outras formas de tabagismo e não possuem conhecimento dos malefícios destas práticas no futuro. O cigarro eletrônico chegou como um desses modismos e estamos atentos para as complicações que eles podem trazer”.  

Dr. Coracin vê uma falta de conscientização para esta população das necessidades, a médio e longo prazos, dos cuidados de saúde bucal e, consequentemente, geral.

Tais dispositivos eletrônicos, segundo o especialista, fizeram com que as autoridades em saúde descrevessem uma doença pulmonar associada a estes dispositivos em que o fluido diluente gera uma doença inflamatória pulmonar, podendo causar pneumonia, fibrose do pulmão e até insuficiência respiratória.

Ele explica que, na boca, todas as substâncias tóxicas produzidas e a nicotina têm o potencial de causar as mesmas doenças que o cigarro convencional, como a doença periodontal, halitose, retrações gengivais e até câncer de boca. “O que nos preocupa é o grande aumento e o início precoce de exposição a estes agentes causadores de doenças. Temos que criar ações bastante fortes na conscientização desta população de jovens e adolescentes para que entendam os malefícios desta prática e, também, conscientizar os profissionais da Odontologia, principalmente os formados há menor tempo, que esta população estará nas nossas cadeiras no futuro e devemos conhecer as manifestações destas práticas com o tempo”.

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