Harmonia entre artistas e público marca as 24 horas da Virada Cultural de Belo Horizonte
Evento reuniu cerca de 300 mil pessoas nas mais de 300 atrações
Foto- Alexandre Guzanshe |
A 7ª edição da Virada Cultural, realizada nos dias 3 e 4 de setembro de 2022, reuniu cerca de 300 mil pessoas durante as 24 horas de programação. A estimativa leva em
consideração o público que acompanhou a programação dos palcos, no Parque Municipal, atividades itinerantes e roteiro gastronômico, com base em cruzamento de dados da produção do evento e de diversos órgãos públicos. A população compareceu em massa e circulou pelo hipercentro da capital mineira com bastante segurança. Foi um grande Festival de rua, realizado presencialmente pela Prefeitura de Belo Horizonte, em parceria com o Instituto Periférico, desde o início da pandemia da Covid-19.
A edição fez jus ao tema “É Virada e Misturada, a gente junto é mais feliz”, com a cidade abraçando a proposta do evento e a diversidade da programação. Os mais variados nichos de público conviveram pacificamente e a Virada Cultural foi palco para verdadeiros momentos de comunhão com o hipercentro. De rock e hip hop no Viaduto Santa Tereza, às grandes festas e shows na Praça da Estação e aos encontros em família no Parque Municipal, com presença também de crianças e idosos.
Para garantir maior segurança e conforto para o público, foi ativado no Centro Integrado de Operações de Belo Horizonte (COP-BH), o “Posto de Comando – Virada Cultural 2022”, composto por representantes de instituições das esferas municipal, estadual e federal.
Para o comandante da Guarda Municipal, Rodrigo Sérgio Prates, a Virada Cultural marcou a retomada dos festivais de rua de BH com chave de ouro. “Um evento desse porte, com a adesão maciça da população, ter transcorrido por 24 horas ininterruptas, com o registro de pouquíssimas ocorrências, nenhuma delas sendo de natureza grave, e ainda com a ordem pública da cidade sendo mantida, mostra que a soma de esforços entre as diversas instituições envolvidas obteve um êxito pleno”.
A Guarda Municipal atuou com 230 agentes em cada dia para garantir a segurança do evento, com 23 viaturas, 14 motocicletas e oito bicicletas. A BHTRANS e equipes da Unidade Integrada de Trânsito (UTI) atuaram com 34 servidores, 16 viaturas e dois caminhões. A Subsecretaria de Fiscalização contou com uma equipe de 134 fiscais, 12 veículos e dois caminhões e o SAMU atuou com uma equipe de 10 profissionais e uma ambulância de Suporte Básico (USB).
Com todo esse aparato durante as 24 horas de duração, a Virada Cultural 2022 apresentou um baixo registro de ocorrências. Segundo a Guarda Municipal, ao todo foram apenas 11 ocorrências nas áreas de shows. Houve três ocorrências por agressão física, duas por infração de trânsito, uma por acidente de trânsito, uma por comércio informal, duas por estacionamento irregular e uma por importunação sexual.
Já a Superintendência de Limpeza Urbana disponibilizou 204 agentes para recolhimento do lixo. Foram recolhidas 79 toneladas de resíduos durante a Virada Cultural. A limpeza também incluiu a lavação de 77 vias, além da Praça Sete e Praça da Estação, com o consumo de 370 litros de água, 400 litros de cloro e 480 kg de sabão. Os trabalhos envolveram 192 garis e 45 caminhões. Durante o evento, a SLU disponibilizou 190 contêineres de 240 litros cada, para que a população descartasse seus resíduos. Os serviços foram iniciados na sexta-feira, dia 2, véspera da virada, e terminaram na manhã desta segunda-feira, dia 5.
Para Eliane Parreiras, Secretária Municipal de Cultura, o evento foi um importante marco na retomada das atividades presenciais em Belo Horizonte. “Ficamos imensamente satisfeitos com o resultado da Virada Cultural 2022. A Prefeitura atuou
de maneira integrada com participação engajada de todos os seus setores para garantir a segurança e o conforto do público, que aceitou o nosso convite para ressignificar o espaço público e olhar para a cidade de outra forma. E o resultado não poderia ter sido melhor: convivência harmoniosa e o fruir de muita arte, cultura e gastronomia de Belo Horizonte. Agradecemos a esse público maravilhoso que veio, curtiu e tornou nossa cidade muito mais feliz”, comemora Eliane Parreiras.
Segundo Luciana Féres, presidente da Fundação Municipal de Cultura, o evento cumpriu com sua função de trazer de novo o povo para as ruas. “Foram 24 horas de
muita força e vibração. A cultura mostrou como é possível unir as pessoas em um mesmo objetivo e em harmonia. Acreditamos que também o público se sentiu contemplado e muito feliz em retornar aos nossos grandes eventos e em segurança. A apropriação da cidade pelas pessoas faz com que elas também cuidem mais do espaço público, uma vez que traz a sensação de pertencimento. Isso nos estimula para, cada vez mais, oferecer programação cultural de qualidade para a cidade”, ressalta Luciana Féres.
"Eu costumo falar da equipe técnica que me acompanha nos shows, mas não faria sentido, porque neste evento tem muita gente trabalhando, muita mesmo, pra conseguir colocar de pé essa programação de 24 horas. Então é muito importante a gente valorizar o trabalho de cada um e de todos vocês que vieram aqui hoje. É muito bom estarmos aqui de novo, afinal a gente junto é mais feliz", comentou a cantora Fernanda Takai ao final de sua apresentação.
Foram mais de 300 atrações, envolvendo atividades nas mais diversas manifestações artísticas como cinema, dança, música, teatro, atividades esportivas e gastronomia, entre outras. Foram ocupados espaços como Parque Municipal, Praça da Estação, Viaduto Santa Tereza, Avenida dos Andradas, Rua Guaicurus, Aarão Reis e Praça Sete e Avenida Assis Chateaubriand.
A Virada Cultural é abrangente e, no total, cerca de 3 mil pessoas envolvidas entre artistas, produtores, técnicos, e outros profissionais da cultura e de serviços de apoio. “Além de movimentar a cena cultural da cidade, um evento do porte da Virada Cultural nos permite, ainda, um incremento na cadeia produtiva da cultura. É uma oportunidade de trabalho para profissionais de diversas áreas ligadas ao setor, que movimenta a economia como um todo”, comenta Gabriela Santoro, presidente do Instituto Periférico.
Seguindo a experiência de outros grandes eventos realizados em Belo Horizonte, a Virada foi construída de forma integrada: BHTrans, Guarda Municipal, SLU, Belotur, Secretarias Municipais de Assuntos Institucionais e Comunicação Social, de Política Urbana, de Saúde, de Meio Ambiente, de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania, de Educação, de Esportes e Lazer, de Segurança e Prevenção e Fundação de Parques Municipais, entre outros órgãos públicos.
A Virada Cultural 2022 é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, com parceria cultural do Sesc Minas, da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte – CDL-BH e apoio da Uni-BH.
Toda a programação da Virada Cultural de Belo Horizonte 2022 foi cuidadosamente elaborada para que o público pudesse celebrar a cidade, ressignificar o espaço público e viver intensamente essa grande festa. Arte e cultura estiveram presentes em cada canto, para muito além dos palcos e shows, desde a instalação “Entidades”, do Cura Art, no topo da Estação, aos lambes nas grades do Parque Municipal, e as exposições no percurso do hipercentro.
Grandes momentos
A Virada já começou com tudo, atraindo grande público no início de sábado com shows como Orquesta Atípica de Lhamas, Clara X Sofia e Lamparina. Quem virou pode curtir a madrugada com atrações como Samba da Meia Noite, Masterplano, @absurda e muito mais. Entre os shows, um dos pontos altos foi a apresentação de Renegado com Sandra de Sá no Palco Estação, com direito a homenagem à Elza Soares e entoando com o público clássicos como “Eu quero é botar meu bloco na rua”.
A programação do Dia da Amazônia no Parque Municipal também trouxe shows memoráveis como Nath Rodrigues, Kaê Guajajaras, Kdu dos Anjos, Veronez com Sérgio Pererê. Fernanda Takai garantiu que o encerramento das atrações do espaço
fosse com chave de ouro, embalando o público com repertório aclamado. O clima de Carnaval tomou conta do dia. Diversos blocos já tradicionais da festa popular marcaram presença como Swing Safado, Bloco Fúnebre, Bloco Funk You – que animou a madrugada – Bloco Seu Vizinho, Tutu com Tacacá e até a baianidade dos Baianinhas, grupo mirim do Baianas Ozadas.
O sol e o clima animadores fizeram com que a Praia da Estação fosse ponto de encontro da Virada e atrações fixas como o Futebol de Sabão e Totó Humano garantiram a constante diversão. Quem passou por debaixo do Viaduto também fez questão de balançar nas gangorras brilhantes que fizeram parte da intervenção “Zona de Afeto”, do Grupo Viela.
Em clima de nostalgia, o Mundialito de Rolimã que aconteceu na Av. Assis Chateaubriand reuniu crianças, jovens, adultos e uma galera radical da melhor idade nas clássicas decidas com carrinho de rolimã, onde a velocidade e adrenalina tomaram conta. Nem os pets ficaram de fora da programação, com o Espaço Vira Lata, onde os tutores conferiram dicas de cuidados, alimentação e adestramento, além de feiras de adoção.
As parcerias com outros eventos culturais de Belo Horizonte contribuíram para uma programação de sucesso. “Dia da Amazônia”, “Festival Azeda”, “Festival Sonora”, “BH Stone”, “Festival Fora da Cena”, “Verbo Gentileza + Festival Rolé” e “Festival de Dança de Salão Contemporânea”, em parceria com a Virada Cultural, mostraram que as manifestações artísticas de Belo Horizonte são múltiplas e juntos fazem, de fato, a cidade respirar cultura. A Virada também contou com programação associada de diversos equipamentos culturais.
O Viradão Gastronômico, com curadoria da jornalista Lorena Martins, complementou a programação, com 26 estabelecimentos com pratos especiais para quem curte gastronomia e quis vivenciar a Virada Cultural em todos os sentidos. Os roteiros gastronômicos confirmaram os atributos que deram a Belo Horizonte o título de Cidade Criativa da Gastronomia, concedido pela Unesco.
“Pensei em ser democrático - assim como a programação da Virada Cultural - na diversidade de comida, ter preço justo e enumerei a receita ou prato que mais faz sentido para aquele lugar e para a pessoa que move a cozinha daquele estabelecimento. Percebi que nessa troca, pesquisa e conhecimento com os proprietários desses lugares, encontrei uma possibilidade de resgatar a autoestima de cada um ali, que enxergou a sua própria potencialidade gastronômica em uma simples receita. Criar a sua receita do Viradão, fez com que os comerciantes se sentissem pertencentes à nossa cidade ao integrar a programação de um evento tão importante.”, comentou a curadora.
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