Nova plataforma online avalia políticas de bem-estar animal de empresas de carne suína
Projeto da ONG Sinergia Animal, a plataforma
Porcos em Foco mede o comprometimento de empresas como JBS e BRF com o
bem-estar animal
Publicada pela ONG internacional de
proteção animal Sinergia Animal nesta segunda-feira, 26, a plataforma
online Porcos
em Foco: Monitor da Indústria Suína Brasileira avalia o posicionamento e as
diretrizes sobre bem-estar animal de empresas da indústria de carne suína no
Brasil. Com o objetivo de fornecer maior transparência aos consumidores, a
plataforma apresenta um sistema de avaliação em forma de ranking com nove das
mais significativas empresas do setor no país. São elas: JBS, BRF, Aurora,
Pamplona, Frimesa, Pif Paf, Alegra, Alibem e Master Agroindustrial.
“Por meio da plataforma, os consumidores
podem comparar a pontuação entre diferentes empresas e tomar decisões mais
conscientes sobre o que querem consumir. Além de ser um direito garantido pelo
Código de Defesa do Consumidor, essa transparência já é uma demanda do público.
Segundo estudo
realizado pela World Animal Protection, 82% dos consumidores brasileiros
declararam ter interesse em comprar produtos certificados em bem-estar animal”,
afirma Taís Toledo, gerente de engajamento corporativo da Sinergia Animal. Até
agora, nenhuma das empresas obteve pontuação máxima no ranking.
O intuito da ONG é que as empresas
adotem compromissos transparentes e rastreáveis de bem-estar animal para acabar
com as práticas que resultam em maior sofrimento aos animais.
A tendência livre de gaiolas
Dentre as práticas da indústria sobre as
quais a Sinergia Animal pede melhores diretrizes às empresas e que são usadas
como critérios na Porcos em Foco, estão o banimento do uso de gaiolas de
gestação para porcas grávidas, da mutilação sem gestão da dor, do uso de
antibióticos em animais saudáveis, entre outras.
"Os porcos são animais muito
inteligentes e sociáveis, e essas práticas os submetem a uma vida de sofrimento
e dor. No confinamento extremo imposto pelos sistemas de gaiolas de gestação,
por exemplo, as porcas não conseguem sequer se virar e sofrem uma série de
problemas significativos de bem-estar, incluindo risco elevado de infecções do
trato urinário e ossos enfraquecidos”, diz Toledo. Por conta das controvérsias
acerca da prática, países como Alemanha, Holanda, Reino Unido, Suécia e outros
proíbem ou regulam o uso contínuo de gaiolas de gestação para porcas em suas
cadeias de produção.
“No ano passado, a Comissão da União
Europeia (UE) se comprometeu a aprovar a proibição da criação industrial de
animais em gaiolas até 2027, a medida deverá afetar também a produção
brasileira, já que os produtos exportados para a UE deverão cumprir as novas
normas”, conta Toledo.
Problemas de saúde pública
“Outra prática que pedimos que seja
banida pelas empresas é o uso não terapêutico de antibióticos, ou seja, em
animais que não estão doentes. Na indústria de carne suína, é comum que porcos
recebam antibióticos não para tratar uma doença, mas na tentativa de
preveni-la. Essa prática contribui para o surgimento de bactérias super
resistentes, que podem acabar contaminando os solos, os rios e os alimentos, e
finalmente as pessoas, gerando um problema grave de saúde pública”, explica
Toledo.
Atualmente, segundo
a Organização Mundial da Saúde, bactérias super resistentes matam 700 mil
pessoas a cada ano e podem matar até 10 milhões de pessoas anualmente até 2050.
O Brasil está entre os três maiores
consumidores de antibióticos na produção pecuária mundial, junto com China e
Estados Unidos.
Para saber mais sobre a plataforma
Porcos em Foco, acesse www.sinergiaanimalbrasil.org/porcos-em-foco.
Sobre a Sinergia Animal
A Sinergia Animal é uma organização internacional que trabalha em países do Sul Global para diminuir o sofrimento dos animais na indústria alimentícia e promover uma alimentação mais compassiva. A ONG é reconhecida como uma das mais eficientes do mundo pela renomada instituição Animal Charity Evaluators (ACE).
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