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Existe o Transtorno do Estresse Eleitoral?

Psicanalista Andrea Ladislau afirma que sim devido a vários fatores que não apenas políticos

Nos últimos meses, motivados pelas eleições, muitos brasileiros começaram a apresentar sentimentos atormentadores.

Emoções tensionadas por discussões acaloradas no âmbito familiar, profissional, amizades, relacionamentos íntimos e interpessoais, gerando angústia, medo, tristeza, raiva, insegurança, decepção, entre outros.

Tanto que alguns especialistas em saúde estão classificando os sintomas como: Transtorno do estresse eleitoral. Mas como será que essas manifestações agem em nosso organismo?

Ofensas e agressões povoam as redes sociais e as rodas de debates que deveriam promover um diálogo saudável e democrático em favor da nação.

No entanto, o emocional do ser humano está abalado e a disputa presidencial, infelizmente, está estimulando o confronto entre as pessoas e afetando, principalmente, aqueles que não possuem recursos emocionais e psicológicos para lidar com fatores estressantes e provocativos.

O resultado de tudo isso é o que estamos presenciando: amizades desfeitas, inimizades no ambiente organizacional, sobrecarga de emoções, insegurança com o futuro do país e suas perspectivas e expectativas de vida, calúnias, aumento das fake News.

Enfim, se formos elencar todos os prejuízos a lista vai ser bastante extensa.

A temática da política, assim como da religião e do futebol, sempre foi uma vertente crítica e conflituosa por natureza e, em especial, nessa briga presidencial tem sido o fio condutor para ativar sintomas emocionais que desequilibram e se associam, em alguns casos, a outros transtornos que alimentam a irritabilidade, a angústia, a raiva, alteração de apetite, elevação da ansiedade, dores de cabeça, coração acelerado, problemas estomacais, depressão, potencialização do estresse, dificuldade de concentração, presença da insônia e a sobrecarga exaustiva da mente.

Um conjunto de sintomas emocionais e físicos provocados pelo desconforto dos conflitos, requer um enfrentamento equilibrado do ser humano. Cada vez mais o assunto política e os conflitos relacionados a ele aparece na queixa dentro dos consultórios de saúde mental, mostrando uma piora relevante.

O que fazer diante de uma fragmentação? Defender suas ideias a todo custo ou calar e não expor opiniões para evitar o debate? Como tratar os sentimentos prejudiciais que são provocados por essa situação?

A realidade é complexa, tudo tem vários pontos de vista e fatores influenciando o que nos propomos a entender.

Porém, uma coisa é certa e perceptível: os impactos nas relações e no emocional do indivíduo são absurdos. Questionar, explicar e defender sua opinião, gasta energia e provoca exaustão. Não podemos nos tornar escravos mentais da dor e da insegurança. Faça uma análise de seu comportamento e verifique se não está incorrendo em excessos. Avalie o volume do que tem consumido de informações. Aprenda a ganhar e perder. Poupe os sentimentos e respeitar opiniões.

Autoavalie se temos que estar sempre certos. Mantenha os laços sem criar abismos. Controle a respiração e trabalhe a ansiedade e os níveis de estresse. São dicas preciosas para o momento atual.

Enfim, o denominado Transtorno do Estresse Eleitoral não é uma doença classificada oficialmente nos registros de saúde mental, mas é sem dúvida a manifestação de uma ansiedade generalizada que foca na eleição, mas não é causada apenas por ela.

No entanto, suas consequências são desastrosas para a mente humana. Tudo porque as pessoas entram no processo de acirramento dos ânimos, sem levar em conta os limites, a individualização e o respeito pela opção divergente e a preservação de seu equilíbrio psíquico.

Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista

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