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Programa Viver com Saúde capacita professores e provoca diálogos entre alunos sobre bullying e saúde mental

O programa desenvolvido pela Fundación MAPFRE produziu um livro sobre saúde mental nas escolas, com capítulo específico sobre bullying

Criado como um alerta internacional, o Dia Mundial de Combate ao Bullying, convida a sociedade, todo dia 20 de outubro, para uma reflexão sobre os perigos desse tipo de violência e a importância em combatê-la.

O bullying é praticado principalmente entre crianças e adolescentes e, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), uma em cada três crianças do mundo, entre os 13 e os 15 anos de idade, é vítima de bullying na escola regularmente; no Brasil, segundo pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), 43% das crianças brasileiras são vítimas de bullying infantil, sendo que a metade delas já sofreu com a violência por fatores, como, aparência física, gênero, orientação sexual, etnia ou país de origem.

Com a pandemia da Covid-19, as práticas de bullying migraram de forma expressiva para o ambiente virtual com o cyberbullying. Por isso, também, o tema saúde mental foi levado ao protagonismo dos debates entre educadores e professores, que passaram a perceber as consequências emocionais que vieram na esteira do distanciamento social e do aumento do uso das ferramentas digitais.

A par de todo esse cenário, a Fundación MAPFRE, por meio do programa Viver com Saúde - que capacita professores de escolas públicas a fim de promover desde a infância o equilíbrio entre saúde física e emocional -, lançou, em 2021, o livro “Conversando sobre saúde mental e emocional na escola”. Escrito por Anderson da Silva Rosa e Adriana Fóz, em co-autoria com Alcione Marques, Eduardo Lopes e Luiza Hiromi Tanaka, o livro aborda aspectos da saúde mental na educação, provocando reflexões, atividades e diálogos sobre a importância do tema dentro das escolas, com um capítulo dedicado ao tema bullying e como essa violência afeta a saúde mental.

 

“O bullying, e/ou o cyberbullying, é uma forma de violência e, quando crianças são expostas a qualquer tipo de violência, inevitavelmente haverá consequências negativas para a saúde emocional e mental. A criança vivencia emoções como medo e ansiedade, associados a altos níveis de estresse, prejudicando imensamente a aprendizagem e até mesmo contribuindo para o abandono precoce dos estudos”, afirma Alcione Marques, diretora da NeuroConecte e co-autora do livro Conversando sobre saúde mental e emocional na escola.

 

E se o cyberbullying foi um efeito imediato do novo modo de vida adotado forçadamente na pandemia, as consequências dessa prática de violência podem se apresentar a longo prazo, na vida adulta, com aumento de problemas de conduta, hiperatividade, abuso de substâncias e depressão.

 

Com mais de 250 mil professores e educadores formados pelas oficinas do programa Viver com Saúde, entre 2020 e 2022, ficou ainda mais evidente a importância de tratar do tema bullying com informação qualificada e formação sobre o tema. “O bullying é um tipo específico de violência, com certas características que o diferenciam de conflitos. Se o professor não tem clareza sobre estas diferenças, não é capaz nem de reconhecer os sinais de que um estudante está sendo vítima, ou praticando bullying, nem consegue contribuir para que os estudantes aprendam sobre o fenômeno e suas consequências. Corre-se o risco de minimizar a importância de um certo comportamento, naturalizando-o como algo comum entre os estudantes, ou, ao contrário, de considerar que todo conflito seja bullying, o que também interfere na assertividade da ação que tomará” comenta Anderson Rosa, enfermeiro, professor e Pró-reitor de Assuntos Estudantis da Universidade Federal de São Paulo, e autor do livro Conversando sobre saúde mental e emocional na escola.

 

E se o tema bullying e saúde mental se faz urgente no debate e na formação de professores, ele é central no diálogo e conscientização entre crianças e adolescentes. Desta forma, o programa Viver com Saúde, envolve também esse público com palestras, atividades e rodas de conversas, impactando, entre 2021 e 2022, mais de 10 milhões de estudantes da rede pública de ensino.

 

“Com as crianças e os adolescentes, a percepção das consequências de suas ações é um processo que precisa ser incorporado pela escola na ação pedagógica de maneira intencional, em todos os níveis educacionais. É preciso que as regras sejam pensadas e estejam a serviço da aprendizagem, da boa convivência e do desenvolvimento saudável – e que sejam apresentadas às crianças e adolescentes de forma compatível com cada idade, e que eles possam refletir sobre elas, compreendendo o porquê de existirem e de que maneira estão a serviço do bem comum. As consequências de não cumprir ou quebrar uma regra têm de ser conhecidas previamente por todos e ter um propósito educativo”, lembra Alcione.

 

Ao ser lançado no ambiente familiar, o bullying se torna uma incógnita por pais e responsáveis que nem sempre conseguem perceber se crianças e adolescentes estão sendo vítimas desse tipo de violência. “É comum que a criança não verbalize para os pais ou responsáveis que está sendo vítima por medo de retaliação, por receio de parecer covarde ou dependente dos pais ou ainda, se for socialmente frágil e tiver baixa autoestima, por acreditar que merece as agressões”, alerta Anderson que sugere principais comportamentos que podem sinalizar quando uma criança ou adolescente está sendo vítima de bullying e/ou cyberbullying: 

 

  • Apresenta resistência ou desculpas para não ir à escola
  • Tem queda significativa no desempenho escolar, sem explicação pedagógica
  • Mostra-se triste frequentemente ou chora sem motivo
  • Participa pouco das atividades sociais da escola e com os colegas
  • Tem materiais ou as roupas com que vai à escola deteriorados/estragados
  • Tem hematomas ou outros sinais físicos de agressão
  • Mostra-se agressivo ou muito irritado
  • Tem mudanças de apetite e/ou na qualidade do sono

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