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A diversidade sem a inclusão nas empresas

*Por Tábata Silva, gerente do Empregos.com.br

O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, foi instituído oficialmente em 2011. A data busca trazer uma consciência e relembrar a população sobre o período de escravidão e do racismo persistente até os dias atuais.

Segundo a ONU, os afrodescendentes têm, reconhecidamente em todo o mundo, menos acesso à educação de qualidade, aos serviços de saúde, à moradia e à segurança. A organização reconhece ainda que, apesar dos avanços no combate, o racismo e a discriminação racial continuam a se manifestar em desvantagem e desigualdade.

Aproveitando a alta do tema  diversidade, algumas empresas começam a lançar campanhas de conscientização, ou colocar pessoas negras para fazer publicidade, com o objetivo de parecer engajada com a pauta. Antes de qualquer iniciativa é necessário avaliar se a empresa realmente segue aquilo que está vendendo e falar abertamente sobre as questões de raça e identidade, assim como fazer um diagnóstico da diversidade na empresa e comprometer a liderança. Estas são ações muito mais efetivas para uma organização promover a equidade racial de forma consistente.

Uma pesquisa do Instituto Ethos com as 500 empresas de maior faturamento do Brasil mostra que negros ocupam apenas 6,3% dos cargos de gerência. No nível executivo é ainda mais baixa, apenas 4,7%. Se contrapondo ao fato de que de acordo com o IBGE, 56% do Brasil é negro.

Esses dados mostram uma realidade que é muito ignorada no Brasil, o racismo presente na nossa sociedade. Mostra também que não basta a inclusão nas empresas, é preciso avaliar as vagas oferecidas para a maioria da população e principalmente aumentar a oferta de cargos de liderança.

Não basta a mera representação dessas pessoas para que a empresa contribua  a favor da luta contra o racismo. É necessário um plano para fortalecer as ações de combate ao racismo estrutural e equilibrar a diversidade racial dentro e fora da empresa, por isso é essencial avaliar as estruturas que os impedem de chegar a esses lugares.

A necessidade de reparação histórica à comunidade negra, assim como as vantagens de se ter um time diverso têm sido cada vez mais compreendidas. Desse modo, muitas empresas começam a adotar políticas afirmativas com  objetivo de reduzir a desigualdade racial e o acesso às oportunidades.

No que diz respeito à valorização de profissionais  pretos, é necessário estruturar programas de desenvolvimento para talentos internos, suportando e criando condições de aprimoramento  em todas as etapas.

Exemplo dessa mudança, é  a iniciativa Mover, fundada em novembro de 2020 O Movimento pela Equidade Racial é formado por empresas que assumiram juntas o compromisso de aumentar a participação de profissionais negros; Atualmente,  reúne mais de 40 empresas, entre elas a Ambev, Coca-Cola, Magalu, Nestlé e Vale, e tem a meta de gerar 10 mil novas posições para pessoas negras em cargos de liderança até 2030.

Esse tipo de iniciativa é fundamental para que seja garantido, ao longo de todo o ano, a inclusão dessas pessoas em cargos importantes para a tomada de decisões. Além da questão humana e social, investir na inclusão da diversidade étnico-racial também é uma estratégia de negócios, pois torna a empresa referência ao adotar uma cultura voltada para a pluralidade.

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