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Copa do Mundo pode unir um país dividido por política?

Psicóloga explica que esse pode ser um bom momento para se reconectar com amigos e familiares

São Paulo, novembro de 2022 – Estudo publicado na revista científica The Lancet em 2021 mostrou que a pandemia de Covid-19 causou um aumento de mais de 25% nos casos de depressão e ansiedade no mundo. Os dados mostram que, antes da pandemia, os casos de depressão e ansiedade eram, respectivamente, de 193 milhões e 298 milhões. Agora, a estimativa é de 246 milhões e 374 milhões. Só no Brasil, de acordo com pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde, 11,3% dos brasileiros disseram ter recebido diagnóstico de depressão no último ano.

De acordo com Fabiana Saes, psicóloga e professora de mindfulness, por conta da pandemia, já era esperado um declínio na saúde mental da população e essa posição de estresse continuou durante as eleições.

“Nós tivemos uma ameaça real, um vírus que podia colocar a nossa vida em risco. Quando começamos a retomar as nossas atividades para melhorar também a qualidade de vida, entramos no período de eleição que fez com que as pessoas continuassem a manter essa posição de estresse, raivosa e violenta”, lembrou Fabiana.

A família e os amigos são componentes importantes na saúde mental, por isso, como durante a Copa do Mundo, o Brasil se une com o objetivo de torcer, há uma afinidade e uma proximidade entre as pessoas. Sendo assim, é um bom momento para buscar se reconectar com as pessoas que ficaram distantes nesses últimos anos.

“Nesse um mês de competição vamos ter a oportunidade de nos conectar por uma afinidade até com quem não gosta de futebol, pois acaba sendo contagiante torcer pelo Brasil. Vamos aproveitar esse momento para acessar a nossa humanidade e preservar os laços que são importantes na vida”.

“Uma boa dica para esse momento é entender se há vontade de diálogo das duas partes, pois se o outro não quer ouvir, não há espaço para falar. Aproveite também para fazer o exercício da palavra, ou seja, na hora de um desentendimento soltamos o que vem à cabeça. Percebemos depois que falamos o que não deveríamos e não há problema em pedir desculpa”, finaliza Fabiana.

A psicóloga ressalta ainda que nos dias de hoje com apenas um clique bloqueamos opiniões diferentes das nossas, criando uma bolha. Porém, a vida real não funciona dessa forma. A diversidade entre as pessoas é inevitável, mas é preciso que isso seja saudável.

 

Fabiana Saes: psicóloga pela Universidade Metodista de São Paulo. Cursou Mindful Schools, na Califórnia (EUA). Especialização em Psicologia Hospitalar pela Faculdade de Medicina do ABC. Professora em pós-graduação para psicólogos na disciplina de Mindfulness para crianças e adolescentes. Formação em neuroaprendizagem pelo Instituto de Psiquiatria FMUSP. Ministra cursos para pais, crianças, adolescentes e educadores sobre mindfulness, comunicação não-violenta e educação socioemocional. Instagram: @fabianasaes.psi

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