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Qual o futuro dos pequenos, médios e grandes provedores de internet no Brasil?

Ainda que onda de fusões e aquisições entre eles continue, mas em um grau menor, a tendência é que os valores transacionais praticados na operação chamem a atenção.

A quantidade de fusões e aquisições de Pequenos, Médios e Grandes Provedores de Internet os chamados ISP’s reduziu, significativamente no primeiro semestre de 2023, em relação ao mesmo período do ano anterior (2022). Uma pesquisa da KPMG apontou que esse recuo foi de, aproximadamente, 41%. Diante desse cenário, uma pergunta entra em evidência: quais os motivos para essa queda brusca?

De acordo com o especialista técnico e gerente do setor de engenharia da Fibracem, uma das principais indústrias especializadas no mercado brasileiro de comunicação óptica, Sebastião Rezende, para responder a esse questionamento é preciso voltar um pouco no tempo. Para ele, nos anos de 2020, 2021 (auge da pandemia de Coronavírus) e 2022, ano que se estabeleceu como o início do período pós pandemia, inúmeros fundos de investimento passaram a enxergar o mercado de provedores de internet com bons olhos e uma espécie de ‘porto seguro’ para aplicação de dinheiro.

“Principalmente nesses últimos anos [2020, 2021 e 2022] houve um boom gigantesco nos investimentos em ISP’s por fundos de investimentos, assim como em fusões e aquisições entre as empresas do segmento. Isso aconteceu porque as pessoas tiveram que permanecer mais em suas casas, aumentando o consumo de internet de forma significativa, dando maior importância e relevância a este segmento e o definindo como muito atrativo e seguro”, afirma o especialista.

Mudança na perspectiva do cenário

Ainda segundo o gerente do setor de engenharia da Fibracem, a tendência, em sua visão, é que a probabilidade de novas negociações entre pequenos, médios e grandes provedores continue, porém em uma quantidade inferior. Entretanto, Sebastião acredita que haverá uma mudança na perspectiva do cenário. Para ele, mesmo que o volume de fusões e aquisições de ISP’s reduza, os valores transacionais para essas operações devem ser bastante expressivos.

“A probabilidade é que alguns provedores que já se juntaram nesses últimos três anos, ou até mesmo receberam um aporte financeiro de algum fundo de investimento e que hoje estão consolidados, possam passar novamente pelo processo [o de fusões e aquisições], mas dessa vez envolvendo outras companhias ou fundos considerados ainda maiores, que são as chamadas Operadoras Competitivas. Com isso, a expectativa é que os valores trabalhados para essas novas transações também cresçam, correspondendo de acordo com o tamanho da empresa que eventualmente será comprada”, analisa.

A proximidade com o cliente pode ser primordial para os pequenos provedores regionais

Hoje, as empresas que passaram por esse processo de junção têm mais recursos para investirem em infraestrutura, o que ajuda, de certa forma, a viabilizar a prática de um preço para o cliente final (o assinante) muito mais atrativo, tirando de alguns pequenos provedores, o poder de negociação.

Para o especialista técnico, essa conjuntura levanta um questionamento preocupante: como esses pequenos provedores, aqueles mais regionais e que por algum motivo não aderiram ao processo de fusão ou uma aquisição no passado, podem se manter competitivos no mercado?

“A alternativa para que esses ISP’s se mantenham ativos é estarem em localidades onde o atendimento humanizado ainda é um fator importante e não é incomum que o dono do provedor conheça seus clientes”, finaliza Sebastião.

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