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COP 21: fonte eólica será importante no cumprimento das metas do setor elétrico

Fontes teve forte crescimento na África e América Latina. Brasil deve cumprir metas, mas deve atentar para mudanças climáticas

Pedro Aurélio Teixeira, da Agência CanalEnergia, do Rio de Janeiro, Meio Ambiente 


A fonte eólica deve auxiliar os países a cumprirem as metas estipuladas na COP 21, em Paris. Em debate realizado nesta quarta-feira, 31 de agosto, na sétima edição do Brazil Windpower, que está sendo realizado no Rio de Janeiro, o secretário-geral do Global Wind Energy Council, Steve Sawyer, mostrou que a fonte teve um crescimento inesperado de 22% em 2015, principalmente puxado por resultados de países como China, Estados Unidos e Alemanha. De acordo com ele, houve uma proliferação de mercados na América Latina, Ásia e África e hoje mais de 26 mercados no mundo já tem mais de 1.000 MW e oito tem mais de 10.000 MW.

A fonte eólica foi responsável por aproximadamente 4% do suprimento em 2015 e deve chegar a 8% em 2020, sendo que em 2030 esse percentual deve chegar a até 20%. Em 2050, a fonte deve ser um terço do suprimento, caso os desafios do clima sejam domados. Segundo Sawyer, o avanço tecnológico registrado no setor eólico veio por meio das eólicas offshore, que estão com o seu preço em tendência de queda. Os custos das eólicas vem caindo e ela já é a fonte mais barata para adicionar capacidade em mercados em crescimento, como os da África e América Latina, assim como em algumas regiões dos Estados Unidos e Canadá.

No Brasil, a expectativa é que o cumprimento da meta seja alcançado, embora de acordo com o diretor da Empresa de Pesquisa Energética, Amílcar Guerreiro, as mudanças climáticas podem se transformar em um desafio. Nos últimos anos, houve um grande despacho térmico ocasionado por sucessivas hidrologias ruins. Ainda segundo Guerreiro, o desafio brasileiro também é diferenciado, uma vez que ele não vai ter que aumentar de modo expressivo a inserção de fontes renováveis na nossa matriz energética e sim, mantê-las nas contratações. Ele conta que a temática preço-acesso à energia ainda está presente. "Energia e acessibilidade é o dilema. Temos que fazer a energia chegar a todos e a um custo em que ela possa ser absorvida", explica.

Élbia Gannoum, presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, também acredita que o país vai cumprir as metas da COP 21. Segundo ela, mesmo que se cometam erros, a abundância de fontes renováveis faz com que qualquer revés seja mitigado. Ela conta que muitos países que buscaram o investimento em renováveis o fizeram por perseguir a independência energética em relação a fontes fósseis, enquanto no Brasil, as renováveis eram o recurso que havia naturalmente disponível. A presidente da ABEEólica também relacionou o êxito da fonte eólica a competência dos seus agentes, que souberam desenvolvê-la de modo que ela se tornasse uma das mais baratas.

A relação entre o preço e o tipo de fonte, que expandiu as usinas de carvão mineral, não é mais um empecilho para a adoção de renováveis como a eólica no mundo. Segundo Sawyer, do GWEC, em países como o Brasil, a África do Sul, os Estados Unidos e a China isso já não acontece. Ainda segundo ele, a construção de uma usina a carvão hoje pode significar que ela seja desativada até 2050, uma vez que o setor de energia deverá ter emissão zero nesse ano. "O carvão já não é tão mais barato no mundo", avisa.

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