Ecogerma destaca os próximos capítulos da crise hídrica
O congresso Ecogerma, um dos eventos mais destacados do Brasil na área de Meio Ambiente, Energia e Infraestrutura,
enfatizou na edição de 2016 temas relevantes sobre Gestão de Água e Oportunidades do Acordo de Paris
Foto/Divulgação |
Desde sua primeira edição (2009), o evento, que propõe incentivar o diálogo e promover tecnologias ambientais, segue como uma plataforma de excelência para que empresas do setor, bem como órgãos do governo se aproximem, troquem experiências e fechem parcerias.
Na abertura do evento, Marcelo Lacerda, presidente da Lanxess e coordenador da Comissão de Sustentabilidade da AHK São Paulo, reforçou a longa e profunda parceria entre Brasil e Alemanha em diversos setores, em especial na área de Sustentabilidade, e complementou: “A Alemanha é palco de inovação e exemplo para ser seguido ou adaptado, o que pode resultar em oportunidades de negócios, principalmente no quesito Sustentabilidade”. Este momento contou ainda com a participação do Sr. Uwe Heye, Cônsul Geral Adjunto do Consulado Geral da Alemanha em São Paulo, e de Nelson Pereira dos Reis, diretor titular do Departamento de Meio Ambiente da FIESP e CIESP.
No primeiro painel do congresso, o debate ficou por conta dos cenários da crise hídrica hoje e a realidade do reuso de água em São Paulo. Para Samuel Barrêto, gerente de recursos hídricos da TNC do Brasil, a crise hídrica na Região Metropolitana de São Paulo não chegou ao seu fim e com uma frase resumiu seu posicionamento: “O incêndio foi controlado, mas o fogo não acabou!”. Segundo Barrêto, em momentos de crise é necessário olhar pelo lado da oportunidade, tirando lições da situação. “A ideia é criar uma segurança hídrica e para isso precisamos entender o problema e agir com a mobilização da população, financiamento para proteção, assim como tomar uma atitude em conjunto com governo, instituições e veículos de Comunicação.”
No que diz respeito a Comunicação, Cilene Victor, coordenadora do Centro Interdisciplinar de Pesquisas da Faculdade Cásper Líbero, enfatizou a necessidade da transparência da informação principalmente em assuntos que permeiam uma gestão de crise. “Não resolvemos ainda o problema da água e é um perigo associar as mudanças climáticas à crise hídrica e energética, pois assim coloca-se a culpa só na natureza. É preciso ter transparência e ética para assumir o perigo para solucioná-lo”, complementa Cilene.
O reuso da água em São Paulo foi o tema abordado por Ivanildo Hespanhol, diretor do CIRRA, o qual acredita nas novas tecnologias do reuso como avanço para a questão ‘água’. “Hoje o tratamento da água é por filtração, método de mais de 200 anos atrás. Essa técnica, além de antiga não elimina as impurezas atuais da água, como hormônios e outros componentes nocivos. Com novos métodos de reuso podemos trazer água potável e segura para o abastecimento da população”, destaca Hespanhol.
Nelson Pereira dos Reis, diretor titular do Departamento de Meio Ambiente da Fiesp e Ciesp, fechou o painel focando as lições aprendidas com a crise hídrica: “O importante nesse cenário é que temos tecnologias e equipamentos para melhorar a situação. Por isso, a indústria tem espaço e condições para crescer ainda mais, porém são necessários incentivos”.
Na parte da tarde, o congresso focou as oportunidades do acordo de Paris, desafios para as energias renováveis e inovações para eficiência energética. Antônio Celso de Abreu Junior, sub-secretário de Energias Renováveis do Estado de São Paulo, abordou as políticas públicas para o desenvolvimento do setor, como incentivos econômicos e leis federais. Além disso, comparou nossa matriz energética com o restante do mundo, mostrando como o País investe na área. “É um mercado em ascensão. Hoje em dia, há um movimento gigantesco de recursos e altos valores de investimentos. Com isso, foram gerados, em 2015, mais de oito milhões de empregos, principalmente na área de energia solar fotovoltaica”, afirmou Antônio.
O tema do segundo painel da tarde foram os desafios e as oportunidades das energias renováveis, conduzido pelo diretor presidente da ABCE (Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica), Alexei Macorin Vivan. “O setor elétrico brasileiro já tende aos 45% de energia renovável na matriz energética, como estabelecido no Acordo de Paris. Mas os maiores desafios são a gestão e a administração”.
Carlos Orlando Pereira dos Santos, aluno do European Energy Manager, falou sobre o simulador de viabilidade econômico-financeira para micro geração distribuída fotovoltaica, feito por mais três alunos e com a ajuda de professores. “O objetivo do simulador é apresentar uma ferramenta que permita fazer a análise da viabilidade e do custo/benefício da instalação de energia solar fotovoltaica em casas, empresas e negócios”, explicou.
Linhas de financiamento para projetos sustentáveis foram apresentados por Ana Paula Shuay, superintendente de Negócios da DESENVOLVE SP. A instituição ajuda propostas que minimizam os problemas ambientais e o consumo energético, para que empresas consigam se inovar.
O último palestrante foi Brigadeiro Aprígio Azevedo, diretor de Projetos da FIESP, que comentou sobre o Acordo de Paris e apresentou o Brasil como um protagonista na luta contra o aquecimento global. Segundo ele, o sucesso do tratado se dá ao comprometimento de todos os países participantes. “Nenhum homem é uma ilha. Pertencemos à humanidade. Então, o que não é bom para mim, não é bom para a humanidade. Temos que andar de mãos dadas”, finalizou Azevedo.
Ao final do congresso, aconteceu a cerimônia de entrega do Prêmio von Martius de Sustentabilidade, que prestigia projetos voltados ao desenvolvimento sustentável de diversas áreas.
Nenhum comentário