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IB treinará agricultores familiares no diagnóstico de doenças em produtos cítricos para exportação

Frutos contaminados com pinta preta e cancro cítrico são rechaçados em países da União Europeia 

Com o objetivo de orientar os agricultores familiares na identificação de doenças em limas ácidas e outros cítricos para exportação, o Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, realizará treinamento do Programa de Sanidade em Agricultura Familiar (Prosaf). O evento será realizado em Urupês, interior paulista, em 25 de outubro de 2016, a partir das 9h. Embarques de frutos contaminados com pinta preta e cancro cítrico – foco do treinamento do Prosaf – são rechaçados em países da União Europeia (UE), após detecção em inspeções feitas nos portos de desembarque destes países.

O treinamento visa transferir conhecimentos sobre o diagnóstico de pinta preta e cancro cítrico para os agricultores familiares. A ideia é ensinar aos agricultores como é feito o diagnóstico das doenças e quais medidas podem ser adotadas no Brasil para se evitar a exportação de frutos contaminados, minimizando a detecção de cancro cítrico e pinta preta em futuras exportações à União Europeia.

Em 2015, por exemplo, a UE detectou a presença de cancro cítrico em sete partidas de frutos de lima ácida “Tahiti” provenientes do Brasil. Todas foram rechaçadas no porto de desembarque, ou seja, impedidas de entrar nos países que fazem parte do bloco econômico. “O cancro cítrico e a pinta preta são doenças quarentenárias que nunca foram detectadas em países da UE e, por essa razão, são colocadas muitas restrições à entrada em seu território de frutos cítricos provenientes de áreas afetadas pelas doenças”, afirma Eduardo Feichtenberger, pesquisador da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Sorocaba da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).

O pesquisador explica que a detecção de um único fruto com os sintomas das doenças inviabiliza o desembarque na União Europeia. “Toda a carga de mesma origem deve ser destruída, retornar ao seu país de origem ou ser destinada a países não membros da UE, que permitem a presença de frutos contaminados”, explica.

Pinta preta
A pinta preta é considerada a principal doença fúngica dos citros no Estado de São Paulo, provocando perdas de até 45% de produtividade e na qualidade dos frutos produzidos para o mercado de frutas frescas. A doença causa a queda prematura dos frutos na pré-colheita, que pode ser elevada em pomares muito afetados.

“Com exceção da lima ácida Tahiti, as principais variedades de citros cultivadas no País são afetadas pela pinta preta, incluindo as laranjas doces, as tangerinas, os limões verdadeiros e vários híbridos, como o tangor ‘Murcott’”, explica Feichtenberger.

Durante o Prosaf, serão transferidas aos agricultores familiares informações sobre os sintomas da pinta preta e o seu controle, além das medidas recomendadas para se evitar a exportação de frutos contaminados. O diagnóstico de pinta preta em frutos amostrados em pomares cadastrados para exportação é, atualmente, realizado pela Clínica Fitopatológica do Centro de Citricultura “Sylvio Moreira", do Instituto Agronômico (IAC-APTA), da Secretaria, em Cordeirópolis, interior paulista.

Cancro cítrico
O cancro cítrico é outra importante doença dos citros – causando sintomas em todas as partes da planta, caracterizados por queda de frutos, cancros nas hastes das plantas, além de lesões erumpentes, com crescimento anormal de tecido, lembrando uma “verruga”, e corticosas, em que o tecido fica grosso em ramos, folhas e frutos. “O diagnóstico correto é fundamental para que medidas de controle sejam adotadas. A primeira medida a ser tomada é a análise de plantas com sintomas a olho e nu e em microscópios ópticos. Caso sejam visualizadas células bacterianas, é feito o isolamento em meio de cultura, purificação da bactéria e testes de patogenicidade”, explica Luis Otavio Saggion Beriam, pesquisador do Instituto Biológico (IB) da Secretaria.

De acordo com o pesquisador do IB, é fundamental que o diagnóstico seja efetuado por laboratórios credenciados. “O diagnóstico não deve ser fechado baseado pura e simplesmente nos sintomas apresentados pela planta, pois eles podem ser facilmente confundíveis com aqueles causados por outros agentes fitopatogênicos, incluindo fungos, implicando na adoção de medidas de controle e manejo não adequadas”, explica.

A emissão de laudos oficiais para o diagnóstico de cancro cítrico somente pode ser efetuada por laboratórios credenciados ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O Laboratório de Bacteriologia Vegetal do IB está em fase de implantação da ISO 17025 pelo Inmetro e credenciamento pelo Mapa para a emissão dos laudos. O Centro de Citricultura do Instituto Agronômico foi certificado em 2016.

Prosaf

Lançado em 2009, o Programa de Sanidade em Agricultura Familiar (Prosaf) já auxiliou cerca de dois mil produtores rurais paulistas a melhorarem a sanidade vegetal e animal em suas propriedades. Com ações de curto, médio e longo prazo, os pesquisadores do IB identificam as pragas e doenças que ocorrem nas propriedades e propõem técnicas de manejo para melhorar a produção. Resultado: aumento da renda, melhoria na qualidade dos produtos ofertados aos consumidores, redução do uso de produtos químicos e produção com sustentabilidade.

“O Prosaf é um programa muito importante, pois transfere conhecimento e tecnologia para os pequenos e médios produtores. Uma das orientações do governador Geraldo Alckmin é justamente dar atenção aos produtores familiares”, afirma Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

O programa, coordenado pelo IB, é realizado em parceria com as unidades regionais da APTA, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) da Secretaria, prefeituras municipais, associações de produtores e cooperativas.

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