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App eMude Cidades, o “Facebook do cidadão”, compartilha informações sobre assaltos, transporte público, merenda e até corrupção



Com mais de 168 milhões de smartphones em uso no Brasil, o aparelho se tornou indispensável para pessoas de todas as idades: serve para diversão, troca de mensagens, agenda, previsão do tempo e uma infinidade de outras utilidades, que são ampliadas pelos diversos aplicativos. Sem contar as tão usadas redes sociais, como o Facebook, Instagram, Twitter e WhatsApp.

E agora também têm a função de revelar problemas em áreas críticas da administração pública, como segurança, saúde, transporte e educação. Tudo isso graças ao novo aplicativo eMude Cidades, o “Facebook do cidadão”, que é gratuito e está disponível na Apple Store (IOS) e Play Store (Android).

“O eMude é uma ferramenta que dá voz ao cidadão. É uma plataforma colaborativa na qual as pessoas podem fotografar e relatar problemas do cotidiano, além das mazelas da administração pública com o contribuinte. Estudantes podem denunciar, por exemplo, se falta professor na escola, e relatar se o seu atendimento da unidade de saúde foi bom ou ruim”, afirma a advogada e administradora Laura Ottoni, uma das responsáveis pelo eMude Cidades.



O aplicativo ganha ainda mais utilidade no momento conturbado que o Brasil atravessa, em que falta verba em diversas áreas e o contribuinte é penalizado pelo atendimento precário em vários serviços. Além disso, profissionais de setores como saúde e segurança, que estão sem condições de realizar seu trabalho em razão da crise, podem usar a ferramenta para expor seu ponto de vista.

“O eMude também pode servir de ferramenta bastante útil para os jornalistas e para as redações dos veículos de imprensa, já que muitas denúncias e informações sobre o dia a dia da cidade e das pessoas poderão ser divulgadas em tempo real pelos próprios cidadãos”, pontua Laura Ottoni.

Ela cita como exemplo de uso do aplicativo a mudança ocorrida em determinada rota de ônibus na cidade do Rio de Janeiro, cujo intervalo chegava a uma hora. Uma usuária relatou o problema no eMude e a informação chegou à empresa responsável pelo serviço, que aumentou a disponibilidade após a reclamação.

Na área da segurança, o usuário do eMude pode relatar assaltos, arrastões, furtos e tiroteios, ou ainda dar sugestões e fazer elogios. Na área da saúde, o cidadão pode denunciar filas em hospitais e postos de saúde, falta de remédios e outros materiais e se conseguiu ser atendido. Em transporte público, o passageiro pode relatar ocorrências nos serviços de ônibus, trens, metrô, VLT e barcos. “Mas o usuário também pode dar sugestões para melhorar o atendimento”, diz Laura. “No campo ‘outros’, o cidadão também pode denunciar casos de corrupção envolvendo agentes públicos”, contou.

Em educação, tudo pode ser avaliado pelo estudante e familiares e também por professores, educadores e funcionários de escolas: qualidade da merenda, faltas de professores, violência no colégio e bullying. E há um campo para indicação de como a escola pode ser melhorada.

“Se a merenda não estiver boa, por exemplo, o aluno pode fotografar e postar. A partir daí, fica mais fácil a fiscalização. Aquela informação, como a foto do prato de merenda, sai direto do refeitório para entidades de fiscalização, imprensa, pais de alunos etc”, diz Laura. Em todas as áreas há também espaço exclusivo para relatos dos funcionários públicos.

O eMude já estabeleceu parcerias com associações de amigos de bairro e com outras organizações que exercem o controle social, ou seja, entidades pelas quais os cidadãos participam da gestão pública, na fiscalização, monitoramento e no controle das ações do Estado. “É acompanhar de perto a administração de uma escola, de um hospital, de um posto de saúde, das vias, do transporte, de obras, do fornecimento de merenda escolar, uniformes, medicamentos”, exemplifica Laura Ottoni.

A meta agora é trabalhar junto com o cidadão, ao lado de Ouvidorias, dos Conselhos Regionais de saúde, educação e segurança, escolas, pais e alunos, associações diversas, ONGs, e, sobretudo, conquistar mais usuários, patrocínio e investimentos.



Entrevista com Laura Ottoni:

Como a senhora se envolveu com o aplicativo eMude?

O convite foi feito na ocasião da defesa da minha dissertação de mestrado em Administração Pública pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). Eu dissertei na área de gestão social, abordei o agir comunicativo, plano estratégico da cidade e o Conselho da Cidade. E também porque sempre trabalhei com cidades na área da administração pública. Estive em todas as capitais do país e a trabalho, aliás, não só nas capitais.Talvez por isso o idealizador do aplicativo, Vinícius Pantoja, influenciado pelo Vitor Del Rey, também do eMude que já havia feito um trabalho comigo, tenha feito o convite para que eu me juntasse a eles.

Por que você decidiu se envolver com o eMude?
Decidi me envolver com o eMude por vários motivos. O primeiro: preciso me doar à sociedade, fazer um bem. Segundo porque me atrai essa forma de trabalho, inserir o eMude em diversos meios. O aplicativo é o veículo de uma comunicação voltada para o apontamento de questões que precisam ser observadas para serem discutidas e melhoradas. A sociedade, o aplicativo, os cidadãos, todos nós precisamos de comunicação, Estamos tentando trilhar mais um caminho do bem, um caminho para a melhoria do nosso espaço.”

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