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Dia 11 de abril é o Dia Mundial da Doença de Parkinson

Um por cento das pessoas com mais de 65 anos têm a doença

Dr. André Gustavo Lima
A doença pode afetar qualquer pessoa, independentemente de sexo, raça e cor. A tendência, no entanto, é afetar os mais idosos. A maioria das pessoas tem os primeiros sintomas geralmente a partir dos 50 anos de idade. Mas pode acontecer também nas idades mais jovens, embora seja raro. O diagnóstico da doença de Parkinson é feito por exclusão.

Estima-se cerca de 100 a 200 casos da doença por 100 mil habitantes. Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) 1% da população acima dos 65 anos sobre com o Mal de Parkinson. No Brasil, a estimativa é de que pelo menos 200 mil pessoas tenham essa doença degenerativa do sistema nervoso central.

O Parkinson é uma doença neurológica que causa tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio além de alterações na fala e na escrita. Não é uma doença fatal, nem contagiosa, em casos mais avançados, pode haver comprometimento da memória. Também não há evidências de que seja hereditária. Apesar dos avanços científicos, ainda continua incurável, é progressiva (variável em cada paciente) e a sua causa ainda continua desconhecida até hoje. A doença de Parkinson é devida à degeneração das células situadas numa região do cérebro chamada substância negra.

O diagnóstico da doença é feito por exclusão. Às vezes os médicos recomendam exames como eletroencefalograma, tomografia computadorizada, ressonância magnética, análise do líquido espinhal, etc., para terem a certeza de que o paciente não possui nenhuma outra doença no cérebro. O diagnóstico da doença faz-se baseada na história clínica do doente e no exame neurológico. Não há nenhum teste específico para fazer o diagnóstico da doença de Parkinson, nem para a sua prevenção.

Os principais sintomas consistem em um aumento gradual dos tremores, maior lentidão de movimentos, caminhar arrastando os pés, postura inclinada para a frente.

O tremor típico afeta os dedos ou as mãos, mas pode também afetar o queixo, a cabeça ou os pés. Pode ocorrer num lado ou nos dois, e pode ser mais intenso num lado que no outro. O tremor ocorre quando nenhum movimento está sendo executado, e por isso é chamado de tremor de repouso. Por razões que ainda são desconhecidas, o tremor pode variar durante o dia. Torna-se mais intenso quando a pessoa fica nervosa, mas pode desaparecer quando está completamente descontraída. O tremor é mais notado quando a pessoa segura com as mãos um objeto leve como um jornal. Os tremores desaparecem durante o sono.

A lentidão de movimentos é, talvez, o maior problema para o parkinsoniano, embora esse sintoma não seja notado por outras pessoas. Uma das primeiras coisas que os membros da família notam é que o doente demora mais tempo para fazer as coisas que antes fazia com mais desenvoltura. Banhar-se, vestir-se, cozinhar, preencher cheques. Tudo isso leva cada vez mais tempo. Quando a pessoa fica mais idosa, é comum colocarem a culpa na sua velhice.

É importante lembrar e compreender que atualmente não existe cura para a doença. Porém, ela pode e deve ser tratada, não apenas combatendo os sintomas, como também retardando o seu progresso.

A grande barreira para se curar a doença está na própria genética humana. No cérebro, ao contrário do restante do organismo, as células não se renovam. Por isso, nada há a fazer diante da morte das células produtoras da dopamina na substância negra. A grande arma da medicina para combater o Parkinson são os remédios e cirurgias, além da fisioterapia e a terapia ocupacional. Todas elas combatem apenas os sintomas. A fonoaudiologia também é muito importante para os que têm problemas com a fala e a voz.

Atualmente já está disponível no Brasil o marcapasso cerebral (Deep Brain Stimulation). Ele é muito benéfico, especialmente para reduzir o tremor. O procedimento consiste na implantação de dois eletrodos em regiões estratégicas e decisivas do cérebro que estimula, por corrente contínua, essas regiões, para que ocorra a diminuição de complicações motoras nos pacientes. Mas só uma pequena parcela dos pacientes com Parkinson, cerca de 10%, tem indicação para esse procedimento. Depois de um longo tempo de uso de medicamento, o doente passa a não responder mais aos seus efeitos. Esses pacientes com discinesias e não respostas à medicação fazem parte do perfil indicado à cirurgia.

O DBS não busca a cura da doença, mas sim o controle dos sintomas. O objetivo é obter um efeito similar ao melhor estágio do remédio no paciente, sem os efeitos colaterais da medicação e com uma duração de anos.

Sobre os medicamentos para a doença de Parkinson, existem diversos medicamentos, como a Levadopa, Pramipexol, o adesivo Rotigotina, que pertence à classe dos agonistas dopaminérgicos e age sobre receptores do neurotransmissor dopamina, melhorando o controle dos distúrbios motores da doença. O remédio colocado sobre a pele vai liberando a medicação de forma estável e contínua, no decorrer de 24 horas e evita o esquecimento de tomar o remédio na hora e na dosagem certa.

Dr. André Gustavo Lima - Neurologista, membro da Academia Brasileira de Neurologia, membro do Departamento Cientifico de Doppler Transcraniano da Academia Brasileira de Neurologia, membro do Departamento Cientifico de Acidente Vascular Cerebral da Academia Brasileira de Neurologia, membro Fundador da Associação de Neurologistas do Estado do Rio de Janeiro, membro da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral e Membro da Europe Stroke Organization. Cursou a Especialização em Doença Cerebrovascular no Hospital Santa Maria, em Lisboa – Portugal. Diretor da Clínica NeuroVida.

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