Esmeralda é esperança de conservação de primatas extremamente ameaçados
Drone está sendo desenvolvido especialmente para auxiliar na localização de mais indivíduos da espécie muriqui-do-norte
Muriqui-do-norte (crédito: Theo Anderson)
Uma fêmea de muriqui-do-norte – um dos primatas mais ameaçados de extinção das Américas – é a mais nova esperança para a conservação de sua espécie. Batizada de Esmeralda, ela foi recentemente resgatada em uma área do pequeno distrito de Esmeraldas de Ferros, em Minas Gerais, onde estava isolada, e levada para a Mata do Luna, área no mesmo estado onde se encontra um pequeno grupo de machos da mesma espécie. Os pesquisadores da ONG Muriqui Instituto de Biodiversidade (MIB), com o apoio financeiro da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, esperam que ela seja aceita pelo bando e possa, assim, reproduzir e perpetuar a espécie.
Os muriquis-do-norte ou muriquis-de-minas (Brachyteles hypoxanthus) contam, desde setembro do ano passado, com o Programa de Conservação Muriquis de Minas, idealizado por especialistas da MIB e executado pela Fundação Biodiversitas, também apoiada pela Fundação Grupo Boticário para lutar por sua conservação. Atualmente, a espécie conta com apenas mil indivíduos, que vivem todos no Brasil, sendo que 800 em Minas Gerais. Uma equipe multidisciplinar formada por cientistas, estudantes e educadores trabalha em três vertentes: pesquisa, manejo e educação para proteger a espécie.
Esmeralda é a primeira fêmea que está passando por um processo de translocação nesse programa e, portanto, é também a esperança para gerar filhotes e perpetuar a espécie. “Cada fêmea de muriqui engravida de três em três anos. Mas um fato positivo é que elas podem copular com diversos machos no mesmo período, o que aumenta a possibilidade de sucesso reprodutivo”, explica Fabiano Melo, biólogo, professor e pesquisador responsável pelo Programa.
Equipe responsável pela translocação de Esmeralda (crédito: Alex Cavati)
A novidade desse tipo de ação é a utilização de um drone para localizar os indivíduos, apelidado de “drone-qui”. O aparelho está em fase de final de produção, feito especialmente para aumentar o potencial de localização e monitoramento das populações. “O modelo de busca pelo muriqui com os drones pode ser replicado para outras espécies ameaçadas”, explica Melo. Vários exemplos do uso dessa tecnologia vêm sendo implementados no Brasil e no mundo. No caso deste programa, o diferencial é a identificação dos muriquis usando câmeras termais de alta definição. O drone deve ficar pronto no mês que vem.
Para Emerson Antônio de Oliveira, Coordenador de Ciência e Informação da Fundação Grupo Boticário, apoiar projetos como do muriqui e acompanhar todo o processo é, ao mesmo tempo, motivo de satisfação e de apreensão: “ficamos na expectativa de que dê tudo certo e possamos ter resultados positivos para biodiversidade de nosso país. Esperamos que a comunidade e governo locais possam contribuir com os pesquisadores para que mais Esmeraldas possam ser localizadas e tenham seu espaço respeitado”.
Parceiros
O Programa de Conservação dos Muriquis de Minas está sendo executado pela ONG Muriqui Instituto de Biodiversidade (MIB) com o financiamento da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, apoio institucional das ONGs Fundação Biodiversitas e Preserve Muriqui, Reserva do Ibitipoca, Conservação Internacional, Universidades Federais de Goiás, Regional Jataí (UFG-REJ), Federal de Viçosa (UFV) e Storm Security. Nessa ação de captura também houve apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA-MG), Instituto Estadual de Florestas (IEF-MG), da University of Wisconsin-Madison (UW) e da Universidade de Brasília (UnB).
Sobre a Fundação Grupo Boticário: a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é promover e realizar ações de conservação da natureza. Criada em 1990 por iniciativa do fundador de O Boticário, Miguel Krigsner, a atuação da Fundação Grupo Boticário é nacional e suas ações incluem proteção de áreas naturais, apoio a projetos de outras instituições e disseminação de conhecimento. Desde a sua criação, a Fundação Grupo Boticário já apoiou mais de 1.493 projetos de 493 instituições em todo o Brasil. A instituição mantém duas reservas naturais, a Reserva Natural Salto Morato, na Mata Atlântica; e a Reserva Natural Serra do Tombador, no Cerrado, os dois biomas mais ameaçados do país. Outra iniciativa é um projeto pioneiro de pagamento por serviços ambientais em regiões de manancial, o Oásis. Na internet: www.fundacaogrupoboticario.org.br, www.twitter.com/fund_boticario e www.facebook.com/fundacaogrupoboticario.
Nenhum comentário