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Saiba como estudar as obras literárias solicitadas pela UERJ

A professora de Literatura do Curso Poliedro, Rosana Sol, indica pontos importantes para o candidato ficar atento em cada umas das obras

O período festivo no País passou e, para os candidatos a uma vaga nas mais concorridas faculdades públicas, chegou o momento de se concentrar nos vestibulares e nas particularidades de cada um deles. Quem pretende ingressar na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) deve estar atento às mudanças para o vestibular 2018.

Além dos exames de qualificação passarem a conter questões interdisciplinares, a universidade divulgou uma lista de obras literárias exigidas. “Quem estiver com a intenção de fazer o vestibular da UERJ, deve começar a se preparar desde já, lendo as obras obrigatórias. Alguns vestibulares de outros estados também indicam listas de leituras. Se você não começar a estudá-las desde o início do ano, fica difícil dar conta de todas”, ressalta Rosana Sol, professora de Literatura do Curso Poliedro.

Segundo ela, o candidato pode começar lendo os romances, que exigem mais tempo, deixando os contos e a peça teatral para o final. Mas é preciso ficar atento: a leitura é fundamental e imprescindível para resolver as questões dos vestibulares. Para ajudar os vestibulandos, Rosana Sol elaborou um resumo com pontos importantes das obras solicitadas no vestibular deste ano pela UERJ. Confira:

A Terceira Margem do Rio, de Guimarães Rosa: O autor se preocupou em desenvolver a temática da transcendentalização do homem, a fim de fazer com que sua vida tenha sentido, significado ou razão de ser. De cunho espiritual, Guimarães Rosa escreve esse conto comparando a profundeza do rio com a da alma humana e a necessidade de o homem buscar seu desprendimento físico e material para alcançar a plenitude da alma.

O Espelho, de Guimarães Rosa: Partindo de uma temática já explorada por Machado de Assis em um conto homônimo, apresenta uma situação que constrange muito o personagem: olha-se no espelho e não se reconhece e a imagem de si mesmo que ele vê causa-lhe asco. Insistindo nessa experiência de se encontrar, vai se perdendo cada vez mais, até que, por meio de experiências marcadas por dor e perda, começa a ver a sua essência.

A Hora da Estrela, de Clarice Lispector: O romance em questão é o último a ser publicado em vida pela autora. Estimulada por amigos, ela escreve a obra dando-lhe certo tom de denúncia social, tratando de uma migrante que tenta se adaptar e sobreviver na região sudeste brasileira. Clarice Lispector continua mantendo sua fidelidade estilística, dando grande atenção aos conflitos internos dos personagens e fazendo predominar o caráter introspectivo, peculiar de suas narrativas. É conveniente priorizar as histórias que se entrelaçam no decorrer do romance, ou seja, a de Macabea e a do narrador Rodrigo e a presença da epifania no desenvolvimento do enredo.

Dom Casmurro, de Machado de Assis : Como o romance faz parte do rol das obras-primas de Machado de Assis, é importante o aluno apreender, no decorrer da leitura, características que se tornam peculiares ao autor em seu momento de maturidade literária, a saber: ironia, pessimismo, leitor incluso, metalinguagem, digressão e intertextualidade. É imprescindível saber que o foco narrativo de primeira pessoa é comprometedor, pois restringe a visão da realidade ao ponto de vista do narrador-personagem que, por sua vez, mostra-se inseguro e afetado emocionalmente. O romance questiona a noção de verdade absoluta, sendo considerado uma obra aberta.

Morte e Vida Severina, de João Cabral de Mello Neto: Esse livro é o único do gênero dramático constante na lista de leituras da UERJ e o aluno deve reconhecer as características de estilo que lhe são peculiares por fugir do gênero narrativo, tais como o uso do termo "auto" no subtítulo, o uso de rubricas e da medida velha e a influência vicentina. Quanto à problemática apresentada na obra, espera-se que o estudante perceba que João Cabral ampliou a temática de Graciliano Ramos, em Vidas Secas, para os âmbitos político e social, denunciando que a miséria sertaneja não é oriunda apenas do clima semiárido e que há necessidade de se organizar uma reforma agrária.

Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago: O autor apresenta personagens que ficam cegas, denunciando o ser humano que se torna indiferente a tudo e a todos que estão em seu redor, centrando sua atenção apenas em si mesmo. A sociedade contemporânea é marcada por egoísmo, individualismo e a distância entre os homens se torna cada vez mais recrudescedora. Vão ficando cada vez mais insulados em suas vidas e sempre se movendo em busca de interesses pessoais no afã de se dar melhor. Princípios ético e moral se esvaem pelo ralo, numa sociedade movida pelo materialismo.

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