AI Ops + SRE: inteligência adaptativa a serviço da confiabilidade corporativa
*Por Vera Tavares
O modelo tradicional de operação digital, baseado em alertas e respostas humanas, não acompanha a escala e a complexidade de ecossistemas distribuídos modernos. Arquiteturas baseadas em microsserviços, APIs em múltiplas regiões e workloads elásticos geram métricas em volumes impossíveis de serem processados manualmente. Nesse cenário, AI Ops e SRE não são camadas paralelas, mas disciplinas complementares.
AI Ops: detecção preditiva e sinais fracos
AI Ops aplica algoritmos de aprendizado de máquina sobre métricas, logs e traces para extrair padrões de degradação antecipada. Exemplos práticos incluem:
- Anomaly detection multivariada correlacionando consumo de CPU, throughput de filas e latência de APIs.
- Clustering de logs para identificar assinaturas recorrentes de falhas intermitentes.
- Detecção em tempo real de drift em workloads que escalam dinamicamente.
SRE: governança de confiabilidade em produção
SRE traduz esses insights em mecanismos de confiabilidade operacional:
- Definição de SLIs e SLOs aderentes ao negócio, ancorados em dados objetivos coletados via AI Ops.
- Automação de respostas por meio de circuit breakers, escalonamento automático de pods ou isolamento de zonas de falha.
- Inclusão dos achados em processos de RCA (Root Cause Analysis) e postmortems sem culpabilização, fortalecendo o ciclo de aprendizado.
Ciclo adaptativo e maturidade operacional
A convergência cria um loop adaptativo: cada incidente potencial alimenta novos modelos, e cada modelo melhora a eficácia das respostas. Em organizações mais maduras, esse ciclo permite:
- Redução significativa de MTTR e MTTD,
- Menor taxa de incidentes recorrentes,
- Escalabilidade de operação sem crescimento linear de times.
Amplificação do engenheiro humano
AI Ops não substitui engenheiros: amplifica sua capacidade de observação. SRE garante que essa inteligência não se perca em dashboards, mas se traduza em confiabilidade sistêmica. O resultado é um modelo operacional em que a resiliência não depende apenas de intervenção humana, mas da própria forma como o sistema é desenhado e gerido.
*Vera Tavares é CTO da Verity
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