Palestra sobre crowdfunding mostra a empresários novos modelos de financiamento
Indústrias podem usar a ferramenta do crowdfunding na construção de comunidades e para teste de produtos ou serviços
Diante da forte crise econômica e da pouca oferta de crédito, empresários estão recorrendo a novos modelos de financiamento como forma de obter recursos para expandir seus negócios, investir na criação de produtos ou, até mesmo, para construção de redes. Além de participarem de editais de inovação, agora os industriais estão aprendendo a usar as diversas modalidades de crowdfunding – o financiamento coletivo – para novos negócios.
Especialistas no tema, Felipe Caruso e Téo Benjamin apresentaram nesta terça-feira no auditório da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro os benefícios do crowdfunding não apenas para os novos empreendedores ou startups como também para empresas de todos os portes. “O crowdfunding é uma ferramenta que pode ser usada por empresas de todos os segmentos e portes. Além de ser uma forma de financiar uma ideia ou projeto, a metodologia serve para testar a demanda pelo produto ou serviço a partir da inteligência coletiva e do engajamento em rede, com independência e agilidade no acesso a mercado”, destaca Caruso.
De acordo com Benjamin, o crowdfunding pode ser usado por empresa de qualquer porte, que deseja receber apoio da sociedade. Ele lembra que, atualmente no Brasil, 90% das campanhas de financiamento coletivo são de até R$ 30 mil. O valor, segundo o especialista, pode ser baixo, mas útil para fazer protótipos.
“Mas isso não quer dizer que não possa haver campanhas acima desse valor. Para uma grande empresa não faz tanta diferença esse montante, mas o engajamento gerado e a comunidade que se constrói valem mais que os recursos arrecadados. Para médias e grandes indústrias pode ser interessante no sentido de construção de comunidades”, afirma o especialista, que junto com Caruso, são instrutores da Oficina SENAI de financiamento coletivo.
Projetos voltados para a sustentabilidade
e reaproveitamento de matéria-prima
A oficina oferece consultoria a 14 projetos industriais e de serviços com potencial de crescimento e aplicação junto à sociedade. Segundo Caruso, muitos projetos partem da reciclagem ou reaproveitamento de material que seria descartado ou desperdiçado pela sociedade. Outros apostam na promoção da sustentabilidade.
O empresário Cláudio Patrick, da Clever Pack, apresentou o projeto Clever Caps, que são tampas de garrafas plásticas com duas utilidades: tampa convencional e, posteriormente, vira um bloco de montar, evitando o descarte e acúmulo de lixo.
Já a Zebu Mídias Sustentáveis apresentou o projeto de fabricação de tintas orgânicas para descontaminação de resíduos da indústria. “A ideia é a produção de tinta orgânica com potencial comercial, cuja a matéria-prima venha de resíduos orgânicos raízes de pau-brasil, açafrão, entre outros”, explicou o empresário Pedro Ivo.
Outro projeto com potencial, segundo os especialistas, é o da Zóia Brasil, que desenvolve produtos de design a partir das cápsulas de alumínio usadas de café. O objetivo é promover o aproveitamento total do conteúdo das cápsulas, desenvolvendo um polímero com base na borra de café.
De acordo com Felipe Caruso, o crowdfunding não pode ser entendido como “ganhar um dinheiro fácil pela internet”. Segundo ele, o lançamento de uma campanha de financiamento coletivo apresenta uma série de desafios, onde a construção de confiança junto aos apoiadores é um deles.
“O planejamento é fundamental, assim como estabelecer um preço justo da quantia que se quer arrecadar”, complementa Téo Benjamin.
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