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APTA fomenta produção de azeite de alta qualidade em São Paulo

Grupo Oliva SP busca pesquisar e transferir informações para o sucesso da olivicultura no Estado. Evento discutirá a produção de oliveiras na Capital paulista

A produção, manejo, controle fitossanitário das oliveiras, extração e qualidade do azeite de oliva serão temas abordados durante o V Encontro da Cadeia Produtiva da Olivicultura, que será realizado pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, em 10 e 11 de julho de 2017, em São Paulo, Capital. O encontro integra a Expo Azeite, feira que reunirá expositores de azeite mundiais e de diversas regiões brasileiras. O evento será realizado no Anhembi. Durante a abertura, em 10 de julho, às 9h, serão homenageados 30 produtores brasileiros de azeite. A produção paulista de oliveira e a qualidade dos azeites produzidos no Estado têm aumentado com auxílio do trabalho de pesquisa da APTA junto aos olivicultores.

Além do encontro, a APTA realizará em 11 de julho de 2017 um curso sobre análise sensorial de azeite e em 9 de julho participará de um concurso para avaliar a qualidade dos azeites importados da América Latina e Europa.

O cultivo de oliveira no Estado de São Paulo se iniciou há 10 anos, o que demandou estudos das instituições de pesquisa para auxiliar a cadeia produtiva da olivicultura. O movimento foi amparado pelo Grupo Oliva SP, coordenado pela APTA, que reúne pesquisadores de diversos institutos de pesquisa do Estado, Universidades e instituição do exterior. O grupo desenvolve pesquisas relacionadas à produção das oliveiras, implantação de olivais, manejo da cultura, controle de pragas e doenças, zoneamento agroambiental, colheita, extração e realiza cursos com o objetivo de formar profissionais capacitados a reconhecer a qualidade do azeite.

Atualmente, o Estado de São Paulo conta com 45 produtores de oliveiras, muitos deles orientados direta e indiretamente pelo Oliva SP. Ao todo, são 137.613 pés de oliveira em São Paulo, cultivados em uma área próxima de 500 hectares, em 24 municípios, principalmente São Bento do Sapucaí, Santo Antonio do Pinhal, São Sebastião da Grama e Pedra Bela. O Estado também conta com seis plantas extratoras de azeite, com capacidade de extração de três mil quilos por hora.

Segundo a pesquisadora da APTA que coordena o grupo, Edna Bertoncini, a qualidade dos azeites paulistas é boa e tem melhorado a cada ano. “São azeites obtidos de azeitonas colhidas e extraídas em prazo não superior a seis horas, produtos frescos e com qualidade muito superior à maioria dos azeites importados”, afirma. Os azeites paulistas, juntamente com os mineiros, gaúchos e paranaenses perfizeram nesta safra um volume em torno de 150 mil litros, com qualidade crescente em função das melhorias dos tratos culturais no campo e do domínio das técnicas de extração e conservação do produto.

“A pesquisa paulista tem grande participação nesses resultados em função da presença no Estado de laboratórios equipados com tecnologia de ponta e técnicos e pesquisadores qualificados, que dão suporte às demandas emergentes de pesquisa no cultivo de oliveira. A equipe atende produtores paulistas e dos demais Estados na resolução de problemas decorrentes do cultivo de oliveiras”, explica Edna.

Durante o V Encontro da Cadeia Produtiva da Olivicultura, serão abordadas as ações do Grupo Oliva SP, a produção de azeite em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul e as perspectivas da qualidade para o azeite de oliva no Brasil. Serão temas do evento ainda as pesquisas com Xylella fastidiosa no Brasil, as cigarrinhas como vetor da Xylella fastidiosa em oliveiras, a qualidade dos azeites produzidos no Brasil na safra 2016-2017 e o mercado internacional de azeite de oliva. Também faz parte da programação do evento palestras sobre os insetos e ácaros prejudiciais às oliveiras, os nematoides, ferramentas para o manejo inteligente de pomares, a adulteração de azeite, o índice de maturação da azeitona e a produção de azeites e estudos com as formigas que atacam os olivais. “É uma programação bem rica, com o objetivo de transferir conhecimentos e tecnologias para os produtores de oliveira”, afirma Edna.

Formigas cortadeiras
As formigas cortadeiras são um grande problema para as oliveiras. Se o agricultor não fizer o manejo adequado, pode ter sua plantação dizimada. O assunto tem sido pesquisado por Ana Eugênia de Carvalho Campos, pesquisadora do Instituto Biológico (IB-APTA), que integra o Grupo Oliva SP.

De acordo com Ana Eugênia, a recomendação é realizar o manejo das formigas antes mesmo da implantação do pomar de oliveiras. “É possível fazer o manejo utilizando produtos químicos ou usar algumas soluções alternativas em pomares orgânicos", explica. “Estamos acompanhando os produtores para saber quais produtos eles têm utilizado e se eles possuem registro. Já recebemos casos de produtores que implantaram dois mil pés de oliveiras e tiveram 60% de suas plantas perdidas, por conta das formigas cortadeiras”, afirma.

Existem no Brasil dez espécies de formigas saúva e 20 espécies de quenquém. De acordo com Ana Eugênia, em São Paulo e Minas Gerais, é possível que ocorra duas a três espécies da saúva e oito das quenquéns nos olivais. “É importante saber qual espécie é de formiga cortadeira, porque o manejo muda um pouco dependendo da espécie. Vamos rastrear alguns pomares de São Paulo, plantados em diferentes altitudes para fazer esta identificação”, explica. Além disso, o Instituto Biológico trabalha na identificação de cultivares de oliveiras que podem ser menos atacadas pelas formigas.

O IB também tem estudado as consequências da ocorrência das formigas cortadeiras nas oliveiras. “Percebemos que quando cortada, a oliveira brota de forma diferente, com folhas menores e um aglomerado de folhas no mesmo broto, muito diferente do que ocorre em oliveiras que não foram atacadas pelas formigas. Estamos acompanhando quais os outros efeitos e se a planta produz o mesmo do que as que não foram cortadas pelos insetos”, explica. A pesquisa se iniciou há dois anos.

Grupo Oliva SP

As pesquisas em oleicultura iniciaram-se em São Paulo devido à demanda de informações de novos produtores de oliveiras. A APTA criou, em 2011, o projeto Oliva SP, para pesquisar e fomentar o cultivo de oliveiras em condições paulistas. O projeto conta com 24 pesquisadores da APTA Regional, Instituto Agronômico (IAC-APTA), Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL-APTA) e IB-APTA. São parceiros do grupo a Empresa de Pesquisa de Minas Gerais (Epamig), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Clima Temperado), Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assolive) e Agenzia Servizi Settore Agroalimentare delle Marche (Assam).

De acordo com Edna, a produção de oliveiras no Estado de São Paulo se limita a áreas com altitude superior a 900 metros e o sul do Estado. Nas zonas tropicais e subtropicais, como o Brasil, os limitantes para a produção de oliveiras são as altas temperaturas na época de florescimento, presença de temperaturas baixas decorrentes de frentes frias que proporcionam florescimento e frutificação desuniformes, clima inconstante e chuvas e ventos fortes em épocas indesejáveis, como no início do florescimento e nas épocas de maturação do fruto e colheita.

“A APTA trabalha com diversos produtos e desenvolve tecnologias que podem ser usadas para pequenos, médios e grandes produtores rurais, uma recomendação do governador Geraldo Alckmin. O Grupo Oliva SP auxilia no desenvolvimento de toda a cadeia produtiva e é fundamental para a diversidade do agronegócio paulista”, afirma Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

No Brasil, são cultivados cerca de quatro mil hectares de oliveiras e o plantio está em constante expansão. A maioria dos azeites consumidos no Brasil é importada. Em 2016, o Brasil importou cerca de 70 mil toneladas de azeites de oliva e 114 mil toneladas de azeitonas em conserva, de acordo com o Conselho Oleícola Internacional, constituindo-se o segundo País importador, atrás apenas dos Estados Unidos, que importou 300 mil toneladas de azeites no mesmo período.

O aumento crescente na importação de azeites pelo Brasil foi freado no ano de 2015, que apresentou uma queda de 7,9% nos valores de importação, em virtude do agravamento da crise econômica brasileira e desaquecimento do consumo. Essa queda na importação foi estabilizada em 2016, e para o ano de 2017, os números indicam a recuperação do volume importado.

V Encontro da Cadeia Produtiva da Olivicultura e Expo Azeite

Data: 10 e 11 de julho de 2017
Horário: A partir das 9h no dia 10 e às 10h no dia 11
Local: Anhembi – São Paulo – SP

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