A inesgotável energia elétrica?
Rodrigo Lagreca, CEO e fundador da Energia das
Coisas e membro da ABINC Divulgação |
Usualmente recorremos à História como exemplo de como podemos tomar melhores decisões e evitar cair em ciladas que nossos antepassados já incorreram. Um exemplo que me ocorre é aquele considerado o grande erro cometido pelo conquistador Alexandre, o Grande; sabendo dos perigos que o deserto da Gedrósia representava, e mesmo assim decidiu atravessá-lo com seu exército. Segundo versões, essa ousadia o teria custado 3/4 de suas forças, muito mais do que já perdera nas muitas batalhas que travou na sua curta vida.
Trazendo o caso para nosso contexto, somos levados a crer que o nosso "deserto da Gedrósia" seja a pandemia. Talvez, mas não só. Vivemos também aquela que já é considerada a maior crise hidrológica e energética que o país já passou desde 2001. No momento em que o país ensaiava recompor seus cacos em meio a uma crise sanitária sem precedentes, voltamos a ser assombrados por um fantasma que muitos acreditam não deveríamos passar, já que somos o país que ostenta um dos maiores parques de geração hidrelétrica do mundo. Há quem diga também que justamente essa invejável capacidade de produzir tanta energia usando a força das águas acabou reforçando o mau hábito - e falsa crença - de que a energia é infindável e não é necessário preservá-la.
Então, não apenas teremos que enfrentar uma iminente escassez de energia, como também teremos que exorcizar de vez a crença que a energia é inesgotável e disponível infinitamente a um toque no interruptor. Estabelecer novos padrões de gerir e perceber o consumo de energia é algo que já está no topo da agenda das empresas e do país como um todo.
Para fazer isso acontecer, temos um aliado imprescindível: a tecnologia. Novas e variadas tecnologias, baseadas em internet das coisas e inteligência no tratamento de dados podem transformar radicalmente a forma como a energia é percebida nas empresas e na sociedade. Imagine poder acompanhar em tempo real seu consumo, ter projeções de fechamento de contas mensais, antever necessidades de paradas de equipamentos e maquinários, automatizar funcionamento de sistemas e aparelhos, poder projetar novas e variadas formas de gerar ganhos e direcionar investimentos.
Essas possibilidades, há pouco tempo tidas como um futuro intangível, já são realidade, e chegaram em um momento que não poderia ser mais providencial. As tecnologias desfarão o último mito da energia: a invisibilidade. A partir de agora, ela poderá ser visualizada, rastreada e controlada. É necessário que reinventemos nossos próprios conceitos e crenças não só sobre energia, mas sobre a água também.
As contas de energia irão aumentar, e junto os custos das empresas, nossa competitividade será ameaçada. Há caminhos para mitigar esses riscos e quem primeiro se movimentar, terá vantagem nessa disputa. A hora é agora, quem quer ficar de fora?
*Rodrigo Lagreca, CEO e fundador da Energia das Coisas e membro da ABINC
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