Últimas

Com a pandemia, expectativas de ganhos com Jogos Olímpicos são frustradas no Japão

 País investiu 11 bilhões de euros na organização do evento, mas não terá retorno no curto prazo, diz professor da ESPM

São Paulo, 23 de julho de 2021 - Tóquio abriu hoje as Olimpíadas pela segunda vez em sua história. Diferentemente de 1964, quando o Japão sediou as competições com crescimento acelerado na economia, agora o país  enfrenta um cenário de estagnação há três décadas. Os Jogos, cuja organização consumiu investimentos de 11 bilhões de euros, eram a esperança para um impulso para a economia japonesa. “Havia uma alta expectativa de que a economia fosse crescer com o aumento do turismo e com uma renovação na imagem do país. Com o adiamento das Olímpiadas no ano passado e o avanço da covid-19, essas expectativas foram frustradas. Os altos investimentos ficarão sem retorno no curto prazo. A esperança é que as melhorias implementadas beneficiem o turismo após o fim da pandemia”, diz Alexandre Uehara, coordenador do Núcleo de Estudos e Negócios Asiáticos da ESPM. 

Para Uehara, essa frustração com o adiamento das Olimpíadas se tornou ainda mais negativa com a condução da política de saúde pública pelo governo local. “O governo japonês não se comunicou bem com a população durante a pandemia. O Japão é o país com maior proporção de idosos no mundo: são 30% da população. Essa parcela vulnerável não foi tratada como prioridade no discurso, que destacava mais a importância das Olimpíadas do que a contenção da pandemia para os grupos mais frágeis. A vacinação teve um cronograma mais lento do que o esperado e isso não foi bem visto”, diz.

Com esse cenário, cresceu a oposição de parte importante dos japoneses aos Jogos, o que provocou a redução de exposição de patrocinadores locais como a Toyota e a Panasonic. “Agora, a torcida dos organizadores é que não haja um surto de covid durante as Olimpíadas. Isso traria prejuízos ainda maiores para a organização e para o governo japonês”, afirma.

Nenhum comentário